domingo, maio 12, 2013

Potiguar de Mossoró é campeão do segundo turno do Campeonato Potiguar Chevrolet... Opalão 2013.

Imagem: Autor Desconhecido/Arte: Brum/Arte: Fernando Amaral


Eu tinha três opções na tela...

A final do Campeonato Paulista...

A Final da Copa Cidade do Natal e uma ótima matéria sobre o futebol de várzea de São Paulo, apresentada na Rede Bandeirantes ou Record, não lembro bem.

Comecei assistindo a matéria sobre o futebol de várzea...

Excelente.

Os campos quase sempre horríveis, estão sempre cercados de uma multidão de torcedores vibrantes, engraçados e que ainda conservam o verdadeiro espirito do bom e velho futebol.

Os times são uma festa...

Bancados por gente de todo o tipo, se armam para a disputada anunciando contratações e buscando reforços...

Quem disse que não rola grana?

Precisando de um atacante, uma equipe foi buscar no adversário o reforço pretendido...

Preço do negócio?

Uma viagem para a Bahia...

O craque, sua mãe e sua irmã.

O goleiro necessário numa outra equipe, veio com o compromisso de que o IPVA de seu carro seja pago anualmente...

Contrato de três anos.

Um meio campista bom de bola, exigiu...

Quero um carro novo.

Ganhou um Celta.

Infelizmente a hora passava e eu tinha que decidir...

Corinthians e Santos ou Potiguar e América.

Potiguar e América foi minha decisão.

Vou ser franco...

Acho o futebol paulista muito parecido com o futebol italiano: rico, mas insosso.

É só uma opinião, não precisam me excomungar por isso.

Depois, vivo no Rio Grande do Norte e por mais que seja crítico com as coisas, gosto daqui.

Pois bem, peguei minha velha caneca de aço – é exagerada, velha e feia, mas gosto dela.

Coloquei pedras de gelo, enchi de Coca-Cola, abri o maço de Hollywood novinho em folha, verifiquei a posição do cinzeiro e me instalei confortavelmente em frente à televisão.

Antes da bola rolar, minha gata e meu gato ainda tentaram tirar minha atenção com saltos, arranhões e mordidas nos dedos de meu pé...

Levaram um sonoro esporro e a gata constrangida, deitou-se delicadamente no meu colo enquanto o gato, puto, foi arranhar uma velha cadeira de vime que ainda não joguei fora não sei por que.

Assim que o senhor Leandro Pedro Vuaden com a pompa e circunstância que seu escudo FIFA lhe confere deu início ao jogo, entrei em processo de total concentração.

O Potiguar começou bem...

Assanhado buscou seu gol...

Já o América, ainda sob os efeitos do furacão – não venham com essa história de que não abalou – não conseguia fazer nada de produtivo.

Cascata não dava um pique para ninguém, não criava e não assustava a defesa mossoroense.

Jorge Santos, entrou com a equipe em campo, mas jogar que é bom, necas de pitibiriba.

Com o passar do tempo as equipes adotaram uma tática bastante condizente com o péssimo gramado do Nogueirão: passaram a jogar no estilo canguru ou rã...

Hora a bola dava saltos altíssimos, hora pererecava...

Mesmo assim, o Potiguar conseguia ser melhor, mas susto que é bom, nenhum.

Por sorte, os minutos correram e Vuaden encerrou o primeiro tempo.

Depois de buscar o litro de Coca-Cola e o gelo mais para perto, pedi desculpas a minha gata por tê-la acordado e voltei a me concentrar...

Pura sorte...

Se demoro mais um pouco, teria perdido o gol maravilhoso do Chiquinho marcado com apenas um minuto de bola rolando – efeito furacão?

Melhor assim, replay na TV União é dose.

Mas voltemos ao Chiquinho...

Gol de gênio...

Infelizmente o palco não ajuda.

Se fosse no Morumbi, Engenhão ou qualquer coisa do gênero, só parariam de repetir na próxima semana.

Passado o gol, pensei...

Caraca véio... morreram uns 3000 torcedores do ABC.

Como sou humano, cheguei a imaginar que a direção do América tenha ficado aborrecida, mas também pensei: que nada, viraram o rosto e deram um discreto sorriso de canto de boca.

Mas, vejam bem, isso foi meu lado mau agindo.

Meu lado bom, disse: ficaram todos muito tristes.

Voltemos ao jogo...

Como consequência do gol, o América acordou...

Como consequência do gol, o Potiguar se encolheu...

Aí, o América cresceu e foi à luta.

26 minutos depois, aos 27, Thiago Adam chutou e goleiro Santos aceitou...

América de volta ao jogo e os 3000 torcedores do ABC de volta à vida.

É...

Feridos os americanos vão acabar dando mesmo um liso no Opalão 2013...

Pensei eu.

Ledo engano...

Ao avançar para ganhar, o América deixou sua defesa exposta e, aos 46 minutos, quando o Nogueirão já comemorava, Radames, Radamés ou Radamis (cada um escreveu de uma maneira), entrou todo serelepe, deixou o Dida na saudade e aproveitando que o zagueiro do América escorregou na hora de cortar, mandou ver e liquidou a fatura.

Daí por diante, nada mais aconteceu e Vuaden que tinha que voltar para Natal, encerrou o jogo.

Pois bem...

O time do “Menino Maluquinho” venceu o time do “mitológico” Roberto Fernandes...

Venceu com méritos...

Mas, Roberto Fernandes ainda tem dois jogos para fazer as coisas voltarem a normalidade ou então, sair de seu canto e dar um forte abraço no “Menino Maluquinho”, reconhecendo que ele mais do que ninguém, soube aproveitar a brecha que abriram.

Bem, hora de ir comer alguma coisa e navegar na Internet sem maiores compromissos.

Missão cumprida.


Diante do adversário, valente... nas mãos da polícia, reclamação. Torcedor do Bizertin preso depois de cercar com seus companheiros torcedores adversários.

Imagem: World Soccer

Resposta ao leitor Cláudio César com a colaboração não autorizada do leitor Luciano....



Comentário do leitor Cláudio César:

Colocar o público que comparece aos estádios na Alemanha e não informar o PIB, a quantidade de clubes existentes, o tamanho territorial daquele país, as empresas patrocinadoras dos campeonatos, etc, etc.... 

Não citar os salários no Brasil, a diferença das arenas, a quantidade de jogos, etc e etc.

Vamos ser justos... 

E acabar com essa mania de achar que tudo dos outros são melhores...

Cláudio César.

Minha resposta:

Meu caro Cláudio César,

Agradeço seu comentário e sua visita a este espaço.

Pela relevância do tema, resolvi responder, não sem antes dizer que é exatamente isso o que desejo para este blog; participação, debate, sugestões, críticas e acima de tudo, troca de informações.

Porém, deixe-me dizer que ao publicar o post, “Alemanha o país dos verdadeiros amantes do futebol”, minha intenção foi mostrar que mesmo sendo a penúltima rodada, com praticamente tudo decidido, ainda assim, eles, os alemães, se fizeram presentes nos estádios, dando apoio aos seus clubes.

Infelizmente, não é o que se vê por aqui...

Costumamos reverberar os exageros da imprensa brasileira – da qual faço parte – e, bradar aos quatro cantos, nossa paixão desmensurada pelo futebol...

Somos apaixonados sim, mas não muito...

Ou melhor, somos apaixonados quando tudo vai bem e as vitórias batem as portas de nossos clubes.

Faz parte de nossa cultura...

Amamos o que está bem...

Todo o resto, deixamos de lado.

Pois bem, eles, lá, não são assim.

Seus clubes fazem parte de suas vidas, de seu dia a dia e ganhado ou perdendo, vão, participam e torcem.

Portanto, vou lhe responder passo a passo...

Prepare-se o texto vai ser longo, mas certamente, vai lhe dar subsídios para compreender que não tenho mania de achar que tudo dos outros é melhor...

Em alguns casos, tenho certeza, pois não vivo no mundo “achismo” e sim, dedico boa parte de meu tempo, a pesquisa e a busca incessante de informação.

Em relação ao PIB da Alemanha, a informação é de dois anos atrás, mas creio que sirva...

PIB (base PPC) Estimativa de 2011
 - Total US$ 3,089 trilhões
 - Per capita US$ 37.9353

PIB (nominal) Estimativa de 2011
 - Total US$ 3,628 trilhões
 - Per capita US$ 44.5553

Mas vamos ao que interessa, mas, por partes:

A questão não é se eles são ricos e nós pobres...

A questão está na seguinte premissa; é possível sim, ser pobre, mas ser organizado, sério e decente em tudo o que se faz.

Ou, será que só os ricos podem ser limpos, organizados e sérios com as coisas?

É claro que nenhum de nós seria obtuso o bastante para dizer sim a tal pergunta.

Portanto, o que cobro é organização, seriedade, decência e mais ação e menos bravatas.

Usar o argumento da extensão territorial me parece um tanto simplista, pois não somos o único pais de grande extensão territorial no planeta que pratiqua o futebol, mas posso lhe afirmar que entre as grandes e os menores nações praticantes do futebol, somos aquela com maior homogeneidade cultural e étnica.

Em relação as empresas que patrocinam os clubes alemães, a explicação não é tão difícil assim.

A Alemanha é um país de economia descentralizada, não existe como no Brasil, concentração de indústrias e empresas fortes numa só cidade ou região, como é o caso de São Paulo, por exemplo...

Por outro lado, a base do sucesso econômico dos alemães, são as pequenas e médias empresas que permeiam todo o território germânico.

Entretanto, o fato de serem pequenas e médias, não significa que sejam pouco lucrativas.

São essas empresas patrocinam as equipes amadoras e as equipes menores que disputam os campeonatos profissionais.

Em relação ao número de clubes existentes por lá, você vai se surpreender...

Abaixo a estrutura do futebol alemão.

Lembrando que todas as equipes concorrem ao acesso e todas lutam para fugir do descenso e que as equipes amadoras participam da Copa da Alemanha.



Bundesliga 1 (Profissional)
18 clubes.

Bundesliga 2 (Profissional)
18 clubes.

3 Liga de Futebol (profissional)
20 clubes.

Regionalliga (Semiprofissional)

Regionalliga Nord: 18 clubes;
Regionalliga Nordost: 16 clubes;
Regionalliga West: 20 clubes;
Regionaliga Südwest: 19 clubes;
Regionaliga Bayern: 20 clubes.

Amadores

Oberliga

Bayernliga Nord: 18 clubes;
Bayernliga Süd: 19 clubes;
Bremen-Liga: 16 clubes;
Hessenliga: 18 clubes;
Mittelrheinliga: 16 clubes;
NOFV-Oberliga Nord: 16 clubes;
NOFV-Oberliga Süd: 16 clubes;
Oberliga Baden Württemberg: 18 clubes;
Oberliga Hamburg: 18 clubes;
Oberliga Niederrhein: 20 clubes;
Oberliga Niedersachsen: 16 clubes;
Oberliga Rheinland-Pfalz/Saar: 18 clubes;
Oberliga Westfalen: 18 clubes;
Schleswig-Holstein-Liga: 18 clubes.

Landesliga

Badischer Fußball-Verband;
Bayerischer Fußball-Verband;
Berliner Fußball-Verband;
Fußball-Landesverband Brandenburg;
Bremer Fußball-Verband;
Hamburger Fußball-Verband;
Hessischer Fußball-Verband;
Landesfußballverband Mecklenburg-Vorpommern;
Fußball-Verband Niederrhein;
Fußball-Verband Mittelrhein;
Niedersächsischer Fußball-Verband;
Fußball-Verband Rheinland;
Saarländicher Fußball-Verband;
Sächsischer Fußball-Verband;
Fußball-Verband Sachsen-Anhalt;
Schleswig-Holsteinischer Fußball-Verband;
Südbadischer Fußball-Verband;
Südwestdeutscher Fußballverband;
Fußball-und Leichtathletik-Verband Westfalen;
Württembergischer Fußball-Verband;
Thüringer Fußball-Verband.

Verbandsliga

Verbandsliga Hessen-Nord;
Verbandsliga Hessen-Mitte;
Verbandsliga Hessen-Süd;
Rheinlandliga;
Verbandsliga Saarland;
Verbandsliga Südwest;
Verbandsliga Baden;
Verbandsliga Südbaden;
Verbandsliga Württemberg;
Berlin-Liga;
Brandenburg-Liga;
Verbandsliga Mecklenburg-Vorpommern;
Verbandsliga Sachsen-Anhalt;
Verbandsliga Schleswig-Holstein-Nord-Ost;
Verbandsliga Schleswig-Holstein-Nord-West;
Verbandsliga Schleswig-Holstein-Süd-Ost;
Verbandsliga Schleswig-Holstein-Süd-West;
Westfalenliga - Group 1;
Westfalenliga - Group 2.

Berziksoberliga

110 grupos, divididos pelas federações.

Berziksliga

263 grupos, divididos pelas federações.

Kreisliga

507 grupos, divididos pelas federações.

Kriesklasse

709 grupos, divididos pelas federações.

Bem, espero que você compreenda que citar todos, grupo por grupo e determinar o número de clubes de cada um seria um tarefa bastante longa e tomaria espaço demais no blog.

Mas, se você quiser, lhe indico como chegar até esses números.

Em relação as questões salariais, digo o seguinte:

É óbvio que nossos salários não podem ser comparados com os deles...

Porém, como o nosso assunto é futebol, é evidente que no Brasil, os clubes cobram preços exorbitantes pelos ingressos em relação aos salários da maioria dos nossos habitantes.

Na Alemanha, os preços são cobrado de acordo com a importância dos jogos, localização no estádio e divisão...

Você paga menos para ver a segunda divisão e assim por diante.

Não existe preço único como aqui.

Sobre os estádios, você tem razão...

Os deles são infinitamente melhores...

Mas, também, quem os constrói, rouba infinitamente menos.

Aconselho a você ler mais sobre os preços das arenas por eles construídas e verificar que os valores são bastante inferiores aos que gastamos por aqui...

Além do que, quem deve exigir conforto, segurança e um transporte decente é o torcedor...

Eles, lá, fazem isso.

Aqui, qualquer curral é chamado de estádio, quando não, de arena, por meia dúzia de fanáticos alienados.

Sobre a quantidade de jogos, basta ver que se a Bundesliga 1 é composta de 18 clubes e a nossa Primeira Divisão é composta de 20 clubes, a diferença é de apenas quatro partidas a mais para nós.

Uma última coisa...

Não tenho complexo de inferioridade ou qualquer coisa nesse sentido...

Apenas não tenho nenhum problema em reconhecer no outro qualidades que não possuo.

Forte abraço,

Fernando Amaral.

Para ajudar, aqui vai o comentário do leitor Luciano, sobre o mesmo tema.

Morei lá por 5 anos e vou escrever o que acontece, no meu ponto de vista:

- Normalmente as cidades possuem apenas um clube;

- Existe uma rivalidade histórica muito grande entre as cidades/regiões e as mesmas são transferidas para os clubes q as representam;

- As temporadas são vendidas antecipadamente e há descontos razoáveis;

- Pode parecer estranho mas durante o inverno umas das melhores opções de lazer é ir ao estádio de futebol;

- De metrô/ônibus ou até de trem se chega confortavelmente ao estádio. Inclusive a DB (Deutsche Bahn - Trens da Alemanha) tem um ticket de final de semana (Wochenendentiket) onde viajam 5 pagando apenas 42 euros de ida e volta. Portanto 5 amigos viajam de Hamburgo para Bremem pagando apenas 42 euros para assistir o Hamburgo ou St. Pauli contra o Werder Bremen (o ticket dá direito também ao transporte urbano dentro da cidade - integração);

- Nos 5 anos que vivi lá fui a apenas 2 jogos (Holstein Kiel x Lübeck – Regional e Werder Bremem x Bochum - Bundesliga) e o aparato de segurança era enorme.

Fora de campo estava a polícia da cidade, dentro de campo a segurança privada.

Não vi nenhuma briga nem nada anormal, embora no jogo do Kiel x Lübeck houvesse uma operação de guerra fora do estádio.

Ocorreu tudo tranquilo;

- Senti uma seriedade muito grande dos dirigentes de lá e a forma profissional como os clubes são dirigidos.

Não sei se isso influencia na ida ao campo, mas acho que o torcedor se sente respeitado quando observa um "zelo" por parte dos dirigentes com seu clube. 


Nada mais a dizer...

Arte:DevianArt/Montagem: Fernando Amaral