Agora é oficial...
Agora tem timbre e assinatura do
presidente Fernando Schmidt...
Portanto, agora, comento.
Vergonhosamente o fato não é incomum...
Infelizmente é corriqueiro...
Triste, mas corriqueiro.
O que me espantou no caso foi a
decisão da nova direção do Bahia EC em escancarar a patifaria...
Deveria ser exemplo.
Em relação aos radialistas e
jornalistas envolvidos lá ou em qualquer lugar com "toco" ou "jabá", só resta
lamentar...
Lamentar que os veículos
compactuem com tal situação e mantenham em seus quadros tais figuras.
Lamentar que pessoas sem nenhum
escrúpulo se infiltrem em tão nobre profissão e se vendam por qualquer
trocado...
Jornalismo é informação, é
postura crítica e compromisso com a verdade...
Quem é pago para elogiar,
enfeitar e vender, é o marketing, a publicidade e a propaganda.
É triste ver profissionais da
imprensa ostentando bens que seus salários não podem comprar...
Vivendo de “doações” para
viagens, alimentação e outros benefícios...
É triste estar numa roda e
repentinamente, ouvir do dirigente A ou B, que tem fulano ou sicrano na mão - e que não se iludam os "toqueiros" e "jabazeiros", eles, os dirigentes, falam sim.
Porém, o pior, é que os fulanos e os
sicranos ainda posem de arautos da honestidade e amantes de ética.
Por fim, é triste saber que a
promiscuidade seja a tônica de algumas relações.
Abaixo a entrevista do presidente
do Bahia, Fernando Schmidt publicada no blog do Juca Kfouri e o resumo dos
gastos do clube com terceiros, publicada no Portal “A Tarde”.
Entrevista
O que levou o Esporte Clube Bahia
a abrir suas contas, como fez essa semana, e exibir gastos de R$ 865 mil com
comunicação, com crônica esportiva, radialistas?
Gastos das gestões de Marcelo
Guimarães Filho… e por que agora?
Fernando Schmidt:
Na verdade, essa e a consequência
do seguimento de uma ação.
Quem pediu uma auditoria no Bahia
foi o juiz que decretou a intervenção no ano passado, juiz Paulo Albiani.
A auditoria foi feita, houve uma
complementação a ela, pedida pelo próprio clube, e aquela auditoria inicial
descobriu irregularidades graves: crimes contra o sistema financeiro nacional,
apropriação indébita, por ai afora…
E qual a consequência disso?
...há investigações no âmbito do
ministério Público, o federal e o estadual, e um ou outro, ou ambos, poderão,
deverão oferecer denúncia…
Como e porque se chegou à
cidadela da comunicação, da Mídia, ao jornalismo esportivo?
Nas investigações.
E se concluiu que foram gastos R$
865 mil.
Isso em passagens aéreas,
hospedagens, despesas… despesas como, por exemplo, R$ 16 mil num único jantar
com amigos numa churrascaria.
Há despesas com gente de empresas
de comunicação, mas não apenas: também há aluguel de automóvel com parente, tem
os amigos etc.
Em relação a radialistas, ao
jornalismo esportivo propriamente, há absurdos…
Por exemplo…
…por exemplo, contratos com
empresas a título de divulgação da marca do Bahia, para ações de marketing… que
marketing, que divulgação de marca?
Há seis meses, quando houve a
intervenção, o Bahia tinha 600 sócios enquanto hoje já tem 23 mil…
Aquilo não
era marketing, não era divulgação, era outra coisa…
É algo que, aí na Bahia, se chama
“comer na mão do dono”?
É isso.
Ora, me poupem!
Isso é diferente de anúncio, nada
tem a ver com se fazer publicidade.
Fazemos e faremos campanhas
publicitárias nos meios de comunicação, campanha por mais sócios, o que for,
mas não isso, dessa forma.
Isso não é marketing nem
divulgação de marca…
Quantos são citados nessa
investigação?
… 21 radialistas, e há as
despesas com terceiros, nas viagens, hospedagens, gastos altíssimos em
restaurantes … e o absurdo dos absurdos…
Qual seria?
Um dos gastos, pagos pelo Bahia,
é com a “transmissão de jogos” …
Ora,
novamente me poupem!
É função do Bahia pagar pela
“transmissão de jogos”?
Schmidt, há algo nisso que
realmente te surpreenda?
Mesmo sem detalhes, sem
comprovações, essas histórias sempre correram o meio na Bahia… e não apenas na
Bahia…
Surpresa não seria, de fato, a
palavra.
Afinal, a Carta de Pero Vaz de Caminha já pedia a El Rey D. Manuel por
favores, empregos e benesses…me lembro de uma história, me foi contada por um
radialista, história sobre ele e o ex-presidente do Bahia, Alfredo Saad…
Conte-nos essa história…
O Saad combinou com o radialista
pagar, do bolso dele e não do clube, um espaço no programa no rádio.
Disse que nem precisaria falar no
nome dele, Saad, era só pra “promover o Bahia”; assim como fizeram nestes anos.
Bem, o programa foi ao ar e, ao final, o radialista perguntou:
“E ai, presidente, gostou?”.
O Saad respondeu:
“Não”.
“Mas por que não, presidente?”,
perguntou o radialista, e o Saad encerrou a conversa:
“Porque em 15 minutos você só
falou 11 vezes o meu nome”.
Bem…voltemos à pergunta inicial:
por que a decisão de divulgar os gastos com a crônica esportiva e por que agora?
A decisão não é nossa, ela se
impõe por motivos incontornáveis.
São eles, e não pela ordem: o
estatuto do clube; nós, a nossa gestão, estamos sob auditoria permanente e
assim será sempre, é estatutário; a lei de acesso à informação, qualquer
cidadão pode requerer as informações, e a própria Constituição…
Sim, mas em algum momento isso
vazou?
Não vazou, foi apresentado ao
Conselho do clube, como determina o estatuto, e depois os sócios tiveram
acesso, outra determinação estatutária.
Simples assim, transparente como
deve ser…
Nessas situações sempre há o
risco de se cometer erros, e houve erro?
Não diria erro, aconteceram
interpretações de outros em relação ao material exposto.
Teve quem tenha dito que uma
jornalista teria tido despesas pagas, despesas de várias viagens, hospedagens,
mas foram despesas pagas pelo presidente do clube e não por ela, e ele, em
outras viagens, levou amigos, outras pessoas…
Aliás, após a divulgação dessa
lista de gastos o ex-presidente Marcelo Guimarães Filho, a propósito de buscar
atacá-lo, e sendo isso para ele uma agressão, disse que ele, Marcelo, “dorme
com mulheres” enquanto “o presidente”, portanto você, “deveria assumir que é homossexual”
…
Esse é o caráter dele.
Em meio à intervenção ele chegou
a se dirigir, de maneira semelhante, a Fátima Mendonça, mulher do governador
Jaques Wagner… como dizia o ex-presidente do Bahia, Osório Villas-Boas, quando
alguém sem argumentos quer responder a alguém e não tem o que dizer, apela logo
para o de sempre:
“É corno, é ladrão, é viado…”.
Nestes casos há quem retruque,
apontando o que é realmente crime em meio a essa tríplice tentativa de
desqualificação…
…pois é…
… voltando aos gastos, quantos
são os citados?
…os 21 radialistas, empresas, tem
uma que aparece com destaque, também ela ligada a radialista…
Daqui a pouco, passado esse
furor, a torcida vai querer saber de outro assunto: e o time?
Como está o time do Bahia?
Sendo remontado, de forma
absolutamente diferente do que era.
Aqui chegavam caminhões e
caminhões de jogadores, com contratos de dois, três anos, sem controle algum de
nada.
Mudamos isso.
Antes de mais nada contratamos um
diretor de futebol, William Machado, que foi capitão do Corinthians, o técnico
Marquinho Santos, que veio do Coritiba, e o processo é outro.
E qual seria?
O de reconstrução.
Os jogadores têm cláusula de
produtividade nos contratos, têm metas para alcançar, não é jogador chegando
aos montes, é privilegiar de verdade, cuidar das divisões de base como um
investimento do clube… no ano passado escapamos da série B por quase nada,
agora é hora da reconstrução…não há milagre…
E como está sua ideia inicial, a
de procurar a Globo, o senhor Marcelo Campos Pinto, e renegociar o contrato do
Bahia, que vai até 2015, se não me engano?
Está tudo parado.
Parado?
Tudo.
Hoje, no futebol brasileiro, o
que há é uma bagunça.
Vários atores mexendo nisso e em
tudo ao mesmo tempo, e não há confluência para um mesmo objetivo.
A Globo mexe, a CBF mexe, as
federações, o Bom Senso, os ministério, as arenas… uma bagunça, sem clareza de
objetivo, pelo menos objetivos que interessem a todos, que façam o futebol
brasileiro mudar…
Bagunça… ainda mais num ano de
Copa do Mundo aqui…
Ainda mais num ano de Copa… tudo
parado, quando, do ponto de vista esportivo, do futebol brasileiro, teríamos a
chance de realmente deixar um “grande legado” …
E qual seria esse “grande
legado”?
Além do hexa seria o lançamento
de bases para uma estruturação, uma nova, moderna estruturação do futebol
brasileiro.
Em resumo, quase que começar tudo
de novo.
O Bahia, por exemplo, fez 8 jogos
em 24 dias no início da temporada, depois de voltar das férias …assim, quem
treina o quê?
Isso em relação ao calendário, e
tem o fair play financeiro, os dirigentes, federações… não é mais possível
dirigentes se eternizando, em lugar nenhum, nem em clube nem em federação e, ao
final, sempre a mesma coisa…
Que seria?
O governo refinanciando, mudando
o perfil da dívida, ao final, sempre o governo, o cidadão pagando a conta.
Chega disso.
Felizmente já tem mais gente,
mais dirigente pensando assim.
Fonte: Terra Magazine.
Nota oficial – Bahia não se intimidará com ameaças
Nos últimos dias, diretores e
funcionários do Esporte Clube Bahia passaram a sofrer ameaças das mais diversas
formas, após a disponibilização aos sócios do levantamento das despesas
custeadas a terceiros pela instituição.
O Esporte Clube Bahia informa que
já notificou a Secretaria de Segurança Pública e que, principalmente, não se
intimidará com a situação.
A política de transparência da
nova diretoria tricolor, que encontrou respaldo junto à torcida e a grande
maioria da imprensa, vai continuar.
Conforme Juca Kfouri, um dos
principais expoentes do jornalismo nacional, a “corajosa” atitude do clube
“certamente criaria inimigos para a eternidade”.
“O Bahia está prestando um
serviço não apenas ao esporte brasileiro, mas também ao jornalismo independente
do país”.
Resumo dos gastos
Jornalistas: R$ 616.365,10 – R$
369.350,00 com serviços e R$ 247.015,10 com viagens
Locação de veículos: R$ 97.500,22
com empresa de Hélio de Oliveira Guimarães, primo de MGF
Refeições: R$ 18.305,79 – R$
16.000 no Boi Preto, R$ 1.957,80 no Soho e R$ 347,99 apenas com uísque na boate
Zen
Família: R$ 29.103,08 com viagens
de Érika Guimarães, esposa de Marcelo Guimarães Filho
Conselheiros: R$ 12.605,61 com
Flávio “Binha” (R$ 5.919,59) e Dilton Val (R$ 6.696,02)
Assessor: R$ 38.172,61 com
viagens de Sérgio Bezerra, ex-assessor pessoal de Marcelo Filho
Total com serviços: R$ 486.894,82
Total com viagens: R$ 378.142,91
Total gasto: R$ 865.037,73