quinta-feira, janeiro 19, 2017

300 milhões esperam a saída de Marco Polo Del Neo...

Imagem: Autor Desconhecido


Futebol brasileiro abre mão de R$ 300 mi para ter Del Nero na CBF

Por Rodrigo Mattos, para o UOL

Antes da Copa-2014, o então presidente da Fifa Joseph Blatter anunciou que investiria US$ 100 milhões em um projeto de legado para o futebol brasileiro.

O valor era o quíntuplo do estipulado inicialmente pela federação internacional que teve de adaptar seu orçamento.

Seriam campos e CTs distribuídos pelo país para ajudar na formação de atletas.

Dois anos e meio após o Mundial, o Brasil recebeu apenas 6% do valor total: US$ 6 milhões.

Restam R$ 302 milhões pelo câmbio atual. Motivo: a Fifa barrou pagamentos para CBF por conta do envolvimento de seu atual presidente no escândalo de corrupção descoberto pelo FBI.

Como se sabe, Marco Polo Del Nero foi indiciado porque os procuradores norte-americanos entenderam que há provas de que ele levou propina em contratos da CBF.

Nesta semana, houve encontro da cúpula da Fifa e nada mudou.

O jornalista Martín Fernandez, do Globo.com, mostrou que a entidade vê um impedimento legal de dar o dinheiro a Del Nero visto que se colocou como vítima da corrupção em processo na corte da Nova York.

Questionado sobre a CBF, o presidente da Fifa, Giani Infantino, disse que há muito o que fazer.

Relato feito ao blog é que Infantino não mudou em nada sua relação fria com a cúpula da confederação.

A CBF, no entanto, faz diversas gestões para tentar liberar o dinheiro do legado.

Há alternativas em discussão inclusive que os recursos não passem pela entidade, como mostrou o ''Estadão''.

É possível que a confederação consiga em algum momento que o dinheiro venha para o Brasil. Afinal, Infantino antipatiza e tentar manter distância de Del Nero (apesar de uma foto com ele no Brasil), mas não gosta de desagradar futuros eleitores.

Pode-se contornar barreiras legais, mas não a incontornável verdade da peculiar situação do futebol brasileiro.

Há dois anos e meio, o país, tão carente de investimento, não pode receber um recurso que seria útil para espalhar desenvolvimento pelo país porque mantém um presidente suspeito de corrupção no poder.

Foi o único que resistiu.

Caíram todos os presidentes de federações nacionais acusados de levar propina como Del Nero, assim como se foram todos os dirigentes da Conmebol na mesma situação.

Sobrou ao Brasil um dirigente que sequer acompanha a seleção porque será preso se deixar o país.

Diga-se que os R$ 300 milhões são só uma parte dos recursos que o futebol brasileiros perde com Del Nero no poder.

Ao impedir a constituição de uma liga nacional, contra a qual ele brigou desde que assumiu, o dirigente impede o desenvolvimento pleno do Brasileiro como ocorreu com ligas bem-sucedidas como a Premier League, Bundesliga, Liga Espanhola.

A mancha de credibilidade, que já afastou patrocinadores da CBF, representa outra perda.

O prejuízo nestes casos nem dá para ser medido.

E dirigentes de federações e clubes não veem nada de anormal na situação ou se calam para evitar represálias.

Um cartola me contou que, quando há almoço na CBF, todos têm que esperar Del Nero se servir no buffet primeiro antes que os outros possam comer.

Um novato foi avisado do ritual ao se antecipar.

É simbólico como o dinheiro retido pela Fifa: o desenvolvimento do futebol brasileiro trava à espera de um suspeito de corrupção.

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