Arte: Paul Alan Harrington
Este espaço não propõe defesa nem ataque a nenhum clube ou pessoa. Este espaço se destina à postagem de observações, idéias, fatos históricos, estatísticas e pesquisas sobre o mundo do futebol. As opiniões aqui postadas não têm o intuito de estabelecer verdades absolutas e devem ser vistas apenas como uma posição pessoal sujeita a revisão. Pois reconsiderar uma opinião não é sinal de fraqueza, mas sim da necessidade constante de acompanhar o dinamismo e mutabilidade da vida e das coisas.
terça-feira, setembro 20, 2016
O grade legado das paraolimpíadas do Rio de Janeiro...
A Paraolimpíada Rio 2016 tem
muito do que se orgulhar...
Pela primeira vez, as competições
desses atletas estiveram na programação diária da TV.
A torcida que início pareceu não
ligar, acabou por se engajar...
Assistiu, apoiou nossos atletas
se divertiu com o evento no Parque Olímpico.
Barreiras foram quebradas...
Preconceitos caíram.
Paratletas passaram a ser vistos
como esportistas de alto rendimento...
Se tornaram “heróis”, respeitados
e admirados.
Solidariedade entre irmãos
O triatleta britânico Alistair
Brownlee é mais uma prova de que o espírito esportivo ainda está vivo,
sobretudo quando o gesto altruísta envolve a família.
Na etapa do Mundial de Triatlo,
em Cozumel (México), disputada neste domingo, Alistair vinha na disputa pelo
segundo lugar com o sul-africano Henri Schoeman quando avistou seu irmão na
liderança, logo no final da corrida.
No entanto, o caçula Jonathan
Brownlee já cambaleava de tanto cansaço.
Ao ver a cena, Alistair não
pensou duas vezes: deixou de lado qualquer chance que tinha de conquistar o
primeiro lugar para ajudar o irmão a completar a prova, carregando-o pelos
braços.
Por causa da ajuda de seu irmão,
Jonathan cruzou a linha de chegada na segunda colocação e Alistair ficou com a
medalha de bronze.
Únicas e Corajosas...
Imagem: El País
Um grupo de mulheres encontrou na
fotografia a melhor maneira de mostrar otimismo após o câncer de mama.
Únicas e Corajosas é o nome do
projeto fotográfico criado para retirar o estigma das cicatrizes deixadas pela
doença.
Elas posam com orgulho nas
imagens mostrando as marcas que o câncer deixou em seus corpos.
O projeto nasceu na Espanha e bem
podia se espalhar pelo mundo.
segunda-feira, setembro 19, 2016
O América, caiu...
Como eu pensei...
O Remo não era tão difícil de
bater.
Como todos sabíamos...
O América não tinha competência
para vencer.
Porém, o mais assustador é que
todos nos enganamos ao pensar que o América, mesmo com uma equipe sofrível e um
comando frágil, não seria rebaixado...
Afinal, dizíamos todos, River, Confiança
e Cuiabá são tão ruins que será impossível cair.
Que mico!
O América era pior que Cuiabá e
Confiança, sabemos agora...
Só o River conseguiu se manter
fiel à sua mediocridade.
Pois bem...
A Série D é o que restou.
Vou me abster de procurar
culpados...
Todos sabem quem são.
Sou filho e neto de militares e
sei que quando um cabo faz uma merda gigante, a bomba sempre estoura no colo do
coronel...
Mas, se a merda respingar em
muita gente, o general responde.
O América tem seu general, seus
coronéis, seus majores, seus capitães e seus tenentes...
Tem também seus sargentos, cabos
e soldados, que respondam todos pelo que agora respinga em toda a gente.
O ABC de Geninho avançou... Agora, enfrenta o Botafogo de Ribeirão Preto sonhando com a volta a Série B.
O ABC conseguiu sua
classificação...
Fez seu papel.
O alvinegro era um dos quatro
clubes cuja a história, a tradição e a estrutura tornavam obrigação estar na
segunda fase...
Os outros eram América, Fortaleza
e Remo.
Dois fracassaram...
Perderam suas vagas.
Um permanece atolado na Série
C...
O outro escorrega para as sombras
da Série D.
Já Fortaleza, ABC, Botafogo e
ASA, avançam...
Mas essa continuidade de duas
semanas só terá valor se seus adversários forem derrotados.
Caso contrário, o que aconteceu
ontem se esfumaça e todos voltam para a fila de espera...
Mas não é hora de falar nisso,
deixemos para depois.
A momento é de comemoração, de
alegria...
O ABC soube corrigir rápido seus
erros.
Ao corrigir a rota, mudou rumo e avançou.
Trouxe Geninho e isso foi
fundamental...
Geninho não inventa, não fala
demais, trabalha.
Trabalha com o que tem e ao invés
de choramingar, espreme os caras e procura tirar deles o seu melhor...
Não queimou Lúcio Flávio como
tantos queriam.
Geninho sabia como usá-lo e o fez...
Sua calma e seu respeito aos
jogadores acabou por dar resultado.
Hoje, o ABC tem jogadores como
Cleiton, Anderson Pedra, Jones Carioca, Echeverria e outros, que sabem que seu
comandante não vai se esquivar e jogar sobre eles a responsabilidade...
Tem um comandante.
O ABC mereceu passar de fase...
Subir não será uma questão de
merecimento, mas de momento.
Tudo será decidido em 180
minutos...
180 minutos contra um adversário
que está muito à frente dos adversários que o ABC enfrentou até aqui.
Nos moldes da Série A e B, a Série C ainda guardaria muitas emoções...
Um detalhe interessante...
Fosse a Série C disputada nos
mesmos moldes da Série A e B, nenhum clube do Grupo A estaria ao fim do primeiro turno na zona de classificação...
Mas estariam na briga.
Porém, o América não estaria na zona de rebaixamento.
Vejamos...
A classificação seria a seguinte:
01 - Guarani 38 pontos
02 - Boa Esporte 35 pontos
03 - Botafogo 31 pontos
04 - Juventude 30 pontos, 10 gols
de saldo
05 - Fortaleza 30 pontos, 9 gols
de saldo
06 - ABC 30 pontos, 9 gols de
saldo
07 - Tombense 29 pontos
08 - Botafogo da Paraíba 28
pontos, 6 gols de saldo
09 - Ypiranga 28 pontos, -1 gol
de saldo
10 - ASA 26 pontos
11 - Remo, 25 pontos
12 - Cuiabá, 22 pontos, 2 gols de
saldo
13 - Mogi-Mirim 22 pontos, -3
gols de saldo
14 - Confiança 22 pontos, -4 gols
de saldo
15 - Salgueiro 21 pontos
16 - América 20 pontos
17 - Macaé 16 pontos
18 - Portuguesa 14 pontos
19 - River 13 pontos
20 - Guaratinguetá 4 pontos
Série C... A Portuguesa de Desportos despenca ladeira abaixo.
Segundo a ESPN, momentos depois da derrota da Portuguesa para a Tombense por 2 a 0 neste domingo, que confirmou o rebaixamento do clube para a Série D do Campeonato Brasileiro, cerca de 40 torcedores invadiram e vandalizaram a antessala e a sala a presidência do clube, no Canindé....
Os envolvidos são membros da torcida Leões da Fabulosa, que assistiram ao jogo na sede da organizada e depois se encaminharam para o escritório.
O detalhe é que o espaço da sede ocupado pela torcida pertence à Portuguesa...
A organizada não precisa arcar com nada e contas como água e luz são pagas pelo clube.
Isto é...
A Portuguesa financia a sede da torcida e a torcida se sente no direito de destruir o escritório do clube.
A pergunta é:
Resolve o que?
Fundada em 14 de agosto de 1920, a Portuguesa costumava participar da elite do futebol nacional e foi vice-campeã em 1996...
Campeã paulista em 1973, campeã do torneiro Rio-São Paulo de 1952 e 1955 e da Série B de 2011, a equipe paulista afundou na nas mãos de mal gestores.
A situação é dramática...
Atolado em dívidas, o clube pode ver parte do Canindé, seu principal patrimônio, leiloada no próximo mês de novembro para quitar débitos trabalhistas e empréstimos.
A CBF promete cumprir a lei... será?
CBF vai incluir rebaixamento por
falta de pagamento de dívida em 2018
Por Rodrigo Mattos
A CBF colocará no regulamento do
Brasileiro de 2018 a previsão de rebaixamento por falta de pagamento de dívida
fiscal, como prevê a Lei do Profut.
A informação é do diretor de
competição da confederação, Manoel Flores. Ele informou, no entanto, que detalhes
ainda precisam ser acertados.
A Lei do Profut foi aprovada no
final de 2015. Mas, com confusão em relação a sua aplicação, a CBF não exigiu a
CND (Certidão Negativa de Débito) para o Brasileiro de 2016 como estava
previsto.
Havia uma resolução do Ministério
do Esporte que cobrava essa medida.
Depois, houve mudança no prazo de
adesão do Profut e confusão sobre aplicação.
Agora, uma nova resolução do CNE
(Conselho Nacional do Esporte) estabeleceu que as CNDs devem ser exigidas para
o Brasileiro de 2017, mas com previsão de rebaixamento para 2018.
''Vamos cumprir tudo que está na resolução'', contou o diretor
Manoel Flores.
''Vamos estudar e ainda precisamos de detalhamentos para saber como
cumprir certas brechas.''
Uma das dúvidas é quando será
exigida a CND, o que não está especificado na resolução.
Poderia ser no início do ano ou a
60 dias antes da competição.
Flores informou que isso será
estudado.
É provável que a certidão só seja
requisitada uma vez no ano porque, em outro caso, poderia ocasionar um
rebaixamento no meio do campeonato.
As resoluções das dúvidas só
passarão a ocorrer na edição do regulamento geral de competições que deve sair
em dezembro de 2016.
domingo, setembro 18, 2016
ABC sossegado, América tenso, num misto de desespero e fé inabalável...
Daqui a pouco quando o sol raiar –
são agora, 02:33 da madrugada – alvinegros e alvirrubros começarão o domingo de
forma completamente diferente...
Os alvinegros, já classificados,
devem passar o dia tranquilos.
Porém, os rubros, vão dividir com
a esperança e o medo o seu domingo.
Ao fim do dia, os torcedores do
ABC ou vão vibrar com o primeiro lugar, se contentar com o segundo e terão
dificuldade para disfarçar sua insatisfação com o terceiro posto...
Mas todos vão comemorar a
passagem para a fase de mata-mata da Série C.
Aí, passarão os próximos dias,
sendo afagados pela imprensa que dirá que apenas 180 minutos os separam da
volta à Série B...
Enquanto isso, restará aos
americanos lágrimas – de alívio e alegria ou de raiva e frustração.
De qualquer forma, o domingo será
para todos um dia de muita expectativa e ansiedade...
Que bom que o futebol é assim.
Pessoas deficientes não são coitadas e para-atletas são humanos e não super-humanos...
Por Mariliz Pereira Jorge –
Colunista – Folha de São Paulo
Algumas coisas incomodam muito na
cobertura de eventos esportivos.
A pior delas são as perguntas
preguiçosas, com respostas óbvias.
Quero cair do sofá quando o
repórter pergunta ao entrevistado se ele está feliz de ter conquistado uma
medalha de ouro ou chateado por ter sido desclassificado.
Que despreparo.
Que perda de tempo do atleta, do
telespectador, de todo mundo.
Na Olimpíada, aconteceu o tempo
todo.
Na Paraolimpíada, continuamos
repetindo o fenômeno, mas o que chamou a atenção foi a falta de traquejo de
jornalistas para lidar com os entrevistados.
Imagino que não fosse tão
complicado puxar uma cadeira e ficar na mesma altura dos atletas cadeirantes, e
não em posição superior, na hora de entrevistá-los.
Muitas vezes faltou informar o
telespectador que aquele atleta tinha esta ou aquela deficiência.
Fiquei boiando em várias ocasiões
por não ser tão óbvio.
A sensação é que prevaleceu a lei
do "para não errar é melhor não falar".
E, assim, perpetuamos os tabus.
Uma amiga contou que sua filha,
ainda criança, fazia mil perguntas e ela nem sempre sabia o que dizer, e não
pôde contar com a ajuda da televisão.
Este atleta já nasceu assim?
Como ele consegue jogar sem ouvir
nada?
Eu mesma fiquei maravilhada ao
ver atletas nadando borboleta com apenas um braço.
Mas tive mil dúvidas sobre como
separam as categorias.
Uma pessoa sem os braços nada com
outras que não têm perna?
Mas essa pessoa parece que não
tem nenhum "problema", o que ela tem?
E, assim, continuamos
desinformados.
No entanto, o mais insuportável
foi ver o tratamento aos atletas saltar do pieguismo para o endeusamento.
Pessoas com deficiência não são
coitadas, já entendemos.
Mas para-atletas não são
super-heróis ou super-humanos, como cansamos de ver nos noticiários da última
semana.
A moda começou em Londres-2012, e
ganhou reforço com o belíssimo comercial produzido pelo canal de televisão
britânico Channel 4 para promover sua programação durante os Jogos, chamado
"Superhumans" (super-humanos).
Com 140 pessoas com deficiência,
entre músicos, atletas e figurantes, o jingle repete o refrão "Yes, I
can" (sim, eu posso), enquanto mostra os participantes em ação.
Alguns tocam instrumentos, outros
praticam esportes, enquanto há os que realizam tarefas do dia a dia, como uma
mãe sem os braços que cuida de um bebê, ou outra, também amputada, que coloca
gasolina no carro.
A mensagem "Yes, I can"
é muito forte e representativa.
Sim, pessoas com deficiência são
aptas a fazer tudo. Mas colar o rótulo de super-humanos nos para-atletas apenas
reforça o conceito de que são especiais, e não igualmente capazes, além de
enfraquecer o que realmente precisa ser valorizado.
Cheira a condescendência,
artifício barato, tal qual chamar a terceira idade de "melhor idade"
como forma de valorizar essa fase.
Envelhecer deixou de ser atestado
de invalidez, mas cravar que é a melhor fase da vida é uma falácia.
Pergunte a qualquer pessoa com
mais de 70.
Para-atletas se destacam porque
acordam cedo, treinam, são dedicados.
Os superpoderes são a dedicação,
o empenho, a vontade de derrubar barreiras de preconceito, quebrar recordes
pessoais.
Não precisamos tratá-los como
super-humanos.
Um bom começo é enxergá-los como
humanos.
Os ex-atletas que ainda faturam milhões...
10 Magic Johnson (16 milhões de
euros)
Johnson possuiu ações do Lakers,
no basquetebol, do LA Dodgers, no basebol e do Los Angeles FC, no futebol...
Além disso, tem negócios
relacionados ao teatro, televisão, seguros e outros serviços.
09 Gary Player (16,75 milhões de
euros)
Ex-jogador de golfe, o
sul-africano é considerado um dos melhores da história...
Arquiteto, montou um escritório
especializado em Campos de Golf com mais de 300 projetos realizados.
08 Roger Penske (17,75 milhões de
euros)
O ex-piloto americanos possui uma
escuderia na NASCAR e é um dos diretores da Companhia General Eletric...
Além disso, foi presidente da
Super Bow XL em Detroit.
07 Shaquille O’Neil (19,50
milhões de euros)
Atualmente se dedica a comentar
partidas de NBA e a comparecer como convidado especial nas festas do
basquetebol.
06 Jack Nicklaus (23 milhões de
euros)
Um dos grandes ícones do golfe...
O americano ganha a vida
desenhando campos de golfe.
Também, organiza um dos circuitos
do PGA tour...
Escreveu alguns livros sobre o
esporte.
05 Jerry Richardson (26,5 milhões
de euros)
Foi jogador de futebol americano
e campeão da NFL e é proprietário de uma das franquias da liga – o Carolina
Panthers...
É também um dos fundadores da
empresa Spartan Foods.
04 Junior Bridgeman (28,5 milhões
de euros)
A equipe do Milwakee Bucks retirou de sua
camisa o número usado por ele quando deixou basquetebol...
Agora, Junior Bridgeman é o
presidente da empresa de comida rápida que possui a a famosa cadeia Wendy’s y
Chilly’s.
03 Arnold Palmer (35,5 milhões de
euros)
O ex-golfista de 87 anos,
continua a fazer dinheiro graças a venda de seus direitos de imagem...
Palmer também fatura com a cessão
de seu nome para uso de uma gama de produtos, associações e eventos.
02 David Beckham (57,5 milhões de
euros)
Ele continua uma máquina de fazer
dinheiro por meio de sua imagem...
Em segundo lugar como um dos
ex-atletas que mais faturam no mundo, Beckham é um ícone no mundo da moda,
apesar de ter sua história ligada ao futebol.
01 Michael Jordan (97,5 millones
de euros)
O número 1 é o principal
acionista do Charlotte Hornets da NBA...
A venda da marca Jordan lhe gerou
cerca de 100 milhões de dólares.
Além disso, outras empresas
utilizam seu nome...
Com, por exemplo, Gatorade, Upper
Deck, Hanes o Five Star.
sábado, setembro 17, 2016
O fim da geral e a elitização do futebol...
Entendendo que o futebol é uma representação fiel de nossa realidade, surge o documentário “Adeus, Geral”, que teve seu início a partir de um trabalho escolar de Geografia sobre "muros sociais".
O filme busca explorar a elitização do futebol brasileiro, que exclui dos estádios as camadas mais pobres da população.
Produzido por 5 alunos do Ensino Médio, movidos pelo sentimento de expor as injustiças que esse muro social representa, deu voz a torcedores, jornalistas, técnicos e ex-jogadores para entender o que significa essa tendência.
Participam, com depoimentos, nomes como os jornalistas Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira, o ex-técnico do Corinthians, Tite, o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, o ex-jogador Alex e membros das principais torcidas organizadas de São Paulo.
O brasileiro é mesmo fanático por seu time?
O brasileiro é mesmo tão
apaixonado pelo time de futebol que torce?
Uma nova pesquisa do SPC aponta
duas conclusões: o torcedor não é tão fanático quanto ele pensa e ter a maior
torcida não diz muito se ela não for engajada ao clube
Rodrigo Capello para a revista “Época”.
“O Flamengo tem 35 milhões de torcedores.”
“O Corinthians possui 30 milhões
de fãs.”
As frases saem da boca de
dirigentes toda vez que precisam “vender” o clube – para conseguir um
patrocinador, por exemplo – e de torcedores na hora de contar vantagem nos
bares e nas redes sociais.
Há derivações para quase todo
time de futebol brasileiro que se considera "grande".
Pare para refletir.
A torcida de seu clube é mesmo
tão numerosa assim?
Ou melhor: ela é tão apaixonada
quanto as afirmações de grandeza fazem parecer?
O modo como o mercado conta
torcedores é conhecido: institutos como Datafolha e Ibope fazem pesquisas
amostrais e determinam que, de toda população, 18% torcem para o Flamengo e 16%
para o Corinthians.
Esses percentuais em um país com
mais de 200 milhões de habitantes fazem qualquer um parecer gigante.
Mas a conta não deveria ser tão
simples assim.
Afinal, se há tantos milhões de
torcedores no Brasil, como conceber que o Campeonato Brasileiro tenha uma média
de público em torno de 17 mil pagantes por jogo?
A resposta está em quão
apaixonados são esses milhões.
As torcidas de futebol podem ser
colocadas em réguas de engajamento.
O fulano que está lá no topo é
aquele que lê as notícias do clube, vai ao estádio, viaja para ver o time jogar
fora de casa, paga mensalidades de sócio-torcedor e assina pacotes de
pay-per-view.
Sente-se mal quando o time perde
e gasta mais do que poderia com seus produtos.
É o fanático.
O fã.
O sujeito que fica na outra ponta
simpatiza pelo clube, diz que torce por ele, mas não faz nada disso com tanta
frequência.
Assiste aos jogos e compra
produtos eventualmente.
Não tem tanto envolvimento
emocional assim.
Na teoria, tudo certo. Na prática
é que o problema engrossa.
A medição do engajamento de cada
torcedor é rara dentro dos próprios clubes – os departamentos de marketing,
quando têm equipe, investem seus esforços mais em tarefas comerciais, como
buscar patrocinadores, do que efetivamente de marketing, algo que envolve
pesquisa.
No mercado, de modo conjuntural,
as pesquisas são ainda mais raras.
A boa-nova é que o Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC), aquele órgão reconhecido por cobrar dívidas, fez uma
pesquisa que levou em conta as diferenças entre fanáticos e simpatizantes.
Os torcedores brasileiros acham
ser mais fanáticos do que realmente são.
Ao responder ao questionário do
SPC, metade dos entrevistados, 50%, afirmou ser “aficionada”, o mais elevado
nível de engajamento. Só 13% se identificaram como “simpatizantes”.
O órgão então fez perguntas mais
direcionadas para “checar” se aquela impressão era real.
Com que frequência você lê
notícias sobre seu time?
A quantos jogos assistiu no
último mês?
Assim em diante o SPC identificou
que a prática está distante do discurso.
Na régua da entidade, só 8% são
“aficionados” e 43% são “simpatizantes”.
Não amamos tanto assim.
O SPC também montou uma tabela
que divide os torcedores por time em “aficionados”, “médios” e “simpatizantes”.
Prepare-se para a polêmica.
O São Paulo, campeoníssimo na década
de 2000, tem uma proporção maior de simpatizantes do que de aficionados.
O Palmeiras, pelo contrário, tem
mais aficionados do que simpatizantes.
Na prática, isso quer dizer que,
apesar de os são-paulinos aparecerem à frente dos palmeirenses em pesquisas de
tamanho de torcida tradicionais, como a do Datafolha, os palmeirenses consomem
o clube com mais intensidade.
Se você lembrar que o Palmeiras
teve uma média de 29.633 pagantes por jogo no Brasileiro de 2015 enquanto o São
Paulo ficou em 20.562, a conclusão do SPC ganha mais um indicador que a
corrobora.
É claro que as conclusões merecem
um paragrafão de ressalvas.
A pesquisa do SPC, como as do
Ibope e da Datafolha, é amostral e, portanto, não deve ser considerada como
definitiva.
Uma coisa é entrevistar os 200
milhões de brasileiros para ter certezas, mas aí haja custo.
Outra é entrevistar 620 pessoas
em 27 capitais e estimar o comportamento de grupos maiores a partir da amostra.
O método é sério, embasa
pesquisas no esporte, na política e na economia, mas tem uma margem de erro.
No caso são 3,5 pontos
percentuais que podem mudar os resultados de figura.
Mais: a pesquisa do SPC descartou
entrevistados que não gostam de futebol.
Isso porque o valor que elas
gastam com futebol, por exemplo, quase nada, puxaria a média toda para baixo, e
o intuito do órgão era entender padrões de consumo do torcedor, não da
população.
Tenha em mente: a pesquisa tem
limitações.
Mas é um bom ponto de partida
para qualificar o debate sobre os milhões de apaixonados por futebol.
O vice-presidente do América não gosta em clichês e nem tão pouco tem mais paciência...
O vice-presidente do América,
José Medeiros, em seu blog, o “Mecão Voz e Vez”, deixou claro duas coisas:
A primeira é que não gosta de
clichês...
“Sem essa de eu acredito... Tenho horror à esta frase. Para mim é
sinônimo de mau presságio”.
E a segunda é que sua paciência
já se foi faz tempo...
“Impossível acreditar que nossos atletas sejam perdedores assumidos,
fracos e sem vergonha na cara. Impossível aceitar que 101 anos de glórias
possam descer ralo a baixo por absoluta falta de compromisso com nossa
história. Está na hora de reagir, de honrar nosso escudo, nossa torcida e,
acima de tudo, seus próprios nomes. Viu, senhor treinador e demais atletas?
Estão cientes, né? ”
O ABC está classificado, mas tem que brigar pela primeira ou segurar a segunda posição... e é aí que entra o Botafogo da Paraíba.
Antes de pensar em mata-mata, o
ABC deve se concentrar no ASA...
Essa é a partida que vai definir
contra quem o ABC decidirá seu destino na Série C.
A situação do alvinegro é a
seguinte:
Vencendo o ASA, precisa que
Botafogo da Paraíba vença ou empate com o Fortaleza para garantir a primeira
colocação no grupo...
Se empatar, terá que torcer por
uma vitória do Botafogo por um placar inferior a 3 gols, para continuar com a
primeira posição.
Em caso de derrota, o alvinegro
viverá uma situação “estranha”...
Ficara na dependência do Botafogo
para segurar a segunda colocação.
Derrotado o Botafogo permanece
com 27 pontos e o ABC está garantido na posição número dois...
Se empatar o Botafogo, chega aos
28 e não alcança o ABC, mas se vencer, chega aos 30 pontos, assume
a primeira posição e pelo saldo de gols, coloca o Fortaleza no terceiro posto.
Olympique de Marselha é vendido a investidor americano por R$ 168 milhões...
O norte-americano Frank McCourt
desembolsou 45 milhões de euros (R$ 168 milhões) para adquirir o Olympique de
Marselha...
A informação confirmada pela ESPN
partiu do jornal francês L'Équipe.
A oferta, aconteceu no final de
agosto e foi aceita pela proprietária Margarita Louis-Dreyfus...
O negócio tem que ser formalizado
nas próximas semanas.
"Não quero dar números
concretos, mas o orçamento aumentará. Queremos competir com o Paris
Saint-Germain, estar no Top-3 da França", afirmou o novo proprietário.
A brasileira Carolina Schrappe é a nova recordista de mergulho livre...
A apneista paranaense Carolina
Schrappe bateu o recorde sul-americano de mergulho livre, na disciplina de
lastro variável, em Bonaire, no Caribe.
Para conseguir o feito Carolina
precisou prender a respiração, descer a 95 metros de profundidade com a ajuda
de lastro e retornar com a ajuda de uma nadadeira...
Tudo isso sem cilindro e nenhuma fonte
de ar.
quinta-feira, setembro 15, 2016
O América precisa dar um reset e rearrumar seus aplicativos...
Diretor tenta limitar questões em
coletiva e constrange técnico do América-RN
Por Augusto César Gomes para o
Globo Esporte.com
Ameaçado de ser rebaixado para a
Série D do Campeonato Brasileiro, o América-RN, parece, gosta de criar
problemas.
O desta quarta-feira não foi tão
grave, mas merece o registro.
A imprensa esportiva foi à Arena
das Dunas para cobrir a coletiva do técnico Francisco Diá - o treinamento, de
conhecimento de todos, era fechado.
A entrevista sofreu um pequeno
atraso devido a uma reunião entre ex-presidentes, dirigentes, comissão técnica
e jogadores.
Nada demais.
Quando todos estavam prontos no
auditório da Arena, o diretor de futebol do Alvirrubro, Iury Bagadão, se
dirigiu aos jornalistas com um pedido, assim, que não era necessário.
Sem querer ser filmado,
"pediu" para que a imprensa tratasse apenas de futebol, da partida contra
o Remo, e "esquecesse" os problemas vividos pelo clube.
Por exemplo: como não perguntar a
Diá sobre a saída de Lúcio Curió?
Como não perguntar sobre a
presença dos ex-presidentes em reunião antes do treino?
Os jornalistas presentes,
obviamente, reclamaram do tal pedido de "apoio" e
"compreensão".
Bagadão falou que não se tratava
de censura, mas, após a indignação dos repórteres, ainda ameaçou cancelar a
coletiva.
O dirigente cogitou também que as
perguntas sobre os problemas (extracampo?) fossem dirigidas a ele, e não ao
treinador.
Claro que ninguém aceitou.
Diá ficou visivelmente
constrangido com a situação e falou que responderia qualquer questionamento
normalmente, como sempre fez.
O treinador não se curvou ao
falar do momento delicado do América, do seu trabalho à frente da equipe, e
também falou tranquilamente sobre Lúcio Curió.
Às vésperas de um jogo vital para
o clube, os dirigentes teriam que estar preocupados com outros fatores, e não
com uma entrevista coletiva de treinador, principalmente sendo ele um cara
rodado, "macaco velho", como dizemos no popular.
Se, por acaso, alguma pergunta
chateasse Diá, ele mesmo poderia responder "não quero falar sobre este
assunto" e todos respeitariam.
Mas querer direcionar o que a
imprensa vai questionar antes de uma entrevista?
Isto não dá mesmo...
Desgaste desnecessário.
Do blog:
Augusto César Gomes tem razão!
Que desgaste desnecessário...
Que postura deselegante e imprópria.
Um dirigente de futebol pautando
jornalistas...
Exigindo uma amnésia coletiva em
relação aos problemas extracampo.
Que estranho...
Que novidade bizarra.
Foi um show de desinteligência...
Uma aula sobre nada saber sobre
censura.
Tudo na frente do entrevistado...
Que calado e constrangido,
tentava manter as aparências...
Diá precisa de tutor?
Certamente que não.
Diá é adulto, vivido e goza de
boa saúde...
Portanto, capaz de enfrentar perguntas
agradáveis e desagradáveis, com equilíbrio e ponderação.
Por fim, me solidarizo com a
assessoria de imprensa do América, que viu suas funções serem usurpadas...
Lamento que o excelente e
competente trabalho desse pessoal seja atropelado por um gesto que em nada
ajudou ao clube num momento tão difícil.
Pianinho, um time que se você não conhece, devia conhecer...
Desculpe o transtorno, mas
preciso falar do Pianinho
Por Ana Clara Dantas*
Eu o conheci na UFRN....
Essa frase pode parecer romântica
se você imaginar alguém debatendo a atual conjuntura política e o impacto na
mídia brasileira em uma sala sem ar condicionado do Labcom (laboratório de
comunicação do Departamento de Comunicação).
Mas a UFRN em questão era uma
resenha pós-bolsa com uns amigos...
Discutíamos tudo, menos comunicação.
Meus amigos jogam futebol...
Neymar joga futebol...
Eu não jogava, mas fazia as vezes
de comentarista esportiva nas horas vagas.
Ele estava lá.
Com seu uniforme amarelo degradê
e as marcas do futebol moleque...
Nunca vou me esquecer: a música
que tocava era "Nas grades do seu coração", do Grupo Revelação.
Quando a bola rolava, os
jogadores davam a alma em campo...
Trombavam com o adversário,
xingavam o juiz, iam para a torcida.
O esquema tático ofensivo e o
treinador aos berros mostravam que só a vitória interessava e, mesmo que ela
não viesse, o grupo estava unido e focado...
Foi paixão à primeira vista.
Passei algumas madrugadas
conversando com jogadores aposentados para saber mais informações sobre o time...
Buscava alguma forma de levar
essa história para mais pessoas.
Falei com o chefe para que
abrisse uma brechinha em seu programa diário na Rádio Universitária e
comentasse sobre a rodada do final de semana dos Jogos do CCHLA...
Era só uma desculpa para
transformar o Piano neste time que o Brasil aprendeu a amar.
O mata-mata começou e para mim
parecia que a vida começava ali...
Fiz vários amigos novos, conheci
jogadas malandras, vi disputas de pênaltis, jogadores em plena forma física,
escrevi crônicas, enfim, presenciei o auge do verdadeiro futebol...
Dos dez gols que mais gostei 7
foram de Kieza, 3 de Álvaro e todos com passe de Rodolpho.
Aprendi com o Pianinho o que era
Mim Acher, Descubra e Decreto e outras palavras que talvez algumas pessoas não
entendam se não acompanham o COMENTARISTA ESPORTIVO Alexandre Oliveira...
Um dia o time foi eliminado.
No campo e na quadra...
Não foi fácil.
Chorei mais do que no fim do
Exaltasamba ou quando Didico perdoou as pessoas ruins...
Até hoje, não tem um lugar que eu
vá em que alguém não diga, em algum momento:
"Ouvi sua crônica sobre o julgamento do menino Kieza! O time nem
ganhou, né?"
Mas a verdade é que não precisa
de título, eu penso...
Levo o Pianinho para sempre
comigo.
Essa semana vesti a camisa do
Piano...
Achei que fosse chorar, tamanha a
emoção.
Mas o que me deu foi uma felicidade
profunda de poder amar um clube independente da campanha que ele faça...
E ter esse sentimento documentado
em crônicas, textos e comentários ao vivo.
Se falta alguma coisa?
Descubra...
Ana Clara Dantas é aluna de
jornalismo, estagiária da rádio FM Universitária, comentarista do programa “Universidade
do Esporte” da FMU e comentarista do TVU Esporte, primeiro programa de esportes
do Rio Grande do Norte feito por mulheres e caicoense “roxa”.
O Pianinho surgiu da rivalidade futebolística
de um grupo de estudantes de comunicação social apaixonados por futebol, para
disputar os jogos do CCHLA deste ano...
Recém-nascido, o Pianinho já tem
uma ainda pequena, mais apaixonada torcida, cultiva uma rivalidade ferrenha e
feroz com “A Barca” e, mesmo tendo sido eliminado, o time arrebatou o coração
de quem é apaixonado pelo futebol moleque.
Ah...
Esse blogueiro, mesmo tendo total
respeito pela Barca e por outros eventuais adversários, assume sua total
imparcialidade em relação ao Pianinho.
Barcelona aciona o Santos...
Barcelona deve pedir na Fifa 8,3
milhões de euros do Santos no “caso Gabigol”...
3,2 milhões de euros pagos pelo
Barcelona pela prioridade em relação a Gabigol, Victor Andrade e Geuvânio e
mais 5 milhões de euros como multa e indenização.
Com Perrone.
quarta-feira, setembro 14, 2016
O América pode escapar?
A situação do América é irreversível?
Não, não acho...
Apesar de situação ser crítica, desesperadora.
O Remo não é nenhuma “Brastemp”,
muito pelo contrário, é um time limitado e inconstante...
O América também, mas isso nesse
momento pode “ajudar” mais que prejudicar.
Equipes ruins, só tem uma
saída...
Suar a exaustão.
O Remo vai entrar carregando todo
o peso do mundo, já o América, entra praticamente liquidado...
Portanto, não há razão para temer
riscos, segurar placar.
É ir para cima e ver no que vai
dar...
Peitar o Remo sem se importar com
as consequências da ousadia.
Fazer em 90 minutos, num único
jogo tudo o que não foi feito em nove meses...
Todo o resto é conversa sem
nenhum sentido.
Porque mais América e menos ABC?
Hoje recebi uma pergunta
interessante...
Fernando porque você tem escrito
mais sobre o América e tão pouco sobre o ABC?
Ri e respondi...
Pela mesma razão que um médico
numa situação de emergência dará mais atenção a um paciente com infarto e fará
esperar alguém que só tenha luxado um dedo.
O América se debate entre o céu e
o inferno...
O ABC, nesse momento, no máximo, fica
com a terceira posição, mas mesmo assim, ainda poderá brigar para tentar sair
do atoleiro da Série C.
Torcida do Leicester dá exemplo de civilidade e boas relações...
O Leicester City estreia hoje na
Champions League, na Bélgica, contra o Club Brugge...
É costume que, durante o 23°
minuto de todo jogo do Club Brugge em casa, as arquibancadas aplaudam François
Sterchele, ex-atacante que faleceu em um acidente de carro em 2008, aos 26
anos.
Antes da viagem, um grupo de
torcedores do Leicester enviou um e-mail pedindo informações sobre a homenagem...
Devem se juntar, para dar ainda
mais força ao tributo.
O pouco conhecido, mas fascinante mundo das corridas - é um texto grande, mas muito interessante....
Correr sem freio: o bilionário
mercado das corridas pelo mundo
Por que correm?
O que perseguem?
Do que fogem?
A febre do ‘running’ é um
fenômeno global, agitado pela indústria da moda e do esporte
José Luis Barbería para o El Pais
Em uma manhã de julho, o
secretário de Estado de Cultura, José María Lassalle, de 49 anos, chega a seu
escritório, em Madri, depois de correr 13 quilômetros.
Há um brilho de felicidade em seu
semblante.
“Entrar na Casa de Campo, ainda à noite, e me encontrar com o amanhecer
é uma experiência estética e íntima. O sol, tão baixo, era o tapete dos meus
passos, e em meio ao silêncio, eu conseguia me escutar: ouvia minhas pulsações,
notava a progressão do suor, sentia que meu corpo e minha mente estavam em
plena sintonia. Há algo de místico nessas emoções. Acabei de correr com a
sensação de que já estava com o dia feito”.
Por que correm?
O que perseguem?
Do que fogem?
A febre de correr, antes footing¸
agora running, consolida-se como um fenômeno universal que, nos EUA, já
contagiou mais de 50 milhões de pessoas e gera 3 bilhões de dólares
(equivalente a R$ 9,7 bilhões) anualmente.
Não parece ser uma moda
passageira.
Esta paixão coletiva é ampla e
profunda, em uma dupla direção, exterior e interior.
Por trás de cada dorso, há
motivações íntimas e histórias pessoais, muitas vezes enterradas e mimetizadas
na solidão do corredor.
“Comecei depois da repentina morte do meu melhor amigo, maratonista,
que morreu aos 35 anos, vítima de uma leucemia aguda”, conta Juan Soroeta, de
San Sebastián, de 56 anos, professor de Direito Internacional. “Depois de
vários meses de depressão, em homenagem a ele, decidi começar a correr pela
primeira vez na vida e fixei como objetivo sua marca de 2h59min na maratona.
Demorei 10 anos, mas, desde que a alcancei, não parei mais. Já disputei 30
maratonas”.
“Resetar” a mente dessa forma é uma expressão habitual, que invoca
tanto o poder do relaxamento quanto a oportunidade de se rearmar emocionalmente
em um proveitoso processo de reflexão interior.
Quem explica isso é o psiquiatra
Luis Rojas Marcos que, aos 72 anos, não perde uma maratona de Nova York.
“Enquanto corro, frequentemente me vem à mente soluções de problemas
que considerava insolúveis. Tenho a oportunidade de conversar comigo mesmo, de
escutar música ou de compartilhar o tempo com companheiros e entes queridos”.
Todo corredor tem um publicitário
dentro de si, com a mensagem dupla de que esta atividade pode mudar sua vida ou
melhorá-la, e que, colocados na balança, os benefícios pesam muito mais que os
sacrifícios e as lesões.
“Corro porque é divertido, agradável, esclarece a mente, te faz viajar,
fazer amigos, manter-se em forma e conhecer a si mesmo. Inclusive o esforço é
positivo na medida em que fortalece a mente, potencializa a determinação e a
constância”, resume David Cabeza, analista financeiro.
Ao indubitável círculo virtuoso
deste esporte — é saudável, barato, democrático; pode ser praticado quando você
quiser, como quiser, onde quiser, sozinho ou em grupo — cabe questionar suas
próprias sombras: possui um componente viciante e pode induzir à obsessão por
bater marcas e buscar desafios arriscados sem a devida preparação.
Encontrar um lugar nas quinhentas
maratonas que são realizadas anualmente no mundo não é uma tarefa fácil porque
a apoteose da corrida colocou ao alcance das massas a distância mítica dos 42
quilômetros e 195 metros.
Agora, trata-se de se provar na
combinação de esportes — há um corredor de maratonas no triatlo — e em
condições difíceis: competir na montanha, no deserto, na superfície gelada dos
polos..., em temperaturas altíssimas ou com muitos graus abaixo de zero,
carregando comida, com material para acampar.
O mito do super-homem renasce com
as provas extremas de Ironman que proliferam cada vez mais como estrelas de um
fenômeno que abrange tudo: das corridas de 3.000 metros às de 555 quilômetros;
do asfalto à grama, à pedra, à areia ou à neve; do parque urbano aos barrancos
e às altas montanhas.
Há dois milhões e meio de
espanhóis, mesmo número de pares de tênis esportivos que são vendidos por ano,
que correm pelo menos uma vez por semana, em um país no qual a indústria do
setor fatura mais de 300 milhões de euros (equivalente a aproximadamente R$ 1
bilhão) anualmente, e o número de provas atléticas populares superam a marca de
3.000.
Por que Kilian Jornet corre?
“Sempre há razões escondidas que nos conduzem a fazer o que fazemos. É
uma busca que passamos a vida inteira tentando descobrir”, reflete este
ultramaratonista e esquiador de montanha de Sabadell, que inspira os corredores
mais sérios.
Jornet, de 28 anos, um atleta
admirável que ganha tudo e supera os desafios mais exigentes, também tem uma
resposta mais curta:
“Corro, escalo e esquio para me sentir feliz”.
Afirma que ignora suas razões
profundas, mas que talvez tenha a ver com a “nossa
natureza animal, a busca de si mesmo por meio da exploração dos limites, a
maravilha das paisagens e também com o limbo localizado entre a ilusão que me
aproxima da morte e a reflexão que me mantém na vida”.
Apesar de as competições
populares oferecerem com frequência cenas de sofrimento e até mesmo um pouco
patéticas, convém não se deixar levar de antemão pela comiseração, nem mesmo
diante do corredor torturado, espasmódico, que se contorce na corrida.
Os espectadores precisam saber
que essas pessoas investem na dor em busca do prazer que terão mais tarde e
que, no exercício masoquista de sofrer antes de ter prazer, eles mesmos
procuram substâncias dopantes que inibem os alertas de fadiga e amenizam seu
calvário.
O cérebro entra em ação quando os
músculos queimam com ácido lático e o corpo grita “pare, acabe com o tormento”.
Está demonstrado que o exercício
físico estimula a produção de serotonina no cérebro e que este hormônio
facilita as emoções positivas e protege da depressão.
“O corpo cultiva substâncias que oferecem um tom vital alto e
repercutem positivamente no chamado hormônio da felicidade. Ao correr, nós nos
beneficiamos deste estado de bem-estar”, destaca Francesc Torralba,
filósofo, autor do livro Correr para pensar e sentir (Lectio).
Chegar à meta, cumprir com o
objetivo, sobreviver aos desafios difíceis, tudo isso coloca o corredor em uma
espécie de nirvana emocional, um estado de euforia que ativa um circuito de
auto-confiança, reposição de energias e ansiedade de voltar, por mais que
terminem cansados, jurando e mentindo que nunca mais se submeterão a este tipo
de padecimento.
Marta Carrasco, de 39 anos, dois
filhos, auditora na Deloitte — o clube de corredores desta empresa tem mais de
200 empregados —, terminou sua travessia de 115 quilômetros de montanha com
esta exclamação: “Nunca mais!”.
Disse que não compartilha do
furor geral, que passa por treinadores e dietas pessoais, que apenas corre para
relaxar e se manter em forma.
No entanto, qualquer corredor
experiente deixará esta promessa suspensa, porque, passado um tempo, Marta pode
muito bem reconsiderar sua decisão e voltar a correr.
“Às vezes, eu mesma me assusto ao ver a dependência real que este vício
causa. O corpo pede para correr todos os dias, esteja como esteja”, afirma
David Rodrigo, de 36 anos, técnico de edição que trabalha em La Sexta.
“Quando um esportista não pode fazer exercício, sente-se como um gato
enclausurado, porque precisa da sua dose de endorfina diária”, afirma Ana
García Orden, maratonista, funcionária do Bankinter, que separa os corredores
entre os que fazem deste esporte uma filosofia de vida e os que se movem por
instinto de manada, arriscando-se sem a imprescindível preparação.
Todo corredor de maratona sabe
que competir contra seus próprios limites ou contra os demais significa testar
não apenas a preparação física adquirida, mas também a inteligência e o
temperamento.
Sabe que nem sempre ganham os
mais bem-dotados e que a droga mais poderosa é a que o cérebro fabrica quando,
geralmente passado o quilômetro 30, aparece o que chamam de “muro”, esta grande barreira fisiológica
e mental que esvazia as forças e o aprisiona em uma sensação de que está
correndo sem avançar, como se estivesse preso à fita elástica da academia.
Martín Fiz conhece perfeitamente
essa sensação porque também é um pesadelo recorrente em seus sonhos.
Campeão do mundo de maratona em
1999, Martín Fiz tem o mérito de ter vencido em algumas provas os quenianos e
os etíopes, cuja supremacia na longa distância é esmagadora há décadas.
O domínio africano viria a
ratificar a tese antropológica “nascidos
para correr”, que explica o salto evolutivo humano pela sua capacidade de
perseguir e escapar dos animais na corrida.
Sem a velocidade máxima de suas
presas, os humanos optaram por se especializarem em persistir na corrida.
Isso explicaria os ligamentos da
nuca, na base do crânio, que nos permitem manter a cabeça imóvel durante a
corrida, os potentes músculos dos glúteos, que impulsionam as pernas, e os
tendões e ligamentos dos pés e tornozelos, imprescindíveis para correr em velocidade.
“Fomos desenhados para corrermos descalços. As meias e os sapatos atuam
como mordaças que se aproveitam de nossos pés e os impedem de reagir aos
estímulos de acordo com sua natureza. Imagine o que aconteceria com nossas mãos
se as mantivéssemos sempre dentro de luvas de boxe”, explica Enric Gómez,
de 52 anos, maratonista de San Cugat del Vallés (Barcelona).
Em 2012, antes de participar da
Maratona do Polo Norte — prova que exige 11.900 euros de inscrição —, Enric
Gómez treinou durante meses com uma bicicleta estática no interior de câmeras
frigoríficas industriais de pesca e confeitarias para se aclimatar aos 29 graus
abaixo de zero que encontrou na corrida.
Partidário do “descalcismo” e do
“minimalismo” — usa apenas sandálias huaraches, um tipo de sandália mexicana,
similares às dos índios mexicanos tarahumaras, nas competições de montanha —,
corre descalço há quatro anos e afirma que, depois de uma lenta e cuidadosa
adaptação, livrou-se das lesões e das fraturas.
“Os pés ficaram mais largos e a pele e o amortecedor do metatarso
ficaram mais grossos”.
Lembra que, no começo, treinava à
noite porque tinha vergonha de ser visto correndo descalço. Em 1960, o grande
Abebe Bikila ganhou descalço a maratona olímpica de Roma, mas é apenas agora
que a indústria coloca à venda sapatos “luvas
para os pés”, inspiradas no lema “corra
descalço”.
A hegemonia dos atletas africanos
baseia-se, pelo visto, na genética de populações secularmente isoladas e
acostumadas a correr vários quilômetros com frequência, assim como as vantagens
que tiram da vida na altitude.
Martín Fiz acrescenta a essas
razões a necessidade de sair da pobreza e a assimilação de valores como o
esforço, a austeridade, a humildade e a capacidade de sofrer.
“Acredito que, se um dia os espanhóis pudessem competir com os
quenianos, seria porque compartilhamos de algumas dessas qualidades. Meus pais
deixaram seu povoado em Salamanca para ganhar a vida em Álava; Abel Antón é de
um povoado de Soria, o mesmo de Fermín Cacho. Desde pequeno, eu sempre soube
que meu nível de resistência ao sofrimento era alto e que me testaria em provas
agônicas”.
Aos 53 anos, o atleta vitoriano
ainda se anima com o “odor dos nervos”
que os maratonistas emitem nos instantes que antecedem a corrida.
A verdadeira maratona começa para
ele a partir dos primeiros 30 quilômetros, quando chega “o momento da verdade” e precisa enfrentar o “muro”, no limite do sofrimento humanamente razoável.
“Eu sou forte nesses momentos. Repito para mim mesmo que nasci para
isto, concentro-me e apenas escuto, em um murmúrio, os gritos de ‘Fiz, Fiz!’,
‘Vamos, Martín!’. Eu me imagino erguendo os braços, subindo ao pódio; penso em
meu pai, que se sacrificou para que eu tivesse meus primeiros tênis de
corrida”.
Não existe uma fórmula.
Para disputar a maratona, esse “Everest urbano”, todo corredor tem de
conceber sua estratégia de sobrevivência mental e aferrar-se à ideia de que os
limites não são inamovíveis.
Em Nascido para Correr (Editora
Globo), a famosa obra de Christopher McDougall, se diz que um homem de 95 anos
fez 40 quilômetros de montanha porque “ninguém
nunca tinha dito que ele não poderia fazê-lo”; ninguém lhe havia dito que
seu negócio era definhar moribundo num lar de idosos.
Haruki Murakami recolhe em seu
livro Do que Eu Falo Quando Eu Falo de Corrida (Alfaguara Brasil) o mantra que
um maratonista recitava desde o quilômetro 1: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional, depende de cada um”.
Na mesma obra, o escritor japonês
fala da experiência metafísica que experimentou durante uma longa corrida.
“Tive de lançar mão de todo o meu repertório de recursos: não sou
humano, sou uma máquina e não tenho que sentir nada. Repeti essa frase até o
momento mágico (...). Ao chegar ao quilômetro 75, senti como se meu corpo
tivesse atravessado uma parede de pedra e passado para o outro lado”.
A partir daí o cansaço deixou de
ser um problema.
Durante o restante da prova, “correu como o vento” e ultrapassou 200
corredores.
“Se há um adversário que você deve vencer na sua corrida de longa
distância, é você”.
Nos momentos em que se trata de
enganar o corpo e combater seus pedidos para cessar o suplício, há corredores
que recitam orações curtas e mantras de autoajuda:
“Confie em você”, “Você não está sozinho”; que revivem cenas
alegres; que se reveem na criança que acreditam ter sido; que pensam no filho,
que os espera na chegada; na mãe, na namorada, na festa, nos propósitos-álibis
que os empurram:
“Corro contra a espinha bífida”, “a violência de género”, “o câncer de
mama”, “pelas pesquisas sobre leucemia infantil”, “pela independência do meu
país”, “a favor dos animais”...
Poucos reconhecem que sofrem da
síndrome de Peter Pan e que, pela mesma razão que romperam com a mulher ou o
marido, correm para se libertar do peso dos anos e voltar a se sentir jovens.
Outros ocupam assim seu tempo de
deslocamentos forçados e se desafogam.
Existe de tudo, também
frivolidade e extravagância crescentes nas pseudocorridas temáticas — do
garrafão, da batalha campal, da lama —, em nítido contraste com projetos em que
a humildade acompanha a qualidade e a solidariedade.
“Uma das melhores corridas é a Hardrock 100. Não há pódio, todos os que
terminam são chamados e aplaudidos de forma igual, e tampouco há diferença na
inscrição”, diz Kilian Jornet.
Em sua opinião, o esporte é uma
manifestação extrema de um mundo muito hierarquizado.
Martín Fiz vê com apreensão o
avanço do verão.
Depois de ter corrido 300.000
quilômetros, a vida útil de um bom automóvel, tem desconfortos em um gêmeo e
precisa se recuperar totalmente para o seu próximo desafio, no dia 25 de
setembro em Berlim.
Quando se aposentou da elite
profissional, Fiz definiu o objetivo de ganhar as seis principais maratonas do
mundo na categoria de corredores com mais de 50 anos.
Já o fez em Nova York, Tóquio e
Boston.
Faltam Berlim, Londres e Chicago.
Não pode parar.
O que faria se não pudesse
continuar correndo, pergunto.
“Eu me sentiria como se estivesse condenado a uma cadeira de rodas.
Acho que poderia fazer mais coisas, mas não sei, precisaria de algo muito
grande para continuar vivendo”, diz Martín Fiz.
A resposta de Kilian Jornet à mesma
questão não difere muito:
“É possível deixar de amar algo que você ama desde sempre? É possível
deixar de amar sua mãe? Exceto por um acidente, parar é impossível para mim”.
Cabe perguntar se existe outro
amor ou hormônio, o da paixão — talvez? —, capaz de por fim a essa dependência
vital e à mensagem subjacente de que parar é morrer.
A incorporação das mulheres ao
esporte ao ar livre é um elemento determinante na eclosão global do fenômeno.
Nas curtas e médias distâncias
elas já são a metade do pelotão.
Sua progressão nas maratonas,
ultramaratonas, provas de trail running (corridas de montanha) e triatlos
Ironman é meteórica, ao ponto de a maratona de Chicago ter uma participação
feminina de 50%.
As mulheres bem preparadas tendem
a alcançar e superar os homens nas corridas mais longas.
De fato, na Leadville Trail 100
Run do Colorado (160 quilômetros) a porcentagem das que terminam a prova é
muito superior à deles.
Como se explica essa alta
competitividade física feminina nas ultramaratonas?
Os fisiologistas argumentam que o
glicogênio do corpo, associado coloquialmente pelo seu desempenho com a
gasolina aditivada, acaba em torno do quilômetro 30 — o fatídico trecho do muro
—, e tem de ser substituído por gordura, componente diesel que as mulheres têm
com maior disponibilidade.
A jornalista Cristina Mitre,
fundadora do movimento Mulheres que Correm, começou para perder peso, mas
encontrou nessa atividade uma proveitosa paixão cheia de sentido.
“Correr me torna poderosa. É como o wasabi no sushi: se você o prova,
já não pode passar sem ele”.
Diz que a corrida alivia muitos
sintomas da menopausa e da menstruação e liberta forças interiores femininas
desconhecidas.
“Cada corrida é uma festa da vitalidade, uma celebração da vida”,
diz essa mulher entusiasta que superou um câncer de ovário e hoje se sente “muito melhor equipada” para fazer
frente a qualquer doença.
Felicidade, liberdade e plenitude
de vida são os maiores estandartes deste fenômeno que gera afinidades e reúne
no mesmo esforço banqueiros e desempregados, jovens e idosos, atletas de elite
e iniciantes.
“Corro para me sentir livre, saudável e em paz comigo mesmo. É uma
obsessão positiva que me ajuda a melhorar”, comenta das Montanhas Rochosas
do Colorado (EUA) o empresário e economista Javier Arroyo, de 44 anos, pai de
dois filhos. Além de resolver o problema do excesso de peso — passou de 110
quilos para 79 —, Juan Rubio, de 45 anos, com dois filhos, diretor de uma
agência de publicidade, encontrou na corrida uma fôrma para construir uma vida
que declara marcada pela felicidade.
“Ser maratonista é parte da minha maneira de ser, porque gosto de
construir pouco a pouco, como se trabalha durante os quatro meses de
treinamento para uma maratona”.
Para Francesc Torralba, a
palavra-chave é libertação.
“Correr é refrescante, te liberta do estresse e das emoções tóxicos e
te reconcilia com a natureza. É uma maneira de escapar e procurar um abrigo, e
também é um laboratório pessoal, em que fluem ideias e pensamentos. Encontro um
vínculo espiritual na medida em que permite a meditação e a oração”, afirma
o filósofo catalão de 49 anos, pai de cinco filhos.
“Correr ensina a se disciplinar e
a enfrentar as dificuldades, além de aumentar a capacidade de sofrimento e de
resistência ao estresse”, destaca David Pérez Renovales, de 50 anos, pai de
dois filhos, diretor da Línea Directa.
Assim como seu irmão Jaime,
secretário do conselho de administração do Banco Santander, David faz parte do
Círculo Empresarial Maratonista, que reúne dezenas de capitães de empresas.
Como muitos outros, os irmãos
Pérez Renovales sempre viajam com os tênis na mala.
“Não há forma mais bonita de conhecer uma cidade que quando se acorda”,
dizem.
De dia ou de noite, no asfalto ou
na terra, tap-tap-tap-tap, os passos dos corredores ressoam em meio mundo como
um sinal dos tempos.
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