Revista Piauí expõe gastos do presidente da CBF

Imagem: Autor Desconhecido

‘Farra’ na Copa e viagens de R$ 364 mil a deputado: Revista expõe gastos do presidente da CBF

Ednaldo Rodrigues foi eleito de forma unânime para seguir no comando da CBF

Por Romulo Giacomin para o site ‘Trivela’

A edição de abril da “Revista Piauí” publicou uma radiografia da gestão de Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF que acabou de ser reeleito com 100% dos votos dos 27 cartolas estaduais e de todos os clubes das séries A e B.

A reportagem foi divulgada na manhã desta sexta-feira (4), mesmo dia em que a CBF aumentou os salários dos presidentes das federações estaduais de R$ 50 mil para R$ 215 mil por mês.

A reportagem da “Piauí” expôs que um grupo de 49 brasileiros usufruiu de mordomias durante as três semanas que o Brasil disputou a Copa do Mundo do Catar, com direito a hotel cinco estrelas e ingresso para assistir às partidas.

Muitos tiveram atendimento VIP na chegada ao Aeroporto Internacional de Doha, alguns voaram de primeira classe e pelo menos um ganhou cartão corporativo para gastar livremente até 500 dólares por dia (2,5 mil reais).

Tudo pago pela CBF, embora nenhum dos 49 tivesse relação direta com a confederação ou as federações estaduais.

Ednaldo Rodrigues também colocou na conta da confederação as despesas de sua família — esposa, filha, cunhada, genro e dois netos.

Todos voaram de primeira classe, usaram o atendimento VIP no aeroporto de Doha, se hospedaram no Marriott Marquis City, hotel de luxo do Catar, e só as despesas extras da mulher do presidente da CBF na hospedagem chegaram a R$ 37 mil.

A revista conta ainda que Edinaldo Rodrigues pagou hospedagem, voo de classe executiva, e ingressos para três partidas ao deputado federal José Alves Rocha (União Brasil-BA), que viajou com Noelma, sua esposa.

O gasto total da CBF com o casal Rocha chegou a R$ 364 mil.

Outro bancado por Ednaldo foi o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi acompanhado da namorada Flávia Rosalen.

A CBF ofereceu um “pacote” para ir à Copa do Mundo no valor de R$ 195 mil.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) também foi convidado, mas ficou no Brasil em meio às negociações da transição de governo.

Em seu lugar, foi seu filho Mateus, de 47 anos.

Entre os 49 felizardos, estavam também:

O cantor Gilberto Gil e sua mulher Flora;

A socialite Lilibeth Monteiro de Carvalho;

O desembargador Julio Cezar Lemos Travessa, do Tribunal de Justiça da Bahia;

O empresário pernambucano Diogo Monteiro Lima;

O estilista Ricardo Almeida (que desenhou os ternos dos jogadores da Seleção para a Copa);

O ex-cinegrasta da TV Globo, José Carlos Cruz da Silva;

Três jornalistas da Bahia

Gastos “pessoais” durante a gestão de Ednaldo na presidência da CBF

Com salário de um milhão de reais por mês, Ednaldo Rodrigues morou por nove meses no hotel Grand Hyatt, na Barra da Tijuca, quando assumiu a entidade interinamente, em agosto de 2021.

Depois de eleito, ele se mudou para um condomínio no mesmo bairro, mas passava temporadas com a família no hotel, com despesas sempre pagas pela CBF.

Segundo a Piauí, entre fevereiro e maio de 2023, a entidade bancou R$ 422 com diárias para Ednaldo Rodrigues, a filha Rafaela e a cunhada Taíse.

Em sua gestão, a CBF pagou voos entre Rio de Janeiro e Salvador para sua família — filha, neto, genro, sogra, cunhados, sobrinho e até o cabelereiro da família, Jorge Luiz Castro Gonçalves.

Outro gasto da CBF na gestão de Ednaldo, segundo a Piauí, foi com o presidente da Federação Amapaense de Futebol, Roberto Goés, ex-prefeito de Macapá que ficou preso por dois meses em 2010, acusado de desvio de verbas e que, seis anos depois, foi condenado a dois anos e oito meses de prisão, pena convertida em prestação de serviços.

O presidente da entidade bancou a estadia do Goés e sua esposa quando ele foi eleito deputado estadual pelo União Brasil.

Um ano e meio depois, em março do ano passado, a Federação Amapaense de Futebol pediu que a CBF pagasse passagens aéreas para Góes, a mulher, a irmã, a filha de quatro anos e a babá, no trecho Macapá/São Paulo, bem como dois quartos duplos no InterContinental, um cinco estrelas nos Jardins.

Tudo custou, pelo menos, R$ 144 mil à entidade máxima do futebol brasileiro.

Os exemplos do uso pessoal do dinheiro da entidade são vários.

Em abril do ano passado, a CBF realizou uma assembleia geral no Rio de Janeiro, e o presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo, Gustavo Vieira, aproveitou para levar a família para um passeio.

A entidade bancou passagens e hospedagem para sua mulher Priscila e seu filho de 10 anos.

Decepções com a Seleção

Presidente da Federação Baiana de Futebol por quase 20 anos, Ednaldo assumiu a presidência da CBF em agosto de 2021 de forma interina, após o afastamento de Rogério Caboclo.

Em chapa única, ele foi eleito para o primeiro mandato em março de 2022.

A decepção com a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo daquele ano desencadeou uma série de decepções da seleção brasileira.

Tite deixou o cargo e, com o sonho de ter Carlo Ancelotti, do Real Madrid, Ednaldo acordou com a realidade de uma sucessão de decisões que não deram certo para a Canarinho.

Ramon Menezes, da seleção sub-20, comandou o Brasil até que Fernando Diniz topasse dividir suas atenções entre a Canarinho e o Fluminense.

Com a dupla, o time acumulou cinco derrotas, três vitórias e um empate, com aproveitamento de apenas 37%, um dos piores da história.

Além disso, a seleção masculina não se classificou para as Olimpíadas de Paris.

Em dezembro de 2023, Ednaldo foi afastado do cargo pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que decidiu que um acordo firmado entre CBF e Ministério Público Federal, que abriu caminho para sua eleição, era ilegal.

Porém, em janeiro de 2024, o Supremo Tribunal Federal o reconduziu ao posto de presidente da entidade.

Assim que retomou o cargo, Ednaldo demitiu Diniz e, sem Ancelotti, que havia renovado com o Real Madrid, ele acertou com Dorival Júnior.

O técnico campeão da Copa do Brasil com o São Paulo, porém, encontrou dificuldades no comando da Seleção.

Foram sete vitórias, sete empates e duas derrotas — aproveitamento de 58,3%, 25 gols sofridos e 18 marcados.

Além da dificuldade para colocar o Brasil numa boa posição nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, Dorival viu seu time ser goleado por 4 a 1 para a Argentina em seu último jogo sob o comando da Seleção.

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