sábado, outubro 05, 2013

ABC 3x2 Palmeiras... 27 rodadas depois, o ABC sai da zona de rebaixamento.



 Parte 1

Antes da partida, em entrevista à rádio Globo, o presidente do ABC afirmou que o aquecimento no gramado do Maria Lamas Farache estava terminantemente proibido...

Justificou que a medida era uma retaliação ao tratamento que o ABC recebia fora do Rio Grande do Norte...

“A Série B é uma guerra e nós não vamos ser os bobos da corte”, disse Rubens Guilherme.

No entanto, diante do Palmeiras, que não é o Boa Esporte, a guerra foi suspensa e os paulistas puderam aquecer sob sol de Natal.

A mudança da ordem peremptória me remeteu a um velho ditado popular que diz: as formigas sabem bem as folhas que podem ou não cortar.

Parte 2

Era para ser uma tarde festiva...

Na verdade, não deixou de ser, mas infelizmente, antes do jogo, um incidente um tanto surrealista quase estraga tudo.

O estádio Maria Lamas Farache, já recebia em seu interior um ótimo público...

No entanto, repentinamente, no portão que fica à direita das cabines uma multidão entrou sem nenhum controle...

Pessoas que já estavam dentro, se recusaram a sair do caminho de quem entrava e em pouco tempo, havia gente espremida no alambrado, gente comprimida no meio do bolo formado e o caos se instalou.

Alguns, escalaram as telas de proteção e saltaram para o campo...

Outros desmaiaram e cerca de 10 pessoas foram atendidas pelos bombeiros com pequenos ferimentos.

Esse tipo de incidente costuma incitar as pessoas a tecer todo tipo de comentário...

Uns lúcidos, outros nem tanto e alguns estapafúrdios.

Porém, o que alguns torcedores disseram demonstra claramente o clima de insegurança que tomou conta de todos aqueles que se viram envolvidos no tumulto...

“Sou torcedora do ABC e estou indignada com a falta de estrutura para receber um jogo como o do Palmeiras. Um time assim não pode pensar em Série A”.

Torcedora nos microfones da rádio Globo.

“Não havia lugar nas cadeiras coisa nenhuma, sei disso pois estava lá. Fui com o meu filho de 9 anos. Tivemos que sair antes do jogo começar. Vi as pessoas pulando o alambrado com a ajuda da PM. Até para sair foi um suplício: AS SAÍDAS DE EMERGÊNCIA ESTAVAM FACHADAS COM CADEADO E O RESPONSÁVEL NÃO ESTAVA COM AS CHAVES. FICAMOS RECLAMANDO E ESPERANDO ALGUÉM APARECER COM A CHAVE PARA PODERMOS SAIR”.

Comentário de Esdras Barros na matéria do UOL Esporte sobre o incidente.

Em ralação a número de policiais presentes ao evento, fui pesquisar...

Segundo levantei, as polícias militares, regulam seus efetivos nos estádios com base nos seguintes critérios:

Para jogos com previsão de até 10 mil torcedores, considerados de pequeno porte, o número de policiais deslocados é de 150 homens...

Esses homens serão os responsáveis pela segurança dentro e no entorno dos estádios.

Nas partidas de médio porte, com público previsto entre 10 e 30 mil pessoas, o efetivo passa a ser de 250 homens que irão atuar dentro e fora do estádio...

Nas partidas consideradas grandes, isto é: público acima de 30 mil pessoas, o efetivo deslocado chega a 450 homens.

Portanto, se o ABC no ofício que enviou a Polícia Militar informou um público previsto, maior que 12 ou 14 mil pessoas e a polícia, deslocou para o Maria Lamas Farache um número inferior a 250 homens, errou...

Entretanto a que se considerar que o Estado do Rio Grande do Norte vive uma greve da Polícia Civil que já ultrapassa os cinquenta dias e que a PM tem deslocados parte de seus efetivos para suprir as lacunas deixadas pelos policiais civis.

O público anunciado ao final do jogo foi de 15.636 espectadores e, a capacidade do estádio Maria Lamas Farache, segundo o Cadastro Nacional dos Estádio de Futebol da CBF, comporta 16.000 pessoas.

Parte 3

Também consultei o Estatuto do Torcedor sobre o a questão segurança...

Eis o que diz:

CAPÍTULO IV

DA SEGURANÇA DO TORCEDOR PARTÍCIPE DO EVENTO ESPORTIVO

Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das partidas. Parágrafo único. Será assegurado acessibilidade ao torcedor portador de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12 a 14 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, a responsabilidade pela segurança do torcedor em evento esportivo é da entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo e de seus dirigentes, que deverão:

I – solicitar ao Poder Público competente a presença de agentes públicos de segurança, devidamente identificados, responsáveis pela segurança dos torcedores dentro e fora dos estádios e demais locais de realização de eventos esportivos; (...)"

Reparem que grifei a palavra solicitar.

Solicitar segundo o dicionário, significa pedir e um pedido, pode ou não ser atendido.

Portanto, não existe nenhuma obrigação do Poder Público em ceder seus servidores para atuar dentro dos estádios, mesmo que no Brasil seja regra a concordância.

Porém, fora dos estádios,a segurança é obrigação do Estado.

Parte 4

Como não tive acesso ao ofício enviado pelo ABC à PM e não participei de nenhuma reunião sobre como e qual seria o esquema de segurança e trabalho na partida em questão, não tenho como apontar se quem errou foi fulano ou sicrano...

Mas como observador da cena, fiquei com a sensação que tanto fulano como sicrano estão bem aquém dos padrões profissionais exigidos para quem deseja ser valorizado e admirado...

No fundo, fiquei extremamente triste com recibo de amadorismo que fulano e sicrano assinaram diante das câmeras que transmitiam o mico para todo o Brasil.

Parte 5

Este foi o relatório que o árbitro Marcos André Gomes da Penha do Espírito Santo enviou a CBF;

HOUVE ATRASO DE 34 (TRINTA E QUATRO) MINUTOS NO INICIO DA PARTIDA, TENDO EM VISTA QUE, POUCO ANTES DO HORÁRIO PREVISTO PARA INÍCIO DO JOGO, VÁRIAS PESSOAS DO PÚBLICO, INCLUÍNDO CRIANÇAS, COMEÇARAM A PULAR O ALAMBRADO E, CONSEQUENTEMENTE, ADENTRAR NO CAMPO DE JOGO, ALEGANDO QUE ESTAVAM SENDO ESPREMIDAS E CORRENDO RISCO DE MORTE, FACE A QUANTIDADE ELEVADA DE PÚBLICO PRESENTE. IMEDIATAMENTE, MANTIVE CONTATO COM O COMANDANTE DO POLICIAMENTO, CAPITÃO PM ALBUQUERQUE, O QUAL, INICIALMENTE, FALOU QUE PRECISAVA DE MAIS TEMPO PARA TOMAR AS MEDIDAS NECESSÁRIAS E GARANTIR A SEGURANÇA DO EVENTO. DECORRIDO O TEMPO SUPRAMENCIONADO, E APÓS ACOMODAÇÃO DAS PESSOAS EM LOCAL SEGURO, O CAPITÃO PM ALBUQUERQUE ASSEVEROU QUE A PARTIR DAQUELE INSTANTE PODERIA GARANTIR A SEGURANÇA DE TODOS OS PRESENTES. TENDO EM VISTA A GARANTIA RECEBIDA, DEU-SE INICIO À PARTIDA.

Copiado do site da CBF.

Parte 6

Trinta e quatro minutos depois do horário previsto, o jogo começou...

Começou aberto...

O ABC ciente da necessidade de vencer, motivado pelos últimos resultados e cercado por arquibancadas completamente tomadas, foi para frente...

Já o Palmeiras, diferente do jogo contra o América lá no Pacaembu, diminuiu o salto alto, mas não o tirou.

A vontade de ambas as equipes proporcionou aos presentes um jogo movimentado.

Aos 8 minutos, Gilmar, depois de grande jogada de Somália, abriu o marcador para o alvinegro.

Depois do gol, o ABC repetiu a velha receita do futebol brasileiro...

Recuou e deu espaço ao adversário.

Livre da pressão inicial o Palmeiras passou a ter maior controle do jogo, avançou seus homens e começou a martelar a defesa do ABC...

Aos 24 minutos, Alan Kardec, de cabeça, empatou.

Aos 31, Vilson, também de cabeça, desempatou.

Por alguns momentos, o ABC sentiu, mas orientado por Robertos Fernandes os jogadores saíram para o jogo e aos 37 minutos, Gilmar, penetrou na área do Palmeiras e foi derrubado...

Sem pestanejar, o juiz marcou o pênalti.

Rodrigo Silva, aos 39, bateu e empatou.

Na segunda etapa, o ABC não voltou tão bem...

Porém, a vontade superou as deficiências da meia cancha que não conseguia criar e insistia em errar passes.

O Palmeiras percebendo as dificuldades do alvinegro, avançou sua equipe e passou a pressionar...

No entanto a tarde era alvinegra...

Num lançamento na área do Palmeiras, Lino, subiu e colocou a bola no fundo das redes do Fernando Prass...

O estádio tremeu na comemoração dos torcedores.

Daí para frente, o ABC se agarrou ao resultado, lutou com uma garra imensa, respirou aliviado quando o árbitro não marcou um pênalti claro sobre Alan Kardec e suportou heroicamente a pressão palmeirense...

Antes do apito final, um momento de suspense...

Um tiro livre indireto foi marcado dentro da área alvinegra...

Silencio sepulcral...

Mas a bola chutada para fora e o apito encerrando o jogo transformou o silencio numa algazarra típica de dias felizes.


James Brosher de 6 anos no rodeio de ovelhas em Logan Stockton...

Imagem: AP Photo/Wyoming Tribune Eagle

Dias complicados...



Você sente que sua angustia é verdadeira quando todos apostam que um jogador parado a quase dois anos será opção importante para resolver a falta de gols do seu time.

Jogar nas costa de Max, a responsabilidade é no mínimo um contra senso.

Concentrados...

Imagem: AP