terça-feira, janeiro 22, 2013

TV Brasil vai transmitir a Série C para todo o país...



Está definido...

A Empresa Brasileira de Comunicação – EBC – comprou os direitos de transmissão da Série C de 2013.

A partir de junho a TV Brasil, a rádio Nacional de Brasília, Rio de Janeiro, da Amazônia e do Alto Solimões vão levar ao ar através de todas as emissoras que compõem a rede, pelo menos dois jogos por rodada, um no sábado e outro no domingo.

O comando estará nas mãos do jornalista Carlos Gomes, ex-diretor de Esportes da Rede Bandeirantes de Televisão.


Sabe aquele declive que não era para estar ali... estava.

Imagem: EFE/Felipe Trueba

O tempo não dá abrigo a incoerência...




Há poucos dias, fiz uma brincadeira com base numa bem humorada postagem de Juca Kfouri sobre os campeonatos estaduais de todo o Brasil e repentinamente me vi sob fogo cerrado...

Respondi aos meus críticos num tom ameno, já que não via motivo para tanta bílis...

Afinal, livre opinião é um direito constitucional no Brasil, assim como na maioria absoluta dos países civilizados e democráticos.

Nem bem passaram os dias, me deparo com uma postagem de um dos meus críticos afirmando que os campeonatos estaduais do norte são deficitários...

Verdade, verdadeira...

Porém, pela metade.

Não são somente os estaduais do norte do Brasil que são deficitários; são todos.

Hoje, novamente lendo Juca Kfouri, vi um pequeno levantamento feito por ele em seu blog, onde o fiasco dos estaduais é escancarado...

No Rio de Janeiro, por exemplo, 18 mil pessoas foram ver os quatro grandes da cidade...

O Fluminense com sua equipe milionária, obrigado a jogar contra o tradicionalíssimo Nova Iguaçu, colocou 1.630 pagantes em São Januário.

Já o Duque de Caxias tirou de casa 4.690 botafoguenses para ver o fantástico encontro entre ambos no Engenhão.

Em Volta Redonda no estádio Raulino de Azevedo, 3.827 vascaínos, certamente moradores da cidade, deixaram seus lares para ver o Vasco jogar contra o genial Boa Vista.

Ah, quase me esqueço de mencionar que o Flamengo, também jogando no Engenhão, levou 7.626 fanáticos para torcer contra o fabuloso Quissamã.

Já em São Paulo, ainda segundo Juca, a cidade de Penápolis, no interior do Estado, depois de mais de 100 anos de campeonato estadual, participava pela primeira vez da primeira divisão, locomoveu 1.544 cidadãos para ver o Penapolense, clube local, enfrentar o Ituano num estádio cuja capacidade é três vezes maior que o público presente.

Está confirmado, o povo do interior é doido por campeonato estadual.

Defender a valorização daquilo que é deficitário é prova do desconhecimento das forças que regem a economia, tendência suicida ou então, emprestar a pena por conveniência e conivência, sem que a realidade e a obrigação de bem informar, tenha qualquer valor.




É assim que se sai negada... não importa se tem zagueiro na jogada.

Imagem: Picture Alliance

A Copa do Nordeste em números...



Números da Copa do Nordeste

Feirense 2x2 Campinense
Ingressos colocados à venda: 1.440;
Ingressos devolvidos: 1.207;
Vendidos: 233;
Arrecadação: 2.330;
Total das despesas: 7.354,15
Saldo líquido: - 5.024,15
Prejuízo do Feirense: 5.024,15.
Fonte: CBF.

Percebam o prejuízo do Feirense: a renda é menor que as despesas.

Bahia 3x2 Itabaiana
Ingressos colocados à venda: 6.846;
Ingressos devolvidos: 740;
Ingressos vendidos: 6.179;
Arrecadação: 62.016,00;
Total das despesas: 52.475,73
Valor líquido repassado ao Bahia: 9.540,27.

Repare o valor da renda, o tamanho das despesas e o que sobra para o Bahia...

Era isso que devia ser revisto e combatido.

Observação: nenhum outro boletim financeiro estava disponível para consulta, até o momento desta postagem.


VfB Stuttgart - temporada 63/64 - Estádio lotado...

Imagem: Picture Alliance

O estadual em números...



Números da terceira rodada do campeonato estadual.

Palmeira 2x1 Corintians
Ingressos colocados à venda: 1000;
Ingressos devolvidos: não informado;
Ingressos vendidos: 402;
Arrecadação: 2.445,00;
Valor repassado ao clube mandante: 387,55.

Potiguar de Mossoró 1x2 ASSU
Ingressos colocados à venda: 3.250;
Ingressos devolvidos: 2.189;
Ingressos vendidos: 1.061;
Arrecadação: 13.040,00;
Valor repassado ao clube mandante: 6.943,83.

Santa Cruz 1x0 Alecrim
Ingressos colocados à venda: 1600;
Ingressos devolvidos: não informado;
Ingressos vendidos: 990;
Arrecadação: 9.348,00;
Valor repassado ao clube mandante: 6.390,63.

Potyguar de Currais Novos 1x2 Baraúnas
Ingressos colocados à venda: 800;
Ingressos devolvidos: 429;
Ingressos vendidos: 371;
Arrecadação: 4.305,00;
Valor repassado ao clube mandante: 1.500,63.



domingo, janeiro 20, 2013

A torcida levou tudo... ou melhor, quase tudo.

Imagem: Getty Images

30 anos sem Garrincha... Na foto: Lev Yashin, Garrincha, Viktor, Zarev, Pelé e Kusnetzov.

Imagem: Picture Alliance


30 anos após morte, Garrincha ainda não descansou.

Por RUY CASTRO

COLUNISTA DA FOLHA

Trinta anos após sua morte, certos mitos sobre Garrincha continuam mais difíceis de matar do que Rasputin. 

O de que ele chamava seus marcadores de "João", por exemplo... significando que não queria nem saber quem eram, porque iria driblá-los do mesmo jeito. 

Garrincha nunca disse isso.

A história foi inventada por seu amigo, o jornalista Sandro Moreyra, em 1957, para mostrá-lo como um gênio ingênuo e intuitivo. Garrincha a detestava, porque os adversários, que não queriam ser chamados de "João", redobravam a violência contra ele.

Que Garrincha era um gênio intuitivo do futebol, não há dúvida. 

Mas não tinha nada do ingênuo, quase débil, com que algumas histórias o pintavam. 

Ao contrário, era até muito esperto a respeito do que o interessava - mulheres e birita, a princípio nesta ordem -, e não havia concentração que o prendesse. 

Nos seus primeiros dez anos de carreira, 1953-1962, Garrincha conseguiu conciliar tudo isso com o futebol. 

Dali em diante, a vida lhe apresentou a conta.

Outro mito é o de que, às vésperas do Brasil x URSS na Copa-1958, na Suécia, os três jogadores mais influentes da seleção - Bellini, Didi e Nilton Santos - foram ao técnico Vicente Feola e exigiram sua escalação na ponta direita, com a consequente barração de Joel, do Flamengo, então titular. 

Em 1995, isso me foi desmentido pelos quatro jogadores (Bellini, Didi, Nilton Santos e Joel), pelo preparador físico daquela seleção, Paulo Amaral, e por outros membros da delegação.

Perguntei a Nilton Santos por que, durante tantos anos, ele confirmara uma história que sabia não ser verdadeira. 

Ele admitiu: "Era o que as pessoas queriam ouvir". 

No futuro, em entrevistas, contaria a versão correta: a de que Joel se contundira ante a Inglaterra, e a entrada de Garrincha aconteceria de qualquer maneira. 

Note-se que, até o jogo com a URSS, Garrincha ainda não era o Garrincha da lenda, e Joel, também grande atleta, era uma escolha normal para a ponta.

Outro mito, este agora bastante atenuado, mas ferocíssimo na época, refere-se à participação de Elza Soares na vida de Garrincha. 

Para os desinformados, ela ajudou a destruí-lo. 

A verdade é o contrário: sem Elza, Garrincha teria ido muito mais cedo para o buraco. 

Quando ela o conheceu (em fins de 1961, e não em meados de 1962, durante a Copa do Chile, como até hoje se escreve), Elza estava em seu apogeu como estrela do samba, do rádio e do disco. 

E ninguém imaginava que Garrincha, logo depois de vencer aquela Copa praticamente sozinho, logo deixaria de ser Garrincha.

Ninguém, em termos. 

Os médicos e preparadores do Botafogo sabiam que Garrincha, com o joelho cronicamente em pandarecos (e agravado pela bebida), estava no limite. 

Mas ele não se permitia ser operado... só confiava nas rezadeiras de sua cidade, Pau Grande. 

O que Garrincha fez na Copa foi um milagre. 

Mas, assim que voltou do Chile, os problemas se agravaram.

Mesmo jogando pouquíssimas partidas, levou o Botafogo ao título de bicampeão carioca... e, assim que o torneio acabou, com sua exibição arrasadora nos 3x0 ante o Flamengo, ele nunca mais foi o mesmo. 

Marque o dia: 15 de dezembro de 1962... ali terminou o verdadeiro Garrincha.


Um outro Garrincha... gordo, inchado, bebendo às claras ou às escondidas, incapaz de repetir seus dribles e arranques pela direita - continuou se arrastando pelos campos, vestindo camisas ilustres (do próprio Botafogo, do Corinthians, do Flamengo, do Olaria e da seleção) por mais inacreditáveis dez anos - até o famoso Jogo da Gratidão, organizado por Elza Soares. 

Foi sua despedida oficial, a 19 de dezembro de 1973, com um Maracanã inundado de amor.

Naquela noite, um time formado por Felix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Rivellino e Paulo César; Garrincha, Jairzinho e Pelé... praticamente a seleção de 1970 com Garrincha -  entrou em campo para enfrentar uma seleção de estrangeiros que atuavam no Brasil, estrelada por Pedro Rocha, Forlan, Reyes e outros.

Numa das várias preliminares, cantores e artistas, como Chico Buarque, Jorge Ben, Wilson Simonal, Paulinho da Viola, Miele, Sergio Chapelin, Francisco Cuoco e outras celebridades também se enfrentaram. 

Pelas borboletas do estádio, passaram 131.555 pessoas e, com exceção de uma pessoa - o ditador Garrastazu Médici -, todos pagaram para entrar, inclusive os jornalistas. 

Era o dinheiro que garantiria o futuro de Garrincha.

Da renda de quase 1 milhão e 400 mil cruzeiros (US$ 230 mil de 1973, uma nota), cerca de 500 mil cruzeiros saíram do cofre do Maracanã direto para cadernetas de poupança em nome de suas oito filhas oficiais e um apartamento ou casinha para cada uma. 

Este era um dos objetivos do jogo. 

Com os descontos da Receita e outros, sobraram-lhe mais de 700 mil cruzeiros para fazer o que quisesse... e que ele, naturalmente, torrou logo, sem saber como.

Daí o último e maior mito a ser derrubado sobre Garrincha: o de que ninguém o ajudou... o que, no fim da vida, ele declarou em entrevistas para a televisão, que ainda hoje são reprisadas. 

Mas a verdade é que Garrincha foi muito ajudado, e em várias etapas de sua vida.

Entre seus maiores benfeitores, estavam o banqueiro José Luiz Magalhães Lins, do então poderosíssimo Banco Nacional; o empresário Alfredo Monteverde, dono do Ponto Frio; o Instituto Brasileiro do Café (IBC) e a Legião Brasileira de Assistência (LBA), que lhe deram empregos generosos, aos quais ele não correspondeu; e seus ex-colegas do futebol, agrupados na Agap (Associação de Garantia ao Atleta Profissional), que não se cansaram de recolhê-lo em coma alcoólico na rua e interná-lo em clínicas de "desintoxicação”... das quais era criminosamente liberado dois ou três dias depois de dar entrada.

O alcoolismo matou Garrincha há 30 anos --e continua a matá-lo até hoje, a cada uma de suas vítimas que o Brasil deixa de assistir.

RUY CASTRO é autor de "Estrela Solitária - Um Brasileiro Chamado Garrincha" (1995), Companhia das Letras, atualmente na 16ª reimpressão.



Torcida do River Plate...

Imagem: AP/Natacha Pisarenko