sábado, abril 15, 2017

A Muralha Amarela do Borussia Dortmund...



Um espetáculo à parte...

Por Oscar Cowley

A torcida do Borussia Dortmund é um espetáculo à parte, disso não há dúvidas. 

Donos da maior média de público do mundo ano atrás de ano, o Signal Iduna Park (nome do estádio) acolhe mais de 80 mil pessoas por jogo. 

Conhecidos pela sua famosa “Muralha amarela”, muitos devem se perguntar qual é a história por trás de uma das maiores e mais apaixonadas torcidas de futebol no mundo. E é isso que pretendo lhes contar...

A cidade de Dortmund fica localizada no Estado da Renânia do Norte-Vestefália, na Alemanha (para quem ainda tinha dúvida). 

Com uma população aproximada de 588 mil pessoas, pode-se dizer que quando o time do Borussia joga em casa quase 15% dos moradores da cidade estão no estádio. 

Já pensou morar em um lugar onde 1/6 (mais ou menos) da população frequenta os jogos do time da casa? 

Até mesmo para um jornalista como eu, a matemática é clara. 

Os números demonstram que, de fato, em Dortmund o futebol se vive de uma maneira diferente.

Fundado em 1909 como um clube para os homens de aço e carvão, o time tinha o objetivo de criar uma distração que não consistisse em cerveja e jogos de azar. 

Aos poucos, o que devia ser apenas um lugar para passar o tempo virou uma paixão incontrolável. 

Hoje em dia, as entradas para assistir aos jogos do Borussia estão completamente vendidas antes de sequer começar a temporada. 

Quem disse que ser torcedor em Dortmund era fácil?

A tribuna sul, local onde fica a barulhenta torcida organizada do Borussia, conhecida como “Muralha Amarela” pela sua gigante dimensão, pode chegar a comportar 25.000 pessoas. 

É a maior área permanente de todos os campos de futebol da Europa. 

Sozinha abriga mais pessoas do que os estádios dos rivais da Bundesliga como o FC Ingolstadt 04, SV Darmstadt e SC Freiburg. 

Nos últimos anos, temos tido o luxo de ver os espetáculos organizados pelo setor antes e durante os jogos que, eu diria, causam um efeito parecido ao lendário Haka (danças típicas do povo Maori) do time de Rugby da Nova Zelândia, All Blacks, como forma de intimidação antes dos jogos.

Alguns mosaicos ficaram gravados na cabeça espectadores, como o que mostrava um torcedor animado de binóculos “de olho na orelhuda perdida”, contra o Málaga pelas quartas de finais da Champions League, que impressionou pela coordenação e organização. 

Tanta perfeição foi complementada com uma virada histórica nos últimos minutos do jogo e, consequentemente, a classificação para as semis (onde derrotaria o todo poderoso Real Madrid). 

Outros, como o do “álbum de figurinhas” serviram para mostrar ao mundo a grandeza do clube.

Apesar disso, nem tudo são rosas e flores na torcida de Dortmund. 

Como todo grande clube, sempre existem as pessoas que mais prejudicam do que apoiam. 

Com o aumento da presença de imigrantes na cidade, o mesmo aconteceu com os grupos neonazistas. 

Sabemos que estas pessoas, principalmente na Europa (onde, infelizmente, o futebol está mais ligado a politica), se aproveitam de ambiente mais radicais para tentar passar suas ideologias. 

Assim, de vez em quando nos deparamos com notícias de alguns estraga prazeres (minoria) que vandalizam, brigam e perseguem torcedores dos times rivais cujas ideologias (ou qualquer outro motivo) não se assemelhe a deles.

A exemplo disso, em fevereiro deste ano o time do Borussia foi punido com um jogo sem a “Muralha Amarela” devido a altercados fora do estádio contra torcedores do Leipzig. 

Vale ressaltar que estas atitudes envolvendo violência e racismo são amplamente rejeitadas pelo clube que, em muitas ocasiões, realiza campanhas e eventos contra essas atitudes discriminatórias, e por grande parte da torcida que participa ativamente e contribui para acabar com esses episódios.

Seja como for, não há torcedor no mundo que não tenha sonhado em viver um jogo no estádio do Signal Iduna Park. 

A cidade vive e respira futebol e, podemos dizer que, com total certeza, que o futebol não seria o mesmo sem eles.

Imagem: Ralph Orlowski/Reuters

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