quarta-feira, agosto 24, 2016

Uma mulher levou o Leganés de Madrid para La Liga pela primeira vez em 88 anos de história...

Victoria Pavón, a mulher que levou o Leganés de uma crise a La Liga pela primeira vez

Por: Nathalia Perez

O Leganés desfruta de uma temporada histórica.

Na última segunda-feira, os pepineros fizeram sua estreia em La Liga contra o Celta de Vigo.

Depois de 88 anos de história, o clube madrilenho finalmente pôde conhecer o olimpo do futebol espanhol.

E a primeira das 38 etapas de um processo de sobrevivência não poderia ter sido melhor para a equipe novata no pedaço.

Fora de casa, os estreantes derrotaram o time que terminou o último campeonato nacional em sexto lugar por 1 a 0.

Nada mal para quem chegou agora, não é mesmo?

Mas se há oito anos qualquer torcedor do Leganés fosse questionado sobre acreditar que o time estaria aonde está hoje, a resposta certamente seria negativa.

E se tem alguém que tem grande parcela de responsabilidade por essa escalada, esse alguém é María Victoria Pavón, a presidente do clube.

Foram dez campanhas seguidas na Segunda División B (o terceiro nível na pirâmide do futebol espanhol).

Dez anos tentando dar a volta por cima e retornar à segunda divisão.

Na temporada 2004/05, o Leganés foi deixado na mão por Jesús Polo, quem presidia o clube.

Naquela época, uma crise econômica começava a se desenhar.

Mas ainda era só um esboço.

Foram problemas financeiros e resultados insatisfatórios em campo que fizeram o então presidente vender a parte que detinha do clube para um consórcio de investidores locais, comandado por um construtor conhecido como Rubén Fernandéz.

No entanto, a situação administrativa do clube não se ajeitou ao longo dos anos em que Fernandéz esteve sobre seu comando.

Em 2008/09, ainda que o time tivesse conseguido sua melhor campanha em 15 anos, a crise já era insustentável.

O Leganés sofria com a falta de patrocínio e com a impossibilidade de pagar os salários em dia.

Foi quando Victoria Pavón entrou em cima.

Rubén Fernandéz passou o clube para Felipe Moreno Romero, empresário local e marido de Victoria.

O novo dono, então, nomeou sua mulher ao cargo de presidente, o qual ela agarrou com muita competência.

Pavón implementou no Leganés um modelo de gestão mais austero, além de ter promovido uma nova política de comunicação para recuperar a massa social na cidade ao longo destes sete anos no comando do clube madrilenho.

Em entrevista ao jornal espanhol El País, a dirigente foi incisiva ao revelar a chave secreta para resgatar um time à beira da falência e inseri-lo na elite do futebol nacional.

“O segredo é a austeridade”, disse.

“Baixar todos os custos e fazer o que estava faltando. Mas, acima de tudo, não gastar mais do que o necessário. É muito difícil fazer um clube que não gera quase nada de renda sobreviver se você não injeta dinheiro”, adicionou.

“Porém, quanto você chega na segunda divisão, tudo começa a ser diferente. Você vai para o futebol profissional. Consequentemente, começa a gerar mais dinheiro. Mas aí você tem que se policiar para não jogar a casa pela janela”, afirma a presidente.

“Se isso tudo compensa pessoalmente? Bem, é uma resposta difícil. É preciso dedicar-se muito e por muito tempo. Deixar de lado muitas coisas da sua vida em função do clube. Mas os acontecimentos nestes últimos anos compensaram todo o esforço, uma vez que fomos crescendo e colhendo os frutos pouco a pouco, com as promoções para a segunda e primeira divisão”, disse Victoria, além de falar sobre a recompensas financeiras, já que ela e seu marido quitaram todas as dívidas do clube quando ao comprá-lo e ainda injetaram um dinheiro que ainda não teve retorno.

“O futebol é um mundo muito difícil de comandar. Tudo é mais imprevisível. Você pode fazer a mesma coisa durante anos, mas nunca saberá como as coisas serão futuramente. Há muitos fatores que devem ser levados em consideração, como a sorte. Você tem que saber fazer negócios com jogadores e treinadores. Muitas coisas acabam dando azar. Em todo caso, meu objetivo no Leganés não é ganhar dinheiro com o futebol”, revelou a presidente.

Nesta temporada de La Liga, duas mulheres além de Victoria Pavón estão sobre o comando de clubes espanhóis.

Chan Lay Hoon, presidente do Valencia, e Amaia Gorostiza, do Eibar.

Mas para a dona do Leganés, ver mulheres em cargos altos no futebol é algo habitual.

“É comum vermos mulheres por todas as partes hoje em dia”, falou.

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