O atraso no esporte.
Mas somos um país olímpico.
Por José Cruz.
De cada 10 professores que atuam no projeto Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, apenas dois têm formação em educação física.
A revelação é do professor Ernani Contursi, presidente do Sindicato dos Professores de Educação Física do Rio de Janeiro, em audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados.
Com um discurso indignado, Ernani Contursi mostrou como a categoria está, há muito, sem prestígio, a ponto de um programa do governo entregar a orientação de atividade física de crianças a pessoas inexperientes, sem qualquer preparo.
Contursi veio a Brasília para a reunião de deputados que tratou sobre a regulamentação da Lei Pelé, e protestou devido à ausência de representantes dos professores na comissão instituída pelo Ministério do Esporte para regulamentar o documento.
Voltou para o Rio de Janeiro sem a garantia de que o Conselho Federal de Educação Física integrará a comissão.
Os atletas também ficaram sem representatividade na mesma comissão.
Já o futebol tem dois interlocutores, um cartola e um dirigente sindical.
De fato, somos o país da bola...
Atraso
A discussão revela atrasos.
Enquanto se discute sobre estádios de custos bilionários, só agora se regulamenta a lei maior do esporte, que é de 1998...
Pior, pois o governo nada sabe sobre a conveniência de alunos da rede pública praticarem educação física na escola.
O tema não é discutido de forma integrada entre os órgãos afins, Educação, Esporte e Saúde.
Como não foi nos governos de FHC, Collor, Itamar...
Enquanto isso, as crianças ficam privadas de uma atividade que, reconhecidamente, contribui para a qualidade de vida, da saúde, a melhoria do rendimento escolar, o desenvolvimento do intelecto, a formação do caráter, etc.
Nossas autoridades precisam ultrapassar a barreira da hipocrisia e admitir que o esporte em nível de governo trata, prioritariamente, do rendimento.
Os professores de educação física, desprestigiados a partir dos salários -- piso de R$ 780,00, no Rio -- que o digam.
Não há preocupação alguma fora o esporte de rendimento.
Nem programas.
Ao contrário, o que existe, no Segundo Tempo, é motivo de investigação policial, pois muitos enriqueceram desviando o dinheiro do objetivo principal.
Mas somos um país olímpico!
Agora vai.