terça-feira, maio 30, 2017

Arrivederci, Totti...






Imagem: Stinger/Reuters


Arrivederci, Francesco Totti

Por Oscar Cowley, repórte do Universidade do Esporte da 88,9 – FM Universitária

Jogadores como Totti são difíceis de encontrar.

Não só pela capacidade técnica, mas principalmente pela lealdade e fidelidade a seu clube do coração. São peças muito valiosas que com o passar do tempo tendem a ficar cada vez mais raras.

Afinal, hoje em dia quem é que pode se dar ao luxo de recusar 100 milhões dos times mais poderosos da Europa?

Ídolos que viram lendas pela entrega e paixão demonstradas por uma única camisa.

Frutos da base tantas vezes desvalorizada pela chegada de novos concorrentes de fora que nada sabem das histórias e batalhas que o clube já travou.

Os mesmo que choram como se fossem torcedores nas derrotas mais difíceis e lutam até a última gota de sangue contra o eterno rival.

Pois, só quem é da casa consegue entender a dor de perder o clássico da cidade.

Neste último final de semana, a Roma se despediu do seu último imperador.

Depois de 25 temporadas, Francesco Totti vestiu pela última vez a elástica vermelha contra o Génova na vitória por 3 a 2 que certificou a segunda colocação no campeonato italiano.

E, como todas as despedidas, esta não foi menos dolorosa.

“Já está. O momento chegou”

Como uma criança obrigada a ler uma redação na frente da turma, Totti pegou a carta (com a raiva de quem não queria ir embora do recreio) que faria 65 mil pessoas derramarem as lágrimas no Estádio Olímpico de Roma.

“Eu queria começar do final – do adeus – porque eu não sei se serei capaz de ler estas linhas.”

Antes, Daniele de Rossi, agora capitão do time da Roma, tratava de segurar o choro (evitando olhar para os olhos de Totti) ao entregar uma bandeja metálica contendo os agradecimentos de cada um dos jogadores do clube.

Outros, como El Shaarawy, não conseguiram se controlar.

“Ao longo dos anos, eu tentei me expressar através de meus pés, que tornaram tudo mais simples para mim desde que eu era uma criança.”

Se movimentando no centro do campo como se do vestiário se tratasse e os torcedores fossem seus companheiros prestes a entrar em campo para uma grande final, o capitão tentava conter a emoção.

“Em certo ponto da vida, você cresce – é o que me disseram e o que o tempo decidiu. Maldito tempo.”

A essa altura, as câmeras já mostravam diversos rostos contorcidos de lágrimas nas arquibancadas assim que conquistas antigas foram lembradas.

“Voltando a 17 de junho de 2001, tudo o que queríamos era o tempo passando um pouco mais rápido. Não podíamos esperar para ouvir o apito final. Eu continuo me arrepiando agora quando penso de volta nisso.”

Para trás o craque deixava na lembrança dos romanistas nada menos do que 785 jogos, nos quais anotou 307 gols e deu 197 assistências.

“Eu quero dedicar esta carta a todos vocês – a todas as crianças que me apoiaram. Às crianças de ontem, que cresceram e se tornaram pais, e às crianças de hoje, que talvez gritem ‘Tottigol’.”

E à frente, um mar de incertezas...

“Desta vez, eu não posso ver como o futuro se parece além dos buracos da rede.”

Porém, havia uma única certeza absoluta nessa história...

“Ter nascido romano e romanista é um privilégio.”

E assim, num último esforço o capitão juntou as forças necessárias para fazer uma última declaração àqueles que sempre o apoiaram nos bons e maus momentos.

“Agora, eu descerei as escadas e entrarei nos vestiários que me acolheram quando criança e que agora deixo como um homem. Sou orgulhoso e feliz por ter dado a vocês 28 anos de amor. Eu amo vocês.”

 Arriverderci, Totti!

Nenhum comentário: