Três anos do atropelo alemão em terras tupiniquins
Por Ilton Gomes, repórter do “Universidade do Esporte” de 88,9 –
FM Universitária
Nos últimos dias muito se falou
na tragédia de Sarriá, ocorrida em 5 de julho de 1982, quando o Brasil
favoritíssimo para vencer a Copa do Mundo, sucumbiu diante da Itália com um
Paolo Rossi impossível.
Mais de três décadas depois,
outro desastre aconteceu com a seleção canarinho.
O palco dessa vez, era a Terra de
Santa Cruz, mais precisamente o Estádio Mineirão, em Belo Horizonte.
Semifinal da Copa do Mundo no
Brasil, a oportunidade para se redimir do maracanazo se aproximava, estávamos a
um passo da grande final, e a dois do título em casa para enterrar de vez o
fantasma da copa de 50, quando também em casa, o Brasil foi derrotado na final
para o Uruguai por 2 a 1.
Mas para concretizar esse sonho,
era preciso passar por uma Alemanha que havia chegado até ali com um tanto de
desconfiança dado pela imprensa brasileira.
Esse sentimento incerto com
relação aos alemães surgiu devido alguns resultados magros que eles
conquistaram durante as fases anteriores, como o empate em 2 a 2 com Gana ainda
na primeira fase, e a sofrida vitória que só veio na prorrogação por 2 a 1,
pelas oitavas de final contra a inexpressiva seleção da Argélia.
O Brasil não parecia abalado pela
ausência de Neymar, estava confiante e Felipão tratou logo de escalar o garoto
Bernard no lugar do camisa 10.
Para encarar os anfitriões,
Joachim Löw escalou o mesmo time que havia passado pela França nas quartas de
final.
Eles tinham jogado naquela
partida, talvez o melhor do seu futebol até ali, mesmo com o placar mínimo no
fim do jogo.
Todo mundo sabe que uma partida
de futebol dura 90 minutos em regra, mas os alemães só precisaram de 30 para
massacrar o Brasil de Felipão.
A facilidade com que a Alemanha
mudava sua posição em campo, quando estava com e sem a bola, foi primordial
para o resultado final.
Eles souberem armar um verdadeiro
muro no meio campo com Khedira, Özil, Kroos e Müller, deixando na frente apenas
o goleador máximo, Klose, e entre o meio e a defesa, o gênio Bastian
Schweinsteiger.
Ou seja, se os brasileiros
passassem do muro alemão, ainda teriam que superar o cão de guarda ‘Schweini’
logo depois, para só aí eles conseguirem encarar os jogadores da defesa alemã.
A armação do meio alemão foi mais
eficaz do que o esperado, e o Brasil não conseguia sequer passar do meio-campo.
Os meninos germânicos conseguiam
com facilidade, recuperar a bola ainda no seu campo ofensivo, o que facilitou a
velocidade de suas jogadas.
O Brasil foi jogado contra a
parede, apenas pelo meio de campo alemão.
O resultado foi dolorido para os
brasileiros, mas foi primordial para o espetáculo da Copa do Mundo, que teve a
edição de 2014 conhecida como a “Copa das Copas”.
Talvez esse tenha sido o
resultado mais expressivo em um jogo de Copa do Mundo, principalmente por se
tratar de duas grandes seleções.
O 7 a 1 em cima da anfitriã e
grande favorita foi um resultado que ninguém esperava e que certamente, ninguém
deverá esquecer.
A dor dos brasileiros naquele
jogo foi ainda maior, porque viu de perto o recorde de gols em Copas do Mundo,
que até então era de Ronaldo, ser superado por Miroslav Klose, quando ele
marcou o segundo gol da Alemanha na partida.
Quando o árbitro apitou o fim
daquele jogo, certamente o ‘maracanazo’ não estava sendo lembrado.
A tragédia de 1950 naquele
momento estava ofuscada pelo vexame que acabara de acontecer.
No fim das contas, a Copa que era
um sonho para o povo brasileiro, e estava sendo até a tarde daquele 08 de julho,
terminou se tornando um enorme pesadelo.
O Brasil que vinha galgando rumo
à final, viu sua seleção tomar 10 gols nos dois últimos jogos – 7 da Alemanha e
3 da Holanda na disputa do 3º lugar – e terminar de forma melancólica o
espetáculo que por muitos anos esteve preparando.
O sonho se tornou pesadelo.
O maracanaço continua martelando,
e, agora divide espaço com o mineiraço na memória dos brasileiros.
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