terça-feira, julho 23, 2013

Segundo a análise do conselheiro Ricardo Couto, o contrato ABC/OAS, prejudica o clube...



Recebi uma análise da proposta apresentada pela OAS ao ABC, feita pelo conselheiro do clube, Ricardo Couto...

Resolvi postá-la por entender que minucioso trabalho, deve ser exposto ao maior número possível de alvinegros, para que cada um tire suas conclusões.

Porém, como é minha obrigação, deixo aberto aos dirigentes do ABC ou do Consórcio responsável pela administração do estádio Arena das Dunas, espaço para contestar os números expostos pelo conselheiro Ricardo Couto.


ANÁLISE DA PROPOSTA CONTRATUAL APRESENTADA PELA OAS AO ABC

Considerando as formas de disputa atuais dos campeonatos e os percentuais de jogos em cada tipo de competição, estabelecidos na proposta contratual, que deveriam ser realizados na Arena das Dunas, o ABC realizaria em torno de apenas 16 partidas por ano no Frasqueirão. 

Como a OAS é que escolheria os jogos que deveriam ser realizados na Arena das Dunas, obviamente que iriam sobrar pro Frasqueirão os que dariam as menores rendas líquidas. 

Sendo assim, somando-se as 7 piores rendas líquidas que o ABC teve em casa na última Série B, as 6 piores do último Estadual, as duas piores da última Copa do Nordeste e a pior da última Copa do Brasil, chega-se ao montante de R$ 254.219,01, que seria o total, em média, obtido pelo ABC com as rendas líquidas das cerca de 16 partidas anuais que seriam realizadas no Frasqueirão. 

Quanto aos percentuais entre 55 a 70% das rendas líquidas mensais dos jogos realizados na Arena das Dunas, o ABC provavelmente nunca os receberia pois, para recebê-los, tendo em vista a fórmula de compensação existente na proposta, teria que ter uma arrecadação média desde o início do contrato, no que diz respeito à parte que caberia a ele das rendas líquidas mensais dos jogos realizados na Arena das Dunas, de mais de R$ 100.000,00 por mês, o que dificilmente aconteceria. 

Pela proposta feita pela OAS, o ABC receberia para jogar na Arena das Dunas, em média, R$ 116.500,00 por mês (R$ 100.000,00 de cota mensal das suas participações nas rendas líquidas dos jogos realizados na Arena das Dunas; mais R$ 990.000,00 pelos 60 meses de contrato, que representam R$ 16.500,00 por mês), o que daria um valor de R$ 1.398.000,00 por ano. 

Os valores arrecadados anualmente pelo ABC apenas com as rendas líquidas dos jogos realizados no Frasqueirão (R$ 1.227.982,20 em 2010, R$ 1.296.421,65 em 2011, R$ 1.549.006,18 em 2012 – dados do pesquisador Marcos Trindade) se fossem somados às demais receitas geradas pelo Frasqueirão (bares, estacionamento, placas publicitárias, publicidade no placar eletrônico, torres comerciais/camarotes que o clube projetou para construir este ano…), que o clube perderia quando jogasse na Arena das Dunas, ultrapassariam em todos os anos o valor de R$ 1.398.000,00 anuais oferecido pela OAS na proposta contratual. 
   
Outrossim, realizar 60% das partidas em que o clube tiver o mando de campo em Campeonatos Brasileiros fora do Frasqueirão iria causar um enorme prejuízo técnico ao ABC, que iria perder a vantagem do “fator campo”, bem como poderia inviabilizar futuramente a existência do Frasqueirão, que atualmente já recebe uma manutenção deficiente, que tenderia a piorar quando fosse deixando de ser usado. 

O ABC não realizaria a maioria dos seus treinos na Arena das Dunas e nela a torcida exerceria uma pressão menor pelo fato do estádio ter dimensões maiores do que o Frasqueirão. 

Estes fatores prejudicariam o clube do ponto de vista técnico. 

Além disso, a manutenção do Frasqueirão já tem sido deficiente e quando o estádio fosse menos usado a tendência seria ter uma maior negligência na manutenção e uma sensação de que o mesmo estaria se tornando desnecessário para o clube, o que poderia inviabilizar a existência do Frasqueirão no futuro, tendo em vista ser a consequência natural de tudo que não se usa mais ou que se usa pouco.
A importância, do ponto de vista técnico, do ABC jogar a grande maioria das suas partidas no Frasqueirão é facilmente comprovada por dados estatísticos que mostram o progresso técnico que o clube passou a ter depois que começou a jogar no Frasqueirão, basta observarmos que:
  
Nos 6 anos anteriores à construção do Frasqueirão o ABC disputou a Série B apenas 1 vez.
Nos 6 anos posteriores à construção do Frasqueirão o ABC disputou a Série B 4 vezes.  
Nos 6 anos anteriores à construção do Frasqueirão o ABC conquistou apenas 2 títulos estaduais.
Nos 6 anos posteriores à construção do Frasqueirão o ABC conquistou 4 títulos estaduais.  
Na era Frasqueirão (2007/2013) o ABC conquistou 270 pontos em jogos de Campeonatos Brasileiros, sendo 180 (66,66%) no Frasqueirão e apenas 90 (33,33%) fora do Frasqueirão. 

Ademais, nenhum clube brasileiro que tem estádio optou por realizar a maioria dos seus jogos nas novas arenas, o que demonstra que este tipo de proposta contratual não é interessante para clubes que tem estádio. 

O Vitória, que também tem estádio, recebeu uma proposta milionária da Arena Fonte Nova para mandar a maioria dos seus jogos lá, mas optou por fazer um contrato para jogar apenas 5 partidas por ano na Arena Fonte Nova e o clube é que escolherá quais serão estes jogos.  

O Presidente do Vitória, Alexi Portela, ao justificar a opção por disputar apenas 5 jogos por ano na Arena Fonte Nova, disse:  

“O Barradão tornou o Vitória mais forte e nós não poderíamos prejudicar o progresso do clube conquistado nos últimos anos.”  

Sendo assim, diante de tudo exposto acima, entendo que o contrato com a Arena das Dunas, na forma inicialmente proposta pela OAS, seria: apenas razoável do ponto de vista financeiro, pois os ganhos de receitas (cota mensal das rendas líquidas dos jogos realizados na Arena das Dunas e luvas na assinatura do contrato) seriam praticamente equivalentes às perdas de receitas (rendas líquidas dos jogos realizados no Frasqueirão, bares, estacionamento, placas publicitárias, publicidade no placar eletrônico, torres comerciais/camarotes que o clube projetou para construir este ano...), e  péssimo do ponto de vista técnico, pois o clube perderia a vantagem do mando de campo em 60% dos jogos dos Campeonatos Brasileiros, tendo que realizar a maioria das suas partidas fora de sua casa, o Frasqueirão. Isto poderia, ainda, inviabilizar futuramente a existência do Frasqueirão, que já vem tendo uma manutenção deficiente. 

Acredito que a proposta inicial apresentada pela OAS terá que passar por muitas mudanças, principalmente diminuir bastante o percentual de jogos de Campeonatos Brasileiros que o ABC seria obrigado a realizar na Arena das Dunas, para que o contrato possa se tornar interessante para o clube pois, para compensar o grande prejuízo técnico que o clube teria, o ganho financeiro teria que ser muito elevado, o que não se verifica na proposta inicial feita pela OAS.  

Ricardo Couto e Silva

4 comentários:

Anônimo disse...

dizem os comentários que a reunião que aconteceu no final da tarde de hoje (OAS, AMÉRICA, ABC E DO PRESIDENTE DA CÂMARA HENRIQUE EDUARDO ALVES), foi pra duplicar o valor das cotas destinadas aos dois clubes, ou seja, dois milhões. agora, uma pergunta : com a atual situação financeira dos dois clubes, principalmente o time de pium, alguém duvida que não vai ser aceita ?

Luciano disse...

Quem precisa urgentemente de estádio é o time de Japé (respondendo ao Anônimo), pois o time de Ponta Negra (o anônimo precisa estudar geografia urbana da cidade dele) já tem estádio. O conselheiro prova por A + B que a proposta da OAS deveria ser recusada de imediato por parte do ABC. Quem tem estádio próprio e maior torcida tem que barganhar mais....aliás qualquer proposta que seja igual a do Mequinha deveria ser de imediato recusada, pois quem nao tem onde jogar e quem possui a menor torcida sao eles. Agora me preocupa a situação financeira do Mais Querido pois isso pode causar precipitações que lesarão o clube mais na frente.

Ricardo Couto disse...

A proposta inicial previa o valor de R$ 990.000,00 de luvas pelos 5 anos de contrato (o que representa R$ 16.500,00 por mês) e R$ 100.000,00 de cota mensal das rendas líquidas dos jogos realizados na Arena, o que daria um valor de R$ 1.398.000,00 por ano.

Aumentando apenas as luvas para o valor de R$ 2.000.000,00 pelos 5 anos de contrato (o que representa R$ 33.333,33 por mês), somando-se ao valor de R$ 100.000,00 da cota mensal de das rendas líquidas dos jogos realizados na Arena, daria um valor de R$ 1.600.000,00.

Sendo assim, a proposta teve um aumento insignificante, de apenas 14,49% (1.600.000 / 1.398.000).

Anônimo disse...

Luciano, é por causa de torcedores como você, que o time de pium se encontra nessa situação. seria bom que a diretoria do Real Madrid de pium não aceitasse a proposta da OAS( coisa impossível de acontecer, pois a atual gestão está de píres na mão), pra ver onde teu time iria parar. talvez a diretoria não aceite, os comentários na cidade é que eles vão fechar um patrocínio com a FLY EMIRATES.