Meu caro Luiz Felipe, desculpe a
demora, mas precisei realizar algumas pesquisas para poder lhe responder com
clareza e certeza.
Portanto, começo pelo fim.
Você me pergunta se em outras
partes do Brasil existem normas que proíbam o uso de guarda-chuvas no interior
dos estádios:
Sim...
A Brigada Milita do Rio Grande do
Sul confisca à porta dos estádios, guarda-chuvas e outros objetos considerados
capazes de causar ferimento.
No Paraná, na Bahia, em São
Paulo, em Minas Gerais e em quase todos os Estados da federação só permitem
guarda-chuvas retrateis e sem ponta.
Em relação a outras partes do
planeta, posso lhe afirmar que não existe uma uniformidade...
Cada país adota ou não, medidas
preventivas.
Nas nações mais pobres, onde a
segurança de seus cidadãos não é um dos itens prioritários, raramente se vê
revistas a torcedores na entrada das praças esportivas.
Na verdade, as abordagens nestes
países, acontecem a critério da autoridade policial e quase sempre, ferem
princípios básicos de legalidade e cidadania.
Nas nações ditas mais
desenvolvidas, existem leis, normas e regulamentos bastante rígidos e o seu não
cumprimento, resulta em sanções bastante duras para os que ousam testar a
sorte.
Pois bem, voltemos ao Brasil:
As leis brasileiras existem...
Algumas são muito boas e outras,
nem tanto...
Pessoalmente, tenho uma opinião
sobre o assunto e, só não escrevi nada antes a respeito do episódio dos
guarda-chuvas, por imaginar que o bom senso fosse prevalecer...
Errei...
Não prevaleceu.
E porque isso não aconteceu?
Simples...
Pelo maldito vício nacional de
sempre, sempre, combater os efeitos e nunca as causas.
É do conhecimento geral que a
maioria das ações violentas ocorrem fora dos estádios – antes e depois dos
jogos...
Sabemos todos que grande parte
dos ataques as pessoas acontecem distantes dos estádios e que os confrontos nas
imediações apesar de constantes, são em menor número.
Sabendo disso, me pergunto: por
que as autoridades responsáveis pela segurança pública que eu acredito, já
tenham identificado e catalogado a maior parte dos responsáveis pelas ações
violentas, não agem preventivamente?
Porque esses sujeitos permanecem
imunes a ações judiciais?
Que motivos eles, os violentos e antissociais,
quando presos, são liberados imediatamente?
Que razões existem para que eles
fiquem isentos de responsabilidade por seus atos?
Sem essas respostas, creio, não
teremos solução para uma questão que a cada dia torna o prazer de ir a um jogo
de futebol, numa aventura pouco recomendada a pessoas de bem.
Sem essas respostas, todos nós
continuaremos sendo colocados na vala comum...
Isto é: os que cumprem a lei, pagam
o mesmo preço dos que descumprem – recebemos igualitariamente, o mesmo
tratamento.
No Brasil as coisas funcionam
assim.
Como as autoridades não conseguem
fiscalizar e punir quem anda em desabalada correria pelas ruas com seus
automóveis, enchem as ruas com quebra-molas...
Somos o país cuja a pandemia de
quebra-molas é incurável.
Porém, os velozes motoristas
continuam por aí sem que nada os incomode.
Como as autoridades não conseguem
combater o crime e os criminosos e nem tem interesse em sanar os graves e
absurdos problemas sociais que alimentam a criminalidade, desarmam a
população...
Imaginam esses gênios, que assim,
reduzem as mortes por arma de fogo...
Segundo lógica deles, menos armas
de fogo, menos crimes...
Coitados, não lembram que uma mão
portanto uma faca, um garfo, uma pedra e até mesmo um prosaico furador de gelo,
também mata.
E por aí vai...
Portanto, não me assusta que
incompetentes como são para dar um basta nas gangues que infestam o futebol, e
“humanistas” demais para exigir que os legisladores criem leis mais duras
contra essa gente, acabem enveredando pelo patético.
Enfim, como não são capazes de
frear a violência dos violentos, tomam guarda-chuvas...
Deu para você entender qual minha
opinião sobre o assunto, não deu meu caro Luiz Felipe?
Forte abraço e obrigado por sua
visita ao Fernando Amaral FC.
Um comentário:
Agradeço pelo comentário Fernando; perguntei pelos outros estádios por que realmente não sabia,de qualquer forma concordo com você, em toda sua opinião a respeito de tal assunto o pensamento que tornou suas palavras as minhas foi a respeito da segurança fora dos estádios e não dentro.Quis outras vezes comentar a respeito mas não tive tempo ou estava chateado demais pela situação que meu ABC vive;enfim, queria comentar o seguinte:gosto de assistir clássicos, como acredito que todo torcedor goste, e admito aqui que meu maior medo quanto aos clássicos são quando chego no estádio e quando saio dele,seguindo um raciocínio lógico é muito mais fácil você garantir segurança em um local fechado do que nas ruas ao redor desse lugar e é exatamente o que acontece comigo:enquanto estou dentro do estádio em um clássico me sinto seguro.Deixei de ir a muitos clássicos no Machadão pelo motivo da chegada e da saída do jogo e ainda observei outro fato:no último clássico que fui esse ano foi de espantar o número de policiais dentro do Frasqueirão já na saída da torcida do ABC enquanto ouvíamos nos noticiários que estavam tendo confrontos nas paradas de Mirassol e Lagoa Nova, e todos aqueles policiais dentro do estádio sem fazer absolutamente nada;não sei sabe Fernando?As vezes acredito que os altos escalões e outros poderosos realmente querem que isso aconteça, querem botar o torcedor do futebol à prova em todo clássico que ocorrer,não estão preocupados com o torcedor que vai de ônibus,com o torcedor que não pode vestir as cores de seu time por medo de morrer, só querem exercer o poder e se beneficiar dele;e é por isso que fiquei tão indignado com toda essa norma em relação a um guarda-chuva em uma noite de chuva:existem situações muito piores que são deixadas de lado e ano final de tudo é o torcedor comum que é submetido a essas normas.Obrigado mais uma vez Fernando!
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