Recebi uma análise da proposta
apresentada pela OAS ao ABC, feita pelo conselheiro do clube, Ricardo Couto...
Resolvi postá-la por entender que
minucioso trabalho, deve ser exposto ao maior número possível de alvinegros,
para que cada um tire suas conclusões.
Porém, como é minha obrigação,
deixo aberto aos dirigentes do ABC ou do Consórcio responsável pela
administração do estádio Arena das Dunas, espaço para contestar os números
expostos pelo conselheiro Ricardo Couto.
ANÁLISE DA PROPOSTA CONTRATUAL
APRESENTADA PELA OAS AO ABC
Considerando as formas de disputa
atuais dos campeonatos e os percentuais de jogos em cada tipo de competição,
estabelecidos na proposta contratual, que deveriam ser realizados na Arena das
Dunas, o ABC realizaria em torno de apenas 16 partidas por ano no Frasqueirão.
Como a OAS é que escolheria os
jogos que deveriam ser realizados na Arena das Dunas, obviamente que iriam
sobrar pro Frasqueirão os que dariam as menores rendas líquidas.
Sendo assim, somando-se as 7
piores rendas líquidas que o ABC teve em casa na última Série B, as 6 piores do
último Estadual, as duas piores da última Copa do Nordeste e a pior da última
Copa do Brasil, chega-se ao montante de R$ 254.219,01, que seria o total, em
média, obtido pelo ABC com as rendas líquidas das cerca de 16 partidas anuais
que seriam realizadas no Frasqueirão.
Quanto aos percentuais entre 55 a
70% das rendas líquidas mensais dos jogos realizados na Arena das Dunas, o ABC
provavelmente nunca os receberia pois, para recebê-los, tendo em vista a
fórmula de compensação existente na proposta, teria que ter uma arrecadação
média desde o início do contrato, no que diz respeito à parte que caberia a ele
das rendas líquidas mensais dos jogos realizados na Arena das Dunas, de mais de
R$ 100.000,00 por mês, o que dificilmente aconteceria.
Pela proposta feita pela OAS, o
ABC receberia para jogar na Arena das Dunas, em média, R$ 116.500,00 por mês
(R$ 100.000,00 de cota mensal das suas participações nas rendas líquidas dos
jogos realizados na Arena das Dunas; mais R$ 990.000,00 pelos 60 meses de
contrato, que representam R$ 16.500,00 por mês), o que daria um valor de R$
1.398.000,00 por ano.
Os valores arrecadados anualmente
pelo ABC apenas com as rendas líquidas dos jogos realizados no Frasqueirão (R$
1.227.982,20 em 2010, R$ 1.296.421,65 em 2011, R$ 1.549.006,18 em 2012 – dados
do pesquisador Marcos Trindade) se fossem somados às demais receitas geradas
pelo Frasqueirão (bares, estacionamento, placas publicitárias, publicidade no
placar eletrônico, torres comerciais/camarotes que o clube projetou para
construir este ano…), que o clube perderia quando jogasse na Arena das Dunas,
ultrapassariam em todos os anos o valor de R$ 1.398.000,00 anuais oferecido
pela OAS na proposta contratual.
Outrossim, realizar 60% das partidas
em que o clube tiver o mando de campo em Campeonatos Brasileiros fora do
Frasqueirão iria causar um enorme prejuízo técnico ao ABC, que iria perder a
vantagem do “fator campo”, bem como poderia inviabilizar futuramente a
existência do Frasqueirão, que atualmente já recebe uma manutenção deficiente,
que tenderia a piorar quando fosse deixando de ser usado.
O ABC não realizaria a maioria
dos seus treinos na Arena das Dunas e nela a torcida exerceria uma pressão
menor pelo fato do estádio ter dimensões maiores do que o Frasqueirão.
Estes fatores prejudicariam o
clube do ponto de vista técnico.
Além disso, a manutenção do
Frasqueirão já tem sido deficiente e quando o estádio fosse menos usado a
tendência seria ter uma maior negligência na manutenção e uma sensação de que o
mesmo estaria se tornando desnecessário para o clube, o que poderia
inviabilizar a existência do Frasqueirão no futuro, tendo em vista ser a
consequência natural de tudo que não se usa mais ou que se usa pouco.
A importância, do ponto de vista
técnico, do ABC jogar a grande maioria das suas partidas no Frasqueirão é
facilmente comprovada por dados estatísticos que mostram o progresso técnico
que o clube passou a ter depois que começou a jogar no Frasqueirão, basta
observarmos que:
Nos 6 anos anteriores à
construção do Frasqueirão o ABC disputou a Série B apenas 1 vez.
Nos 6 anos posteriores à
construção do Frasqueirão o ABC disputou a Série B 4 vezes.
Nos 6 anos anteriores à
construção do Frasqueirão o ABC conquistou apenas 2 títulos estaduais.
Nos 6 anos posteriores à
construção do Frasqueirão o ABC conquistou 4 títulos estaduais.
Na era Frasqueirão (2007/2013) o
ABC conquistou 270 pontos em jogos de Campeonatos Brasileiros, sendo 180
(66,66%) no Frasqueirão e apenas 90 (33,33%) fora do Frasqueirão.
Ademais, nenhum clube brasileiro
que tem estádio optou por realizar a maioria dos seus jogos nas novas arenas, o
que demonstra que este tipo de proposta contratual não é interessante para
clubes que tem estádio.
O Vitória, que também tem
estádio, recebeu uma proposta milionária da Arena Fonte Nova para mandar a
maioria dos seus jogos lá, mas optou por fazer um contrato para jogar apenas 5
partidas por ano na Arena Fonte Nova e o clube é que escolherá quais serão estes
jogos.
O Presidente do Vitória, Alexi
Portela, ao justificar a opção por disputar apenas 5 jogos por ano na Arena
Fonte Nova, disse:
“O Barradão tornou o Vitória mais forte e nós não poderíamos prejudicar
o progresso do clube conquistado nos últimos anos.”
Sendo assim, diante de tudo
exposto acima, entendo que o contrato com a Arena das Dunas, na forma
inicialmente proposta pela OAS, seria: apenas razoável do ponto de vista
financeiro, pois os ganhos de receitas (cota mensal das rendas líquidas dos
jogos realizados na Arena das Dunas e luvas na assinatura do contrato) seriam
praticamente equivalentes às perdas de receitas (rendas líquidas dos jogos
realizados no Frasqueirão, bares, estacionamento, placas publicitárias,
publicidade no placar eletrônico, torres comerciais/camarotes que o clube
projetou para construir este ano...), e péssimo
do ponto de vista técnico, pois o clube perderia a vantagem do mando de campo
em 60% dos jogos dos Campeonatos Brasileiros, tendo que realizar a maioria das
suas partidas fora de sua casa, o Frasqueirão. Isto poderia, ainda,
inviabilizar futuramente a existência do Frasqueirão, que já vem tendo uma
manutenção deficiente.
Acredito que a proposta inicial
apresentada pela OAS terá que passar por muitas mudanças, principalmente
diminuir bastante o percentual de jogos de Campeonatos Brasileiros que o ABC
seria obrigado a realizar na Arena das Dunas, para que o contrato possa se
tornar interessante para o clube pois, para compensar o grande prejuízo técnico
que o clube teria, o ganho financeiro teria que ser muito elevado, o que não se
verifica na proposta inicial feita pela OAS.
Ricardo Couto e Silva