quarta-feira, maio 17, 2017

No lugar do fotografo...

Imagem: Tom Jenkins for The Guardian

O lado mais feio do futebol...

Imagem: El País


O martírio dos jogadores abandonados com problemas de saúde

Atletas com doenças crônicas, lesões graves e acidentes de trabalho cobram clubes na Justiça

Por Breiller Pires de São Paulo para o El País


Kauê Siqueira dirigia no caminho que liga São Paulo a Penápolis quando perdeu o controle da direção e capotou o carro no canteiro central da estrada.

Ele foi levado para um hospital público de Bauru, onde entrou em coma por causa de um trauma na cabeça.

O acidente ocorreu em 10 de junho de 2013, duas semanas depois de o meia, então com 21 anos, firmar contrato com o Penapolense para a disputa da quarta divisão do Campeonato Brasileiro.

Durante a recuperação de uma neurocirurgia, que paralisou todo o lado esquerdo de seu corpo, o jogador foi deixado de lado pelo clube.

“Me desrespeitaram como ser humano”, diz Kauê, que passou a engrossar a lista de atletas desamparados no futebol, um panorama que mistura contratos questionados, regras pouco claras e times insolventes.

Visto como um talento potencial, ele foi revelado pelo Santo André e, em 2011, teve 50% de seus direitos econômicos adquiridos pelo grupo DIS, em transação semelhante à de Neymar – que resultou em um imbróglio jurídico devido à suspeita de evasão de valores na transferência do atacante para o Barcelona.

Com passagens por Corinthians e Internacional, o meia chegaria ao Penapolense dois anos depois, parte de um acordo do DIS para fornecer atletas ao clube.

Após o acidente, tanto o time de Penápolis quanto o DIS se recusaram a pagar o tratamento do jogador, que ficou 26 dias internado pelo SUS.

Assim que recebeu alta, ele voltou para São Paulo, onde vivia com a família, e iniciou uma série de exames na Santa Casa.

Foram detectadas sequelas que impossibilitavam seu retorno ao futebol.

Contudo, o Penapolense reintegrou o jogador quando ele deixou de receber o auxílio-doença do INSS e o deixou treinando sozinho, separado do elenco principal e sem receber salário.

Por causa das limitações físicas, mal conseguia chutar uma bola.

Nesse período, o meia recorreu à ajuda de parentes e ao que restava de suas economias para custear o tratamento particular de fisioterapia e o sustento da filha de 4 anos.

Sem condições físicas para voltar a jogar, Kauê decidiu abreviar a carreira aos 22 anos e entrou na Justiça contra o clube cobrando indenização por acidente de trabalho – ele se dirigia ao centro de treinamentos ao capotar o carro –, ressarcimento das despesas médicas e o pagamento de férias e 13º salário.

“Se o clube tivesse prestado assistência desde o início, eu poderia estar jogando novamente”, afirma o meia, que hoje tem 25 anos e ainda sonha com a reabilitação para retomar o ofício nos gramados.

A Justiça lhe deu ganho de causa em primeira instância.

Sua defesa tenta incluir o DIS como corresponsável pela dívida.

O grupo bancava a maior parte do salário do atleta e havia estipulado uma multa de 1 milhão de reais caso ele rescindisse o contrato com a empresa.

Enquanto aguarda julgamento de seu recurso, o Penapolense, que nega ter cometido qualquer irregularidade com o jogador, enfrenta outros dois processos parecidos.

Os zagueiros William e Daniel Miller também acusam o clube de abandono e descumprimento de direitos trabalhistas.

O primeiro sofreu uma pancada na cabeça durante um amistoso contra o Londrina, no Paraná, e ficou internado no hospital municipal da cidade sem nenhum auxílio da delegação, que voltou para Penápolis após o jogo.

Já Miller foi dispensado depois de sete cirurgias no joelho, que o obrigaram a encerrar a carreira aos 24 anos.

De acordo com André Garcia, gerente de futebol do Penapolense, o clube cumpriu as obrigações com os atletas, mas pretende respeitar a decisão judicial em todos os casos.

O grupo DIS, que também detinha parte dos direitos econômicos de William, afirma que atuava apenas como investidor dos atletas e que, portanto, não se responsabiliza por custos empregatícios.

Profissão de risco

Os irmãos Filipe e Thiago Rino se especializaram em causas trabalhistas no direito esportivo.

A cada mês, o escritório dos advogados protocola cerca de 100 processos em nome de jogadores na Justiça.

A maior parte deles coincide com o fim dos campeonatos estaduais, em que clubes pequenos, com baixo orçamento, muitas vezes não conseguem honrar seus compromissos e dão calote em milhares de atletas pelo país.

Em São Paulo, de acordo com o Sindicato dos Atletas, foram quase 500 processos trabalhistas nos últimos dois anos.

Aproximadamente 40% das ações se referem à saúde dos trabalhadores da bola que acabam negligenciados pelos clubes.

“Abandonar jogadores lesionados e doentes à própria sorte virou uma praxe dos dirigentes. A maioria dos clubes se preocupa apenas com o resultado, e não com o lado humano de seus empregados”, afirma Thiago Rino, que representa Kauê, William e Daniel nas ações contra o Penapolense.

Em casos de enfermidade ou lesão, os departamentos jurídicos dos clubes costumam dizer que o jogador já apresentava uma condição preexistente para justificar o rompimento do vínculo.

Entretanto, para Filipe Rino, essa argumentação não se sustenta nos tribunais.

“Todo contrato entre clube e atleta tem a assinatura de um médico, que é o responsável por liberá-lo para a prática esportiva. A partir do momento em que o compromisso é firmado, não há como atribuir eventuais problemas de saúde ou lesões a um período anterior ao registro do contrato”, explica o advogado.

Henrique Choco descobriu uma arritmia cardíaca durante o exame admissional no CSA, de Alagoas.

Ainda assim, o clube decidiu contratar o volante.

Ele afirma ter passado por procedimentos de cardioversão, que consiste em choques elétricos no coração, antes de algumas partidas.

Uma das sessões teria acontecido na véspera da final do Campeonato Alagoano, contra o CRB.

Todavia continuava sentindo falta de ar e tontura em campo.

Ao fim do torneio, Choco fez uma cirurgia cardiovascular, mas o clube o dispensou um mês depois da operação.

O antigo capitão do time conta que havia assinado um novo contrato com o CSA até novembro de 2016, que só não foi registrado por conta de seu estado de saúde.

“O presidente [Rafael Tenório], que me chamava de ‘filho’, comparou minha situação à do Serginho [zagueiro que morreu após uma parada cardíaca durante o confronto entre São Caetano e São Paulo, em 2004]. Ele disse que seria arriscado me manter no clube e falou para eu procurar outra coisa pra fazer”, diz o volante de 27 anos, que desde então não jogou mais futebol.

Rafael Tenório, mandatário do CSA, que se defende de uma ação trabalhista, nega ter submetido o jogador a choques elétricos e argumenta que o contrato dele havia terminado.

“Agimos de forma correta com o Choco. Vamos provar que essa reclamação não tem fundamento.”

Condições precárias de trabalho também colocam jogadores em risco.

Somente este ano, sindicatos de atletas e Ministério Público do Trabalho já registraram mais de 50 queixas por maus tratos em clubes de futebol.

Em março, o elenco do União Barbarense foi obrigado a percorrer 240 quilômetros de ônibus no mesmo dia da partida contra o Batatais pela segunda divisão paulista.

Jogadores viajaram deitados no assoalho do ônibus na tentativa de poupar as pernas para o jogo.

O clube terminou o campeonato na última colocação e com pelo menos sete processos por atrasos de salário, incluindo o técnico Edson Leivinha, que comandou a equipe em três partidas.

No início do ano, a Justiça do Trabalho de Santa Bárbara d’Oeste determinou a penhora do estádio do União por dívidas superiores a 8 milhões de reais com atletas que defenderam o clube nos últimos cinco anos.

Um deles é o ex-zagueiro Marcos Aurélio. Em 2014, ele foi dispensado do União após sofrer uma lesão no nervo fibular da perna direita, que comprometeu 75% dos movimentos do pé.

Depois de ganhar a ação na Justiça, ele se tornou, aos 36 anos, o primeiro jogador do Brasil a ter direito a uma pensão vitalícia por invalidez.

Na decisão judicial, o clube foi obrigado a pagar um montante superior a 1 milhão de reais de uma só vez ao atleta.

Porém, mesmo quando favorecidos por sentenças trabalhistas, jogadores são reféns da penúria financeira dos clubes que sequer conseguem arcar com as despesas do dia a dia.

Em abril, o zagueiro Sanny, do Central de Caruaru, afirmou que os atletas haviam ficado mais de seis horas sem alimentação antes de entrar em campo contra o Náutico, pelo Campeonato Pernambucano.

O time, que perdeu por 5 x 0, afastou o defensor após a denúncia.

Na última semana foi a vez do técnico Álvaro Gaia reclamar da estrutura do clube por alojar jogadores que dormiam no chão.

Em 2013, um atacante do América, de Sergipe, desmaiou de fome diante do Confiança.

O clube não tinha dinheiro para pagar o jantar do elenco.

Descaso como regra

Silas Brindeiro fez fama como goleador no interior de São Paulo.

Depois de defender Mogi Mirim e Guarani, ele sagrou-se artilheiro do Capivariano na campanha do título da segunda divisão paulista, em 2014.

No entanto, quando se preparava para disputar a Série A1 no ano seguinte, o centroavante foi diagnosticado com leucemia e teve de interromper o auge nos gramados para tratar do câncer.

Apesar de enfrentar três quimioterapias em dois anos, a doença não regrediu.

O contrato com o Capivariano venceu em abril de 2016. Os custos do tratamento saem de seu bolso.

Aos 29 anos, Silas passou o último 1º de maio internado no CTI de um hospital em Brasília.

Antes de voltar para o leito, com seu estado agravado por uma pneumonia, o ex-goleador lamentava a falta de suporte do time onde virou ídolo.

“Quando eu mais precisei, o clube me deixou na mão”, afirmou.

Ele processou o Capivariano por falta de pagamentos durante o período em que esteve afastado pelo INSS.

Um problema é comum à maioria dos 28.000 jogadores profissionais registrados na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

De um lado, 80% deles ganham até 1.000 reais por mês, boa parte sem carteira assinada, o que dificulta o acesso a benefícios como seguro-desemprego e fundo de garantia.

Do outro, a minoria que recebe mais de 1.000 reais, valores que, em muitos casos, são diluídos em direitos de imagem – um truque dos clubes para reduzir encargos trabalhistas.

A artimanha é sentida pelos jogadores no momento em que precisam recorrer ao INSS, que leva em conta as contribuições previdenciárias com base no salário em carteira e estabelece um teto de 5.531 reais para o pagamento de benefícios como o auxílio-doença.

Raramente os clubes arcam com a diferença entre o salário integral, incluindo direitos de imagem, e o benefício da Previdência ao longo do afastamento de um atleta.

Kauê Siqueira, o atleta que sofreu um acidente de carro, por exemplo, recebia 1.500 reais em carteira do Penapolense e 3.500 reais por fora, pagos pelo grupo DIS.

Já Silas Brindeiro viu sua remuneração mensal despencar de 10.000 para 4.000 reais com o auxílio-saúde, pois boa parte dos rendimentos no Capivariano estava atrelada aos direitos de imagem.

Por não se tratar de acidente de trabalho, a doença do atacante não lhe garantiu o direito à estabilidade provisória de 12 meses no emprego, como a legislação determina para evitar que o trabalhador seja demitido após retornar do período de licença médica.

O projeto de lei 166/2016 que tramita no Senado quer estender o benefício a todos os portadores de câncer no país, mas ainda aguarda para ser votado em plenário.

Mesmo em casos de acidente de trabalho, há clubes que ignoram o direito à estabilidade.

Em 2015, o Tupi, de Juiz de Fora, foi condenado a pagar indenização ao meia Hugo Imbelloni, dispensado depois de uma cirurgia no joelho esquerdo.

Como o clube não emitiu o CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), algo corriqueiro em equipes que não assinam a carteira de trabalho de seus atletas, o jogador sequer conseguiu usufruir do auxílio-doença.

Pelo mesmo motivo, o lateral Formiga também processou o Tupi no fim do ano passado.

Ele ainda reivindica indenização pelo fato de o clube não ter contratado o seguro obrigatório de acidentes pessoais, previsto no artigo 45 da Lei Pelé.

“Poucos clubes, mesmo entre os de primeira divisão, se previnem com o seguro para os atletas”, afirma o advogado Thiago Rino.

Reconhecendo isso, a CBF fechou acordo com uma seguradora para garantir o benefício equivalente a 13 salários a todos os atletas com contratos ativos no sistema de registro.

Porém, a apólice oferece cobertura apenas por morte ou invalidez e só entrou em vigor em março de 2016.

Desassistidos, jogadores que amargam lesões e sequelas de trabalho têm de recorrer à Justiça e podem levar mais de uma década para receber dos clubes.

Exceções confirmam a regra. Um erro médico na correção de uma fratura na perna direita forçou Lucas Patrick a abortar a carreira com apenas 20 anos.

O Grêmio Osasco não oferecia o seguro, mas, após uma ação judicial, o clube rapidamente chegou a um acordo para indenizar o jogador.

Na maioria dos casos, entretanto, incapacitados para a atividade futebolística como Kauê, Choco e Silas precisam se desdobrar entre a batalha nos tribunais pela indenização do seguro e os custos elevados do tratamento médico.

Silas Brindeiro, que brilhou pelo Capivariano, que só se pronuncia sobre o tema na Justiça, ainda busca um doador compatível de medula óssea.

Parado há dois anos, o atacante já gastou mais de 15.000 reais em exames não cobertos pelo plano de saúde.

Neste momento, ele alimenta a esperança de um dia voltar a jogar lutando por seus direitos e, acima de tudo, pela vida.

JOGADORES DE CLUBES TRADICIONAIS TAMBÉM SOFREM

Habitual em equipes menores, a indiferença com atletas que peregrinam no estaleiro também atinge o alto escalão da bola.

O caso mais emblemático é o de Everton Costa, que parou de jogar em 2014 depois de passar mal em uma partida pelo Vasco.

Com uma anomalia cardíaca, ele anunciou a aposentadoria aos 29 anos e precisou cobrar direitos trabalhistas tanto da equipe vascaína quanto de seus ex-clubes, Coritiba e Santos – de quem ganhou uma indenização de 350.000 reais.

Seu empresário ainda acusou o time santista de negligência.

Médicos do Peixe teriam deixado de informar o jogador sobre alterações detectadas no exame admissional.

O clube alegou que os resultados não impediam o atleta de seguir praticando futebol.

Em situação semelhante, o Cruzeiro foi condenado a desembolsar 1,3 milhão de reais ao volante Diogo Mucuri por não ter garantido o seguro ao atleta, que encerrou a carreira em 2006 por causa de um infarto.

Em 2014, a Justiça do Trabalho condenou o Ceará a pagar indenização ao zagueiro Thiago Geraldo, demitido após uma lesão no joelho.

Já este ano, o volante Sandro Silva, com passagens por Vasco e Palmeiras, disputou apenas sete jogos pela Portuguesa até romper os ligamentos do tornozelo.

Ele foi dispensado sem tratamento adequado e exige do clube ao menos o pagamento da cirurgia, avaliada em 45.000 reais.

O QUE DIZ A LEI PELÉ

Art. 45. As entidades de prática desportiva são obrigadas a contratar seguro de vida e de acidentes pessoais, vinculado à atividade desportiva, para os atletas profissionais, com o objetivo de cobrir os riscos a que eles estão sujeitos.

§ 1º A importância segurada deve garantir ao atleta profissional, ou ao beneficiário por ele indicado no contrato de seguro, o direito a indenização mínima correspondente ao valor anual da remuneração pactuada.

§ 2º A entidade de prática desportiva é responsável pelas despesas médico-hospitalares e de medicamentos necessários ao restabelecimento do atleta enquanto a seguradora não fizer o pagamento da indenização a que se refere o § 1o deste artigo.

terça-feira, maio 16, 2017

O mascote do 1.FC Köln...

Imagem: 1.FC Köln

A goleira que reinventou o tiro de meta e quase estragou a festa das rivais...


União 5 x 0 Alecrim: A goleira que reinventou o tiro de meta e quase estragou a festa das rivais

Por Ana Clara Dantas - comentarista do TVU Esporte da TV Universitária e do Universidade do Esporte, da radio 88,9 - FM Universitária de Natal/RN

Carla jogava bola na rua, ouvia gritos de “mulherzinha”, como se fosse xingamento ser mulher.

Com a Mila não foi diferente.

Pequenina, mas com atrevimento enorme, ela fez muito moleque esquecer os fundamentos mais básicos do futebol.

Carla foi pro gol.

Talvez por identificação, talvez por pura necessidade.

Mila ainda inferniza defesas alheias.

Bom, talvez nem tenha sido assim mesmo a caminhada dessas duas.

O que eu sei é que depois de muitos treinos, rachões, e jogos, elas ficaram frente a frente no Campeonato Potiguar.

Carla é goleira do Alecrim.

Time que, por si só, merece um parágrafo à parte como a personificação do mais desvairados dos amores futebolísticos.

Mas voltando às meninas...

Mila é a que muda o jogo.

Ela que resolve pro União.

É por ela que estamos no estádio.

Sem sua genialidade o mundo seria o mesmo, mas eu não daria esse sorriso besta de quem acabou de vê-la achar espaço até não caber mais e só parar na goleira Carla.

Ah, Carla.

E esse sol infernal?

O gramado tá meio ruim, né?

O Alecrim não ataca muito, então segura aí.

Mas só dá União.

E lá vem a Mila.

Aí já foi.

É gol.

Carla manda o time pra frente.

Como diz a gíria do futebol moderno: “Vamos, agredir o adversário, porra!”.

Tiro de meta pro Alecrim.

União recupera a bola.

Mila tenta.

Carla foi buscar.

Tiro de meta pro Alecrim e de novo o União recupera.

Mila chega.

Mas Carla parece decidida.

Aqui não!

E o jogo segue nessa sequência interminável: Tiro de Meta - União recupera - chega em Mila - bate pro gol - CARLAAAAA.

Na arquibancada alguém sentencia: “Ela vai entregar dez tiros de meta e vai fazer dez defesas”.

O mais tropicalista dos Caetanos diria: “Que loucura!”.

Mas quando o improvável entra em campo, o talento trata de colocar tudo no lugar.

Mila estava mordida pra resolver o jogo.

A treinadora da seleção está no estádio, algumas equipes de TV estão presentes, e a luz natural está indo embora enquanto chega o anoitecer.

Isso mesmo, o Estádio vai ficar às escuras.

Alguns dirão que é exagero, mas parece que até o sol, curioso que é, resolveu ficar mais um pouco para ver a Mila jogar e vencer a goleira Carla.

Depois ficou escuro, escuro demais pra ver o que quer que fosse.

Sejam as equipes de TV, seja a treinadora da seleção.

E por mais que a goleira tentasse, parecia estar sempre batendo na porta do céu.

No fim, um resultado expressivo.

União 5 x 0 Alecrim e uma grande história pra contar.

Vence o futebol feminino!

Mais rápido...

Imagem: Will Taylor-Medhurst/Getty Images

Justiça indefere pedido do Globo de Marcone Barreto e FNF apresenta documento provando que o seu presidente não é dono de igreja...

Recebi do jornalista Alan Oliveira as cinco páginas do processo referente a Ação de Obrigação de Fazer c/c Pedido de Tutela Antecipada...

As páginas recebidas estão resumidas no texto abaixo.

Justiça indefere pedido do Globo

O Juiz titular da 18ª Vara Cível da Comarca de Natal, Pedro Rodrigues Caldas Neto, indeferiu nesta segunda-feira (15) o pedido de tutela antecipada formulado pelo Globo Futebol Clube, em ação ajuizada contra a Federação-norte-rio-grandense de Futebol – FNF Processo nº. 0818222-90.2017.8.20.5001.

O Magistrado entendeu que a FNF cumpriu antecipadamente a exigência legal de feitura e publicização de suas contas, por intermédio de divulgação de balanço financeiro.

Além da informação acima, Alan Oliveira me mandou uma consulta realizada no Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis – SINREM, que informa não existir em Alagoas nenhuma empresa registrada na junta comercial daquele Estado em nome de José Vanildo da Silva...

Explico:

A consulta se deu em virtude do prefeito de Ceará-Mirim, segundo, Alan Oliveira, ter afirmado que o presidente da FNF era “dono de uma igreja em Alagoas”...

É sério (risos).

Ao que parece a confusão se deu por serem homônimos, o pastor e o presidente da FNF...

Porém, uma segunda versão afirma que Marcone Barreto caiu numa brincadeira feita nas redes sociais com o fato dos nomes serem idênticos.

Mas, confesso...

Cheguei a imaginar José Vanildo num púlpito, cercado de fiéis completamente embevecidos ouvindo-o cantar as canções de Tim Maia - para quem não sabe, o presidente da FNF é um fã de Tim Maia e o imita muito bem.



O Vasco da Gama e a Série A... mais sofrimento.

Charge: Mário Alberto

O mais bonito gol contra...



Adrien Gulfo da equipe do Pully-Football marcou um golaço de bicicleta na partida contra o Rennens FC... 

O problema é que o gol foi contra. Para sorte de Adrien, sua equipe conseguiu empatar a partida em 3 a 3 e nos pênaltis, venceu por 4 a 3... 

O resultado levou o Pully-Football para a final da Copa do Cantão de Vaud, na Suíça – a Copa do Cantão é para clubes amadores.

White Hart Lane 1940... Tropas britânicas chegam para assistir Tottenham e Arsenal, antes de embarcar para frente de combate na França.

Imagem: H. F. Davis/Topical Press Agency/Hulton Archive/Getty Images

Juventus e Real Madrid, a história se repete...


Revivendo a final de Champions League de 1998 entre Juventus e Real Madrid...

A história se repete.

Por Oscar Cowley, repórter do programa "Universidade do Esporte" da rádio 88,9 - FM Universitária

Há dezenove anos, Juventus e Real Madrid disputavam uma final de Champions League como a que teremos a oportunidade de apreciar no dia 3 de junho, em Cardiff.

O cenário, porém, era diferente.

Se hoje temos como favorito o time espanhol, em 1998 os italianos eram o time mais prestigioso da Europa.

O palco desta vez fora o belo estádio do Ajax, o Amsterdam Arena, que recebeu 48,500 pessoas.

Zidane, agora técnico do Real, comandava a “escuadra” da Juventus junto com uma das maiores lendas do time, Alessandro Del Piero.

Jogadores como Inzaghi (aquele mesmo que depois jogou pelo Milan), Davids, Deschamps, Montero, Conte (hoje técnico do Chelsea), Di Livio e o goleiro Peruzzi (parece difícil de acreditar, mas Buffon ainda não era o goleiro naquela época) completavam um dos elencos mais poderosos da história da Vecchia Signora.

Por outro lado, os merengues buscavam ‘a sétima’ depois de 32 anos de jejum.

Não menos poderoso, o Real Raul, como era conhecido na época, contava com grandes nomes também, como Roberto Carlos, Hierro, Morientes, Seedorf, Mijatovic, Sanchís e, claro, Raul, nome mais que importante para a história ‘blanca’.

No banco de reservas, dois dos técnicos mais vitoriosos do futebol lideravam as equipes, pela Juventus, Marcello Lippi, e no Real, Jupp Heynckes.

Em Amsterdam, a Juventus disputou sua terceira final de Champions consecutiva depois de eliminar o Mônaco nas semifinais.

O confronto contra os franceses, assim como neste ano, ficou marcado pela superioridade mostrada em campo pelo time de Turim.

Além disso, tinham conquistado o campeonato italiano com cómoda vantagem, colocando medo no time espanhol que, por sua vez, atravessava uma fase horrível na liga chegando a disputa apenas na 4° colocação e fora da classificação para a próxima Liga dos Campeões.

Numa atmosfera contagiante, estimulada pela paixão que o povo holandês nutre pelo futebol, o jogo começou favorável para a Juventus que ainda nos primeiros minutos chegou ao gol de Illgner com um chute de fora da área de Deschamps.

Em seguida, com algumas aparições de Zidane, cujo estilo de jogo envolvia uma mistura de elegância e tranquilidade, o clube italiano começava a dominar a partida e criar ocasiões de gol.

Rapidamente, Heynckes notou a necessidade de anular o homem responsável pela maquinaria do time rival colocando Hierro e Redondo para marcar o francês, conseguindo rebaixar quase que de forma total sua autoridade dentro de campo.

A partir daí as chances para o Real começaram a chegar, sendo a mais clara dos pés de Raul que, após uma bela jogada do atacante Mijatovic, acabou finalizando para fora do gol. 

Durante o segundo tempo, a forte marcação sobre Zidane deixou clara a grande dependência que a Juventus sofria do jogador, uma vez que a zona de criação ficou praticamente anulada.

Deschamps e Di Livio, que deveriam complementar esse papel, não apareceram, de forma que a organização de jogo ficou sobre responsabilidade de David que, convenhamos, nunca foi um bom jogador com a bola nos pés (a não ser que isso significasse enfiar uma bomba de qualquer forma no gol).

No momento em que o jogo parecia mais equilibrado, a final sinalou quem seria seu herói da noite.

Chegávamos próximos aos 66’ do segundo tempo, quando o italiano Panucci lançou uma bola na área em busca do homem em quem os madridistas apostavam para decidir o confronto, Raul González.

Porém, o futebol funciona de maneira misteriosa e quiseram os deuses do esporte que o gol fosse marcado pelo jogador mais contestado do time.

Tendo falhado de chegar no espanhol, a bola sobrou para o lateral Roberto Carlos na frontal da área que não pensou duas vezes em rematar no gol com a força característica de sua perna esquerda.

A trajetória, contudo, foi cortada pela zaga da Juventus que, num raro momento de indefinição, deixou a esfera sobrar nos pés de Predrag Mijatovic que com muita tranquilidade tirou do goleiro e anotou o gol que daria o título da ‘sétima’ para o Real Madrid.

Sem dúvida, este foi um daqueles gols capazes de fazer esquecer todos os problemas de uma temporada problemática.

O jogador, nascido na antiga Iugoslávia, mais especificamente na região que hoje corresponde a Montenegro, ainda não tinha anotado um gol sequer na competição europeia e vinha sofrendo duras críticas da prensa espanhola.

Ainda, uma lesão na panturrilha quase o tira do jogo e, de fato, teria sido impedido de jogar pelo seu treinador caso o montenegrino não tivesse escondido a lesão.

Ao rever as imagens do treino antes do jogo, era possível ver como Mijatovic, com as meias bem levantadas, algo atípico no jogador durante essas sessões, tratava de evitar que Heynckes notasse que estava lesionado.

Finalmente o time espanhol conseguiu estar à altura da melhor equipe do momento, desbancando todo o favoritismo dado aos turinenses.

Uma situação parecida com a qual nos deparamos de cara a final deste ano, ainda que com uma inversão de papeis.

Desta vez, será o Real que disputará sua terceira final em apenas quatro anos saindo na frente nas casas de apostas para levar o título.

Porém, se algo podemos aprender com a história é que o jogo se vence no campo, pois no futebol nunca há uma certeza absoluta...

Gostam de coincidências?

Para não “zicar” nenhum dos dois times disponibilizarei uma para cada.

Desde 1989, quando o Milan bateu o Steua Bucaresti, há um campeão italiano há cada 7 anos: Milan (1989), Juventus (1996), Milan (2003), Inter de Milão (2010), e em 2017...

O confronto entre espanhóis e italianos é o que mais vezes ocorreu na decisão da Liga dos Campeões, a Espanha, entretanto, ganha de lavada: cinco títulos contra dois da Itália em sete decisões.

segunda-feira, maio 15, 2017

Parando a jogada por "atropelamento"...

Imagem: Richard Heathcote/Getty Images

Vida de repórter... uma tarde no Frasqueirão.



ABC e Paraná: estava tudo certo, mas deu errado e aí, pensei estou livre.... que nada, fui convocada, vou ao Frasqueirão.

Por Lígia Carvalho – repórter do TVU Esporte da TV Universitária

Segunda-feira, 08 de maio

Foi nesse dia que me ofereci pra cobrir o jogo do ABC na primeira rodada da série B 2017.

Não sei exatamente porque, mas gosto do clima do Frasqueirão.

Lá tem aquele cheiro de futebol raiz, torcida sentada na arquibancada de cimento, que só quem frequenta estádio sabe.

Passei a semana pesquisando e tentando achar algo diferente pra mostrar na matéria que eu ia fazer, afinal, voltar pra série B é uma grande conquista quando avaliamos os tamanhos dos times que temos por aqui.

Sexta, 12 de maio.

Vejo várias mensagens no grupo da tv no WhatsApp.

– “Não vai ter cinegrafista não”.

Não acredito que desperdicei tanto tempo pensando no que ia fazer pra nada.

Mas tem nada não, tenho um aniversário pra ir às 18h30, que eu ia me atrasar, tem UFC, dou um cochilinho à tarde e vou cumprir meus compromissos.

Sábado, 13 de maio, 11h.

-“Lígia, vai lá e faz uns vídeos pro nosso Facebook”, recebi de mensagem da produtora.

Lá vamos nós...

Chego no frasqueirão com meus colegas da tv e da rádio e encontro aquele clima já conhecido.

Torcedores sentados comendo churrasquinho e tomando cerveja, polícia dando baculejo nas organizadas, olhares que pensam “o que essas meninas tão fazendo aqui, sem ser com a camisa do ABC? ”

Sem cinegrafista, entramos e vamos acompanhar o jogo das cadeiras.

Ótimo.

Calor da torcida.

Só que não muito.

Nas cadeiras o clima é diferente...

Senhores, senhoras, não tem aquela animação e banhos de cerveja da arquibancada.

Ficamos ali, conversando algumas besteiras, analisando os jogadores no aquecimento e rindo de Binho, o meu colega da rádio, enquanto esperamos o jogo começar e comemos os salgadinhos do Frasqueirão.

Rola a bola.

Apoio meu pé na cadeira da frente e levo um susto com minha perna caindo.

Cochilei.

“Porra, que jogo modorrento” escuto Ana Clara comentar.

Eu que o diga, penso.

Olho no relógio, quinze minutos de partida.

A bola não sai do meio de campo, nenhum lance de emoção.

Fico ali, entre as pescadas do sono, e os comentários engraçados de Binho e Ana Clara nos meus momentos de lucidez.

Por vezes acordo assustada com gritos...

–“Gegê seu bosta!”, deferidos ao camisa 10 do alvinegro.

Ele não parece muito querido por aqui.

Acabou.

Mas ainda falta o segundo tempo.

Dou aquela despertada e falamos como o jogo está uma merda.

Começo a apostar no zero a zero e todos torcem pra que eu esteja errada.

Os times voltam a campo e logo que a rola bola o juiz para tudo.

Que merda é essa?

Escuto na rádio que um torcedor se acidentou e a ambulância precisou leva-lo ao hospital.

Sem ambulância, sem jogo.

Esperamos.

-“Quanto tempo vai demorar? ”

Olho no relógio e que merda, tá chegando a hora do aniversário que tenho que ir.

-“Vamos invadir esse campo e fazer todo mundo ir embora! ”

-“Marcos Neves tá na arquibancada, vamos brincar de procurar ele”

-“Olha lá Marcos!!! Com a famigerada camisa do Queen. ”

Acenamos e recebemos um aceno de volta.

O jogo recomeça vinte minutos depois.

Puta que pariu, o aniversário.

–“Gegê seu merda! ”.

O ABC tenta e a cada segundo que passa tenho mais certeza do empate sem gols.

 –“Gegê seu bosta! ”.

Geninho troca peças em campo e escuto um comentário na rádio:

“Geninho colocando todas as carnes na churrasqueira”.

Anoto pensando em usar pro resto da vida.

–“Vai pro América seu filho da puta”.

Merda, a aniversariante já chegou, vou perder o bolo e os salgadinhos.

Esse jogo que não acaba...

O juiz dá quatro minutos de acréscimo.

Eu só queria sair dali e ir para a festinha.

Acabou.

Vaias na torcida.

–“Esse Gegê é muito ruim. ”

–“Que saudade de Lucio Flavio”.

–“Falar que esse cara é o diamante negro da frasqueira? Quero o Jones Carioca de volta”.

Escuto atenta os comentários da torcida, afinal, eles com certeza entendem mais de ABC do que eu.

É.… tem que mudar.

O próximo é contra o internacional, fora de casa, que já ganhou de três no primeiro jogo.

Chego no aniversário.

Me esperaram pra cantar parabéns e partir o bolo.

Essa foi a maior felicidade do sábado de futebol.

Chelsea FC... Campeão da Inglaterra 2016/2017.

Imagem: Darren Walsh/Chelsea FC via Getty Images

O pênalti batido por Ryad Mahez foi anulado... dois toques.

Copa da Inglaterra de Futebol Feminino... Manchester City conquista o título.

Imagem: Ross Kinnaird/Getty Images

Futebol Feminino teve a presença da treinadora da seleção brasileira, Emilly Lima...

Imagem: Petras Furtado


Ontem, no Estádio Maria Lama Farache, a bola rolou pelo Campeonato Estadual Feminino...

Quem esteve presente foi a treinadora de seleção brasileira, Emilly Lima – na foto, ladeada por Ana Clara Dantas, comentarista e Amanda Porfírio, produtora e repórter do programa “TVU Esporte” da TV Universitária.

Na rodada dupla, o Cruzeiro de Macaíba venceu o Parnamirim por 4x0...  
                   
E, o Atheneu União derrotou o Alecrim por 5x0.

Os destaques do jogo entre União e Alecrim foram Mila, atacante do União que marcou dois gols e a goleira do Alecrim que evitou que a goleada fosse bem maior.

Middlesbrough, rebaixado...

Imagem: Tom Jenkins for The Guardian 

Grande Prêmio da Catalunha... A grande estrela foi Thomas, um francês de 6 anos.



O pequeno Thomas, de 6 anos, veio com seus pais, Jourdain e Coralice, de Amien, no Norte da França para assistir ao primeiro Grande Prêmio de Fórmula 1 todos em juntos... 

Coralice era a única que já havia assistido um, mas nem ela e nem Jourdain imaginavam que seriam, graças ao pequeno Thomas, uma atração mundial. 

Quando Kimi Raikkonen abandonou a prova, logo depois da largada, após choque com Max Verstappen, o garoto – todo vestido de Ferrari – chorou... 

A imagem rapidamente correu o mundo e Thomas comoveu quem viu.

Cardiff, no País de Gales, se prepara para a final da Champions League...

Imagem: Diário AS

Canindé Pereira e a TV Mecão...

Imagem: Autor Desconhecido


Ontem fui informado que a TV Mecão transmitiria a partida amistosa do América contra o Campinense em Campina Grande pelo YouTube...

Resolvi assistir.

Para minha surpresa, me vi diante de um imenso esforço que merece ser elogiado, mesmo que eu, não costume usar o blog para salamaleques, tenho que reconhecer quer gostei do que vi...

Não vi perfeição, mas gostei da coragem de enfrentar os riscos e fazer acontecer.

A ideia soube depois, partiu do assessor de imprensa do América, Canindé Pereira e, não me surpreendeu...

A vontade de Canindé e a força de Marcelo Montenegro, responsável pelas imagens, permitiram que a torcida do América pudesse acompanhar sua equipe em Campina Grande.

Canindé tem visão, sabe no que pode se transformar uma ideia assim, para o clube, se comprada por quem tenha condições de investir no projeto...

Não sou especialista no assunto, mas não tenho dúvida que plataformas como YouTube, Facebook, Instagram e tantos outros, não são o futuro, são o presente.

Ter seu próprio canal, contar com seus próprios profissionais, gerar suas próprias imagens, criar um conteúdo voltado para seus torcedores e ampliar imensamente a visibilidade de seus patrocinadores é o caminho, mesmo para equipes de menor porte...

Se algum dirigente duvidar, pergunte a quem entende do assunto – eu sou apenas um curioso que ficou feliz em pode ver um jogo que sem a transmissão de Canindé e Marcelo, via YouTube, não veria.

Portanto, não custa nada a direção do América levantar o preço dos equipamentos necessários para melhorar a qualidade das transmissões e começar a dizer para possíveis patrocinadores...

- “Temos nosso canal e espaço para sua marca é o que não vai faltar... topa? ”

Nadal...

Imagem: Pepe Andrés/Diário AS

Os ataques a Richarlyson mostram uma sociedade doente...

Imagem: Diário Popular


Opinião: Richarlyson, um homem exemplar numa sociedade doente

Homofobia prejudicou o jogador e, principalmente, os clubes que deixaram de contratá-lo. Melhor para o Guarani, que ganhou um reforço esportivo e moral

Por Luiz Felipe Castro para a revista VEJA

Um jogador talentoso, campeão nacional, da Libertadores, do Mundial de Clubes e com passagem pela seleção brasileira é apresentado sob bombas de protesto.

O outro, acusado de um crime bárbaro e ainda com problemas a resolver com a Justiça, é recebido com selfies e abraços de mulheres e crianças.

Pode ser exagero comparar o caso de Richarlyson ao do goleiro Bruno, pois a maioria da torcida e da opinião pública apoiou a chegada do primeiro ao Guarani e condenou o Boa Esporte pelo apoio ao arqueiro.

No entanto, a perseguição que sempre acompanhou a carreira do polivalente jogador com passagens por São Paulo e Atlético-MG evidencia o quão intolerante e irracional é a sociedade em que vivemos.

E o problema parece se agravar no futebol, um dos meios mais machistas e, principalmente, cínicos que existe.

Neste cenário, Richarlyson, ainda que sem querer, se tornou um símbolo de resistência extremamente importante. 

A moda (?) de chamar goleiros de “bicha” a cada tiro de meta, por exemplo, invadiu o futebol brasileiro nos últimos anos, vinda do México.

Nem mesmo o combate da Fifa, que já puniu a seleção brasileira com multas, foi capaz de erradicar a boçalidade nos estádios.

Os agressores defendem o argumento de que provocações fazem parte do esporte e que as arquibancadas possuem certas leis não escritas, nas quais preconceitos estão liberados sem que os responsáveis sejam considerados preconceituosos.

“Geração Nutella, frescura, mimimi”, são alguns dos “argumentos” usados.

O ponto é: orientação sexual é ofensa?

Não seria mais inteligente, por exemplo, gritar um quase pueril “frangueiro”?

Isso, sim, é um insulto para um goleiro.

Richarlyson, de 34 anos, conviveu com bobagens deste tipo desde o início de sua carreira, o que sempre rendeu mais assunto do que seu bom futebol.

A imprensa e as redes sociais também contribuíram para o atraso.

“A homofobia veste verde”, estampou uma organizada do Palmeiras numa semana em que sua chegada era especulada.

Anos antes, torcedores do São Paulo gritavam o nome de todos os seus jogadores, menos o de Richarlyson, apesar de todos os serviços prestados pelo jogador no Morumbi.

Certamente, vários clubes do país também se acovardaram e se negaram a procurar o atleta, com medo das reações dos fanáticos. Pior para eles, já que Richarlyson conseguiu vencer todas as dificuldades.

Ganhou muitos títulos e dinheiro e nunca se rendeu aos gritos dos ignorantes.

O Guarani, único clube do interior a conquistar um Campeonato Brasileiro, em 1978, também foi exemplar.

Fez jus a sua grandeza e apostou em Richarlyson, que estava afastado desde uma passagem pelo Goa FC, da Índia, no ano passado.

Sua chegada foi um pedido especial do treinador Oswaldo Alvarez, o Vadão, que recentemente se destacou dirigindo a seleção feminina – mais um sinal de que é um homem despido de preconceitos.

Imbecis montados em motocicletas jogaram bombas no estádio Brinco de Ouro da Princesa no dia da chegada de Richarlyson e um vereador ponte-pretano achou que seria engraçado dizer nas redes sociais que o volante era “o reforço certo no clube certo”.

Felizmente, os dirigentes e a imensa maioria dos torcedores do Guarani demonstraram apoio ao atleta e orgulho em contar com um reforço de peso mesmo em tempos difíceis – o time disputa a Série B do Brasileirão.

Pouco importa a orientação sexual de um jogador.

Aos intolerantes, nunca é tarde para refletir: seja inteligente, não homofóbico.

domingo, maio 14, 2017

Copa do Mundo de 1966... Bobby Charlton - Inglaterra 2x0 França.

Imagem: Trinity Mirror/Mirrorpix/Alamy Stock Photo

Série B... ABC e Paraná não joga nada e ficam no 0 a 0.

Imagem: Paraná Online


ABC e Paraná fizeram de tudo para desagradar os 3.214 cidadãos que foram assistir à estreia do alvinegro na Série B...

Não jogaram nada.

Mas, por falar em nada...

Não entendi o desinteresse dos torcedores do ABC.

Voltemos ao jogo...

Os ataques do Paraná e do ABC, neste jogo, não existiram e, por essa razão, as defesas sequer foram testadas de verdade.

Dois jogadores assistiram ao jogo sem que fossem incomodados...

Os goleiros Edson do ABC e Léo do Paraná.

Pois bem...

Resumindo: o 0 a 0 fez jus ao nada que ABC e Paraná mostraram.

Na próxima rodada, dia 20, o ABC vai a Porto Alegre encontrar com o Internacional...


Se o que se viu ontem, servir de parâmetro para o que se verá no próximo sábado, existem sérios motivos para preocupação.