quinta-feira, novembro 26, 2015

América de Minas Gerais usa bem a Lei de Incentivo ao Esporte, mas é preciso fiscalizar...

América-MG retorna à Série A com apoio de verba pública da Lei de Incentivo

Por José Cruz

O América-MG contou com R$ 12 milhões de dinheiro público, através da Lei de Incentivo ao Esporte, para formar jogadores e voltar à Série A do Campeonato Brasileiro

Entre 2007 e 2014, o clube mineiro aprovou projetos no Ministério do Esporte, via Lei de Incentivo, num total de R$ 23 milhões, para investimento nas categorias de base. Desse total, captou R$ 12 milhões. Celulose Nipo Brasileira e Cemig estão entre os principais doadores aos projetos.

Outros três clubes mineiros também utilizam da Lei de Incentivo ao Esporte para aplicar em projetos de iniciação no futebol, conforme quadro a seguir:

CLUBE               APROVADO R$     CAPTADO R$
América FC        23.000.000,00        12.000.000,00
Cruzeiro EC       12.695.000,00          4.928.000,00
Ipatinga FC          3.598.000,00            557.000,00
Uberlândia EC     8.654.000,00          4.430.000,00

TOTAL   47.947.000,00    21.915.000,00

Valorização

Em sua página na internet, o América-MG destaca a valorização das categorias de base, justamente as que receberam verba federal, em projetos específicos, revelando talentos como o atacante Richarlison.

“No início da Série B, o Coelho era apontado como um dos concorrentes ao acesso com o elemento mais modesto. Para se manter firme na disputa por vaga na Série A, a diretoria buscou em casa as peças que faltavam para completar o elenco. Foram 16 jogadores promovidos das categorias de base durante a disputa da Série B. Os desfalques durante a trajetória no campeonato também obrigaram o técnico Givanildo Oliveira a lançar alguns jogadores da base. E os jovens corresponderam dentro de campo”.

Projetos

Esses “jogadores da base” foram formados em projetos registrados na Lei de Incentivo, como o “Excelência na Formação de Atletas”, “A Base para a Formação Esportiva”, “Futebol de Base do América F.C III”, entre outros.

Encaminhei ao senhor Alexandre Arantes, gerente de Planejamento e Projetos do América-MG, os seguintes questionamentos sobre o assunto, que até agora não foram respondidos:

Quantos jovens são atendidos anualmente, e em que faixa etária?

Que tipo de apoio o clube oferece? Há peneiras para a seleção dos jovens?

Dos garotos que já passaram pelos projetos, quantos conseguiram chegar ao nível profissional?

Todos foram aproveitados pelo clube?

Dinheiro público para o futebol profissional?

A Lei de Incentivo ao Esporte permite essa esdrúxula aplicação de imposto de renda devido por pessoas físicas ou jurídicas, apesar da penúria das contas do governo federal.

Mas, oito anos depois de ter sido aprovado, a Lei já deveria ter sido objeto de rigorosa análise do Ministério do Esporte, para evitar que o dinheiro do contribuinte fosse destinado ao financiamento de atividades econômicas rentáveis, como o futebol profissional.

Apesar de registrar em seu site os projetos aprovados no Ministério do Esporte, a direção do América-MG não oferece detalhes sobre o destino dos jovens que atende com verbas da Lei de Incentivo.

Por exemplo, se houve venda de jogadores atendidos pela Lei de Incentivo e quanto foi apurado nessa transação.

O mesmo ocorre com outros clubes brasileiros beneficiados pela verba pública, mas só com transparência total poderá se confirmar ou não se o dinheiro público está financiando negócios da iniciativa privada do futebol.

E o Ministério do Esporte não está nem aí para esse negócio milionário.

Nenhum comentário: