A magia do Mundo do Futebol
Por Oscar Cowley
O futebol possui uma diversidade
cultural incrível.
Em cada país o esporte se vive de
uma maneira diferente, e isso se deve a participação e integração de todos, independentemente
de classe social ou econômica.
Sou espanhol, de Málaga, e,
claro, cresci assistindo a liga das estrelas.
Por motivos que nenhum fenômeno
da natureza nunca conseguiu explicar, me apaixonei pelo time rival da minha
cidade, o Real Betis (de Sevilha).
De forma que, as únicas vezes que
eu visitei o estádio de La Rosaleda (de Málaga), foram para assistir aos jogos
do Barcelona, Real Madrid e Betis.
Sempre acompanhado do meu avô e
irmão, que possuíam cadeiras cativas no estádio.
Antes de cada jogo, porém, eu era
devidamente alertado pelo meu avô: “você pode ir, se não levar a camisa do
Betis”.
E eu, que não fui a criança mais
comportada, nunca obedecia e carregava minha camisa mesmo assim.
Chegando no estádio, o transito
era sempre caótico (para sair, ainda pior).
E encontrar uma vaga para
estacionar requeria um exercício de paciência elevado (vagas para carros na
Espanha são escassíssimas e, em sua grande maioria, privadas).
Ainda do lado de fora, fazíamos a
parada obrigatória para todo espanhol: a compra de Pipas (conhecidas aqui como
sementes de girassol).
Produto responsável por grande
parte da sujeira nos estádios, tendo em vista que sua casca não é comestível e,
portanto, jogada no chão (sim, não somos tão educados como dizem).
Dentro, o ambiente era sempre
espetacular.
Afinal, presenciar jogos em
estádios lotados, com 20 ou 30 mil pessoas, é sempre algo emocionante.
E aproveito para desmentir a
ideia de muitos brasileiros de que na Europa as torcidas são como plateias de
teatro.
Não poderiam estar mais
errados...
Além de possuírem um setor
inteiro destinados aos Ultras (torcidas organizadas), que sempre comparecem em
grande número, independente do jogo, os demais torcedores também apoiam e
cantam.
Nunca esquecerei o dia em que vi
meu avô pulando em sua cadeira, já com mais de 80 anos, cantando junto com o
estádio inteiro: “quem não pular é sevilhano”.
Acontece, que nos estádios da
Espanha já não existem mais arquibancadas.
De forma que, se quiser ver um
jogo em pé, como muitas pessoas tem o costume de fazer no Brasil, terá que
conseguir um ingresso no setor dos Ultras.
A atmosfera na Espanha durante os
dias de jogos, gira em torno do futebol.
E isso, confesso, é algo de que
sinto falta.
Hoje, a saudade de viver a
atmosfera única de um estádio de futebol me leva a acompanhar ABC e América, em
Natal.
Para ser justo, a Arena das Dunas
é um dos estádios mais espetaculares do mundo e, sem dúvidas, o melhor que eu
já tive a oportunidade de entrar.
Ainda que com públicos de mil ou
dois mil pessoas (como vários durante o estadual), assistir a jogos nesse
estádio não deixa de ser algo impressionante.
Em relação a qualidade das
partidas...
Bom, isso é assunto para outra
matéria.
Aqui as pessoas não comem pipas
durante os jogos, mas bebem uma barbaridade (claro, não estou generalizando).
Muitos conhecidos já confessaram
que se embebedam tanto que no dia seguinte nem lembram de como foi o jogo.
Na Arena das Dunas, menos, já que
os preços são padrão FIFA.
Mas no Frasqueirão, se você não
tiver cuidado pode até levar uma latada na cabeça.
Não se assustem.
Acontece que a demanda é tão
grande que os vendedores lançam as cervejas de qualquer lugar para não ter que
se deslocar até o comprador.
Em relação aos alimentos, fora
uma coxinha, pastel ou pipoca, dificilmente vejo alguém comendo nos estádios.
Na Espanha é comum levar aqueles
sanduiches gigantes, que certamente quem acompanha o futebol espanhol já viu
pela televisão.
Fico triste de ver jogos, ainda
que eu esteja falando da série B e D, com públicos baixíssimos.
Não é algo normal para mim, que
já acompanhei uma partida do Betis em seu estádio, pela segunda divisão (o
Betis estava em 7 lugar, e passando por uma das piores crises das últimas décadas),
com mais de 35 mil pessoas.
Noto, como um colega já me disse
uma vez, que a torcida brasileira gosta de jogos decisivos.
Diria finais, mas já vi o
Flamengo lotar o Maracanã em época decisiva para a luta contra o rebaixamento.
É isso acaba prejudicando as
equipes e a qualidade do futebol local.
Porém, tem dois aspectos que são
idênticos aqui e na Espanha.
O primeiro é que o juiz sempre
será “o ladrão” e culpado de todos os males da equipe.
E o segundo é que,
independentemente de onde você sentar, sempre haverá algum desconhecido que
nunca viu na vida comentando as jogadas contigo.
Isso é o bonito do futebol.
Não importa se você senta em
arquibancada, cadeira ou camarote.
Dentro do estádio todos somos
iguais e conhecidos.
Seja como for, continuo desfrutando
do futebol em Natal.
Não é à toa que faço questão de
acompanhar, sempre que posso, aos jogos dos times locais.
E, ainda por cima, tenho a sorte
de que o Brasil possui mil canais diferentes de futebol, que me permitem
acompanhar os jogos do meu país.
E, quem sabe, um dia cumpro o
sonho de viver a atmosfera nos estádios de outros países e volto para contar...
Um comentário:
Excelente!!!!!!!
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