sexta-feira, julho 14, 2017

A Magia do Mundo do Futebol...



A magia do Mundo do Futebol

Por Oscar Cowley


O futebol possui uma diversidade cultural incrível.

Em cada país o esporte se vive de uma maneira diferente, e isso se deve a participação e integração de todos, independentemente de classe social ou econômica.

Sou espanhol, de Málaga, e, claro, cresci assistindo a liga das estrelas.

Por motivos que nenhum fenômeno da natureza nunca conseguiu explicar, me apaixonei pelo time rival da minha cidade, o Real Betis (de Sevilha).

De forma que, as únicas vezes que eu visitei o estádio de La Rosaleda (de Málaga), foram para assistir aos jogos do Barcelona, Real Madrid e Betis.

Sempre acompanhado do meu avô e irmão, que possuíam cadeiras cativas no estádio.

Antes de cada jogo, porém, eu era devidamente alertado pelo meu avô: “você pode ir, se não levar a camisa do Betis”.

E eu, que não fui a criança mais comportada, nunca obedecia e carregava minha camisa mesmo assim.

Chegando no estádio, o transito era sempre caótico (para sair, ainda pior).

E encontrar uma vaga para estacionar requeria um exercício de paciência elevado (vagas para carros na Espanha são escassíssimas e, em sua grande maioria, privadas).


Ainda do lado de fora, fazíamos a parada obrigatória para todo espanhol: a compra de Pipas (conhecidas aqui como sementes de girassol).

Produto responsável por grande parte da sujeira nos estádios, tendo em vista que sua casca não é comestível e, portanto, jogada no chão (sim, não somos tão educados como dizem).

Dentro, o ambiente era sempre espetacular.

Afinal, presenciar jogos em estádios lotados, com 20 ou 30 mil pessoas, é sempre algo emocionante.

E aproveito para desmentir a ideia de muitos brasileiros de que na Europa as torcidas são como plateias de teatro. 

Não poderiam estar mais errados...

Além de possuírem um setor inteiro destinados aos Ultras (torcidas organizadas), que sempre comparecem em grande número, independente do jogo, os demais torcedores também apoiam e cantam.

Nunca esquecerei o dia em que vi meu avô pulando em sua cadeira, já com mais de 80 anos, cantando junto com o estádio inteiro: “quem não pular é sevilhano”.

Acontece, que nos estádios da Espanha já não existem mais arquibancadas.

De forma que, se quiser ver um jogo em pé, como muitas pessoas tem o costume de fazer no Brasil, terá que conseguir um ingresso no setor dos Ultras.

A atmosfera na Espanha durante os dias de jogos, gira em torno do futebol.

E isso, confesso, é algo de que sinto falta.

Hoje, a saudade de viver a atmosfera única de um estádio de futebol me leva a acompanhar ABC e América, em Natal.

Para ser justo, a Arena das Dunas é um dos estádios mais espetaculares do mundo e, sem dúvidas, o melhor que eu já tive a oportunidade de entrar.

Ainda que com públicos de mil ou dois mil pessoas (como vários durante o estadual), assistir a jogos nesse estádio não deixa de ser algo impressionante.

Em relação a qualidade das partidas...

Bom, isso é assunto para outra matéria.

Aqui as pessoas não comem pipas durante os jogos, mas bebem uma barbaridade (claro, não estou generalizando).

Muitos conhecidos já confessaram que se embebedam tanto que no dia seguinte nem lembram de como foi o jogo.

Na Arena das Dunas, menos, já que os preços são padrão FIFA.

Mas no Frasqueirão, se você não tiver cuidado pode até levar uma latada na cabeça.

Não se assustem.

Acontece que a demanda é tão grande que os vendedores lançam as cervejas de qualquer lugar para não ter que se deslocar até o comprador.

Em relação aos alimentos, fora uma coxinha, pastel ou pipoca, dificilmente vejo alguém comendo nos estádios.

Na Espanha é comum levar aqueles sanduiches gigantes, que certamente quem acompanha o futebol espanhol já viu pela televisão.

Fico triste de ver jogos, ainda que eu esteja falando da série B e D, com públicos baixíssimos.

Não é algo normal para mim, que já acompanhei uma partida do Betis em seu estádio, pela segunda divisão (o Betis estava em 7 lugar, e passando por uma das piores crises das últimas décadas), com mais de 35 mil pessoas.

Noto, como um colega já me disse uma vez, que a torcida brasileira gosta de jogos decisivos.

Diria finais, mas já vi o Flamengo lotar o Maracanã em época decisiva para a luta contra o rebaixamento.

É isso acaba prejudicando as equipes e a qualidade do futebol local.

Porém, tem dois aspectos que são idênticos aqui e na Espanha.

O primeiro é que o juiz sempre será “o ladrão” e culpado de todos os males da equipe.

E o segundo é que, independentemente de onde você sentar, sempre haverá algum desconhecido que nunca viu na vida comentando as jogadas contigo.

Isso é o bonito do futebol.

Não importa se você senta em arquibancada, cadeira ou camarote.

Dentro do estádio todos somos iguais e conhecidos.

Seja como for, continuo desfrutando do futebol em Natal.

Não é à toa que faço questão de acompanhar, sempre que posso, aos jogos dos times locais.

E, ainda por cima, tenho a sorte de que o Brasil possui mil canais diferentes de futebol, que me permitem acompanhar os jogos do meu país.

E, quem sabe, um dia cumpro o sonho de viver a atmosfera nos estádios de outros países e volto para contar...

Um comentário:

Unknown disse...

Excelente!!!!!!!