terça-feira, junho 06, 2017

Por que a América do Sul não terá uma superpotência como o Real Madrid...

Imagem: Arquivo


Por que a América do Sul não terá superpotência como o Real

Por Rodrigo Mattos

É rotina: a cada início de temporada em que um time brasileiro se destaca começam as comparações com superpotências europeias como Real Madrid, Bayern de Munique ou Barcelona.

Já aconteceu com Corinthians, Palmeiras, Flamengo.

A expectativa é de que o poderio econômico momentâneo desses clubes os tornasse dominante na América do Sul como ocorreu com o time espanhol e seus três títulos da Liga dos Campeões em quatro anos.

Mas isso não é realidade hoje e não deve acontecer no futuro.

Primeiro, vamos aos números históricos. Criadas na mesma época (década de 50 e 70), a Libertadores e a Liga dos Campeões têm uma distribuição de títulos diferentes.

Na Europa, o Real Madrid ganhou 12 títulos da competição com o título de 2016-2017, seguido pelo Milan com sete taças.

São 22 campeões no total.

Na América do Sul, o maior campeão Independiente tem sete títulos, seguido pelo Boca Juniores com seis.

Ambos estão fora da edição atual da Libertadores.

Foram 26 campeões.

Nesses números, percebe-se que os sul-americanos já são um pouco mais democráticos na distribuição de títulos.

Isso não impede que, no passado, tenham havido campeões surpresa na Europa.

O problema é que as zebras por lá tornaram-se quase impossíveis no momento atual, enquanto continuam a surgir por aqui.

É só ver que nos cinco anos a taça só foi para Real Madrid, Barcelona ou Bayern.

São coincidentemente os times mais ricos do continente ao lado do Manchester United.

Já na Libertadores foram cinco campeões diferentes, sendo que apenas o Corinthians (2012) era o mais rico do continente na época.

E por que?

Isso se explica porque as diferenças financeiras são significativas na América do Sul, mas contam menos no campo do que na Europa.

Flamengo e Palmeiras são mais ricos do que bolivianos e até argentinos, mas não o suficiente para contratar grandes jogadores em todas as posições que não permitam a competição.

Basta ver a eliminação rubro-negra na primeira fase.

Real Madrid, Barcelona e Bayern se tornaram potências globais cujos ganhos aumentaram exponencialmente com a exploração do mercado do mundo inteiro.

Foi a Ásia, EUA e até o Brasil que o enriqueceram nos últimos dez anos.

Antes, havia diferença para o mercado sul-americano, mas não no patamar atual.

Pior, aumentou o buraco entre os times europeus, o que está realmente preocupando a UEFA.

Uma medida tomada pela entidade foi limitar o tamanho de elencos.

Cada vez mais um time holandês ou português terá mais dificuldade para eliminar um dessas superpotências econômicas do continente.

Mais ricos da América do Sul, os clubes brasileiros melhoraram financeiramente e aumentaram o buraco.

Mas, por aqui, há um fator que é a revelação de jogadores, pois só com ela um time pode contar com um craque de primeira linha, ainda que por pouco tempo.

O Santos foi campeão da Libertadores em 2011 com Neymar, o Palmeiras campeão brasileira de 2016, rico, tinha em seu melhor jogador Gabriel Jesus, formado no clube.

Esse tipo de atleta, extraclasse no auge, está simplesmente fora do alcance econômico dos times sul-americanos.

Pode-se trazer um jogador de ótimo nível, como Pratto, Guerrero, Diego, etc.

Mas não será um astro mundial.

A desorganização da Libertadores é outro fator que contribui para o equilíbrio.

Não há padrão de gramado, de estádio, sequer de segurança na competição.

Isso significa que fatores extracampo interferem significativamente nos resultados finais, o que reduz o predomínio técnicos que certas equipes (neste caso, isso é uma bizarrice da competição a ser lamentada).

Mesmo internamente, o dinheiro deve passar a ter mais influência nos Brasileiros, mas haverá espaço para times que saibam administrar bem seus recursos, achar atletas em times menores ou fortalecer sua base.

Claro, clubes com mais recursos tendem a ganhar mais títulos.

Mas os sonhos de dominação dos times mais ricos do Brasil estão longe de se realizar.

Nenhum comentário: