O futebol brasileiro em matéria
de gestão é uma piada...
Os dirigentes vivem choramingando
pelos cantos a maldizer o poder público por não manter sempre aberta as torneiras
dos cofres governamentais...
Querem porque querem que suas estripulias
sejam financiadas pelo erário.
O desejo é se esbaldar no lucro e socializar as perdas.
Consideram-se as criaturas mais
sofridas da face da terra, pois segundo afirmam, abandonam seus negócios
pessoais, suas famílias e seu descanso, para dedicar a maior parte do seu tempo
ao clube que é sua razão de viver.
Dominados por um emocionalismo
doentio, esbanjam incompetência, dão declarações estapafúrdias, criam factoides
medíocres, descumprem tudo o que prometem, quebram acordos, tentam comprar
resultados, financiam torcidas organizadas, distribuem espelhos e miçangas a
jornalistas e radialistas e ficam agressivos e furiosos se alguém os critica ou
contraria...
Não satisfeitos, endividam
irresponsavelmente os clubes...
Perguntem aos fornecedores da
maioria dos clubes, quantas camisas já empaparam de suor nas idas e vindas em
busca do seu rico dinheirinho...
Verifiquem a reincidência nos
atrasos dos salários de funcionários e jogadores...
Levantem o número de ações trabalhistas
que correm na justiça e quantidade absurda de derrotas que sofrem nos
tribunais...
Conversem com os atletas e
descubram as propostas cínicas e indecentes que são feitas na hora de uma
rescisão contratual...
Isto, sem contar o imenso calote
que dão no governo federal a cada jogo, a cada mês e a cada ano.
Apenas para ilustrar, vejam o que
se passa como o CRB de Alagoas, clube tradicional daquele estado e dono de uma
massa fiel de torcedores iludidos e apaixonados.
Pendurado numa divida de 3
milhões de reais, junto à Justiça do Trabalho (olha aí), o CRB tem prazo até 30
de julho para resolver a pendenga...
Caso contrário, o estádio
Severiano Gomes Filho, localizado em Pajuçara, será levado a leilão.
Como obviamente não há dinheiro
para tal, o presidente do Conselho Deliberativo do Clube, o empresário Kennedy
Calheiros (conheço esse nome de algum lugar), propôs que ao invés de esperar
pelo leilão, o clube venda o estádio...
A ideia é simples...
Devido a sua privilegiada
localização, o estádio está cotado no mercado em cerca de 20 milhões...
Como a divida é de 3 milhões,
sobrariam 17 milhões, que segundo Kennedy Calheiros seriam usados para a
construção de um novo centro de treinamento.
Diante da situação, Kennedy
Calheiros, que provavelmente, como presidente e como membro do conselho
deliberativo do clube, aprovou contas e mais contas das muitas gestões que por
lá passaram, apelou para o velho mantra tão ao gosto dos dirigentes.
"Conclamo todos os regatianos para juntos somarmos esse valor e ir
até a Justiça sanar esse problema. Só com renda de jogos a Justiça não
aceitará. Existe a ordem de leilão do estádio para quitar a dívida caso o CRB
não apresente uma solução. A razão do futebol do CRB é a torcida, que precisa
de um olhar mais profundo para participar”.
Cada palavra foi dita com a maior
seriedade e sem que seu autor ficasse ruborizado.
Mas, não se iluda, o CRB é apenas
um exemplo...
Seu clube com certeza usa e abusa
das mesmas práticas e você acha tudo normal.