sábado, fevereiro 25, 2017

O Estádio Mané Garrincha consumiu R$ 6,7 milhões do Distrito Federal em 2016...

Imagem: Autor Desconhecido


Mais partidas, mesmo prejuízo – o Mané Garrincha consumiu R$ 6,7 milhões do DF em 2016

Apesar de ter recebido mais partidas de clubes cariocas e da Olimpíada, o estádio de Brasília não conseguiu fechar sua conta de novo. A perspectiva piora para 2017

Rodrigo Capelo para a Revista Época

O estádio Mané Garrincha, em Brasília, recebeu mais jogos de futebol em 2016 – 17 partidas, entre campeonatos nacionais, regionais e estaduais, em relação a apenas nove realizadas em 2015.

Um movimento natural dado o fechamento do Maracanã na maior parte da temporada devido aos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.

Flamengo, Fluminense e Botafogo, desabrigados, foram jogar mais vezes no Distrito Federal, onde têm consideráveis bases de torcedores e geralmente obtêm bons públicos e rendas.

O aumento da atividade, no entanto, não fez com que a arena, construída para a Copa do Mundo de 2014 por mais de R$ 1,5 bilhão, enfim se tornasse lucrativa.

A Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do Distrito Federal, o órgão do governo estadual que administra o Mané Garrincha, arrecadou R$ 1,7 milhão com o estádio no decorrer da temporada.

O custo com energia, limpeza, manutenção do gramado, entre outros serviços, chegou a R$ 8,4 milhões.

Você vai reparar que, ao subtrair das receitas as despesas, vão faltar R$ 6,7 milhões.

É o prejuízo que a arena gerou ao poder público em 2016.

O dinheiro deixa de ir para outras áreas sob a responsabilidade do governo do estado, como saúde, educação e segurança pública, e passa a ser usado para cobrir o buraco que o futebol não é capaz de fechar nas contas do estádio.

Foi assim também em 2015, quando o equipamento consumiu R$ 6,5 milhões decorrentes do saldo negativo na temporada.

A baixa arrecadação do Mané Garrincha contrasta com a generosidade com clubes e federações de futebol.

Na partida mais lucrativa do ano, contra o Palmeiras, o Flamengo ocupou 75% das arquibancadas e pagou um aluguel de R$ 141 mil ao governo do Distrito Federal.

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ), por autorizar o clube de seu estado a jogar noutro lugar, abocanhou 10% da receita bruta: R$ 282 mil.

A federação carioca, portanto, ficou com o dobro do dinheiro que foi para o dono do estádio, o governo estadual.

Mas a conta não acabou aí.

A Federação Brasiliense de Futebol (FBF) não tem nada a ver com a partida, mas também ficou com um naco do dinheiro: R$ 84 mil.

O Flamengo, por fim, teve R$ 1,5 milhão em receita líquida, depois de descontadas as despesas da receita bruta.

O dinheiro do torcedor brasiliense vai embora enquanto a parte que cabe ao estádio não paga as contas.

O governo do Distrito Federal ressalta que em 2016 aumentou a quantidade e a variedade de outros eventos além do futebol.

O Mané Garrincha recebeu a 3ª Bienal do Livro e da Literatura, a corrida contra o câncer, espetáculos musicais e dez partidas de futebol da Olimpíada carioca.

Também operam dentro do estádio a Subsecretaria de Mobiliário Urbano e Participação Oficial, a Secretaria de Cidades, além de uma unidade da Agência de Desenvolvimento do DF, a Terracap – o alojamento de unidades do governo dentro do estádio gera uma certa economia com o aluguel de escritórios fora dele.

Apesar dos esforços, o fato é que o estádio de R$ 1,5 bilhão, mesmo com mais atividade, continua a dar prejuízo para o contribuinte brasiliense.

E tende a piorar.

Com a decisão dos clubes de banir partidas fora do estado de origem no Brasileiro, as viagens de Flamengo, Fluminense e Botafogo a Brasília vão ficar mais raras.

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