“Fernando você não acha que foi equivocado da parte de Rubens seguir na
presidência do ABC? Ele fez um grande trabalho em 2010, em 2011 e 2012 o clube
manteve-se na série B, mas desde então ele tem demonstrado uma apatia incrível,
parece desmotivado com as coisas do clube e isso passa também para torcida”.
Paulo.
Meu caro Paulo, dizer o que
alguém devia ou deve fazer, me parece uma postura um tanto quanto arrogante.
Mas, posso lhe dizer o que eu
teria feito no lugar de Rubens Guilherme.
Teria agradecido a todos,
recolhido meus teréns e ido cuidar dos meus negócios.
A alegação de Rubens Guilherme à
época para permanecer foi de que haviam débitos não quitados e que ele queria
deixar o ABC sem dívidas – se não me falha a memória essa foi a razão colocada
pelo presidente alvinegro para ampliar seu mandato.
É aí que está o equívoco de
Rubens.
Não existe no Brasil, dada a
cultura do devo não nego e se não pagar, outro paga em meu lugar, tão
entranhada na gestão dos clubes, nenhum clube de futebol que ao final de um mandato
esteja com as contas zeradas...
Todos os presidentes deixam
dívidas.
Portanto, por melhores que tenham sido as intenções de Rubens Guilherme, e eu, creio que ele as tenha tido, dívidas não impediriam sua saída ao final do mandato cumprido.
Volto a dizer, não sou eu que vai
dizer o quem quer que seja deve fazer, mas insisto: eu teria ido embora...
O problema das dívidas é saber se o montante
deixado, foi fruto de incompetência, má gestão, má fé ou simplesmente da total
impossibilidade de arrecadação dos fundos necessários para cumprir os prazos estabelecidos
e honrar os contrato firmados.
Para isso, existe uma saída...
Uma prestação de
contas minuciosa...
Item por item...
Era isso o que eu faria.
Informaria detalhadamente
quem me convenceu e o que me forçou a gastar...
Detalharia cada tostão gasto...
Com o que, com quem e para que.
Publicaria todos os pareceres jurídicos
e técnicos por mim solicitados antes de realizar qualquer operação de alto vulto e junto com
os pareceres, a concordância dos meu diretores e a aprovação do conselho
deliberativo do clube.
Feito isso...
Iria para casa curtir as
realizações dos anos de 2010, 2011 e 2012...
Certamente, minha casa ou meu
escritório veriam romarias em busca de conselhos ou de apoio.
No entanto, caso caísse no
esquecimento, não faria disso um cavalo de batalha...
Meus negócios e minha família
preencheriam com sobras meu tempo.
Mas como não sou presidente de
coisa nenhuma, não tenho pretensão de sê-lo e não me considero pessoa capaz de
indicar caminhos a ninguém, espero que você meu caro Paulo, tenha ficado
satisfeito em saber o que eu faria.
Forte abraço,
Fernando Amaral.