quarta-feira, outubro 15, 2014

O esporte é o caminho mais fácil para transformar uma nulidade em celebridade... alguns em políticos.

Como o esporte constrói um deputado


Por José Cruz

Nos últimos dois anos, a Secretaria de Esporte do Distrito Federal turbinou – no bom sentido, claro – a campanha eleitoral do secretário Júlio César Ribeiro (PRB) à Câmara Legislativa. 

Com 29 mil votos, ele foi consagrado nas urnas em primeiro lugar para deputado distrital.

Júlio, vindo de São Paulo, o advogado Júlio César (foto) está há apenas dois anos em Brasília. 

Chegou indicado pela Igreja Universal para ser secretário de Esporte e garantir apoio dos fiéis e da bancada evangélica ao governador Agnelo Queiroz, que não se reelegeu.

Promessa

“Vim para tornar o esporte de Brasília referência nacional”, afirmou o secretário. 

E disse isso como se na cidade não tivesse gente capaz para tanto. 

Porém, seu desempenho na Secretaria mostrou como cargos públicos se transformam em trampolim para desconhecidos chegarem à política e ali se perpetuarem.

Além do apoio evangélico, boa parte dos votos de Júlio César veio do programa “Compete Brasília”, que doa passagens para atletas da cidade. 

As 300 passagens liberadas em 2011 saltaram para 2.500 em 2013. 

Na prática, o programa “Compete Brasília” é uma forma de usar o dinheiro público para conquistar o atleta desprotegido, fora de um contexto maior de política de esporte de longo prazo. 

O que fazem não é “incentivo”, mas garantia de voto disfarçado de esmola. 

Está clara a pobreza do nosso esporte, propícia para a ação de oportunistas e “criativos” gestores. 

Aleluia!

Júlio César também contou com o apoio de quem trabalha nas “Vilas Olímpicas”, centros desportivos comunitários, 11 em toda capital da República. 

Mas o governo local nunca realizou concurso público para profissionais de vários segmentos, como a educação física, manutenção, técnicos desportivos, por exemplo. 

Quem está ganhando com contratos para prestações de serviços? 

É outra história.

O que se sabe é que as Vilas Olímpicas se tornaram cabides de empregos para eleitores em potencial.

E assim é Brasil afora, onde governos e prefeituras usam o bem público para ancorar seus objetivos políticos. 

Suspeitos objetivos políticos.

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