Jabuticabas para dar e vender
Por Juca Kfouri
Os principais campeonatos
estaduais do país começam neste fim de semana.
Vêm aí o Gauchinho, o
Paulistinha, o Carioquinha e o Mineirinho.
Como a jabuticaba, campeonatos
estaduais só existem no Brasil e sobrevivem, no modelo atual, apenas para
garantir, com os votos dos clubes menores, as eternas reeleições dos
presidentes de federação, outra criação original brasileira, coisa nossa, muito
nossa.
Importantes até, digamos, os anos
80, os estaduais têm médias de público abaixo do ridículo e servem, no máximo,
como uma pobre pré-temporada.
Já passou muito da hora de os
clubes grandes do país disputarem torneios regionais como o Rio-São Paulo, Copa
do Nordeste, Sul-Minas, a Copa Verde.
Os estaduais fariam sentido sem
os times grandes e se disputados durante toda a temporada, incentivando as
rivalidades entre as cidades do interior e permitindo que os clubes mantivessem
seus jogadores empregados pelo ano todo.
Durante os próximos três meses,
os fins de semana do futebol brasileiro serão ocupados pobremente pelos
estaduais.
Haja jabuticaba!
Do blog:
Juca afirma acima, eu, concordo,
que os estaduais existem como plataforma política para os detentores do poder
nas federações...
Na maioria dos casos, os clubes
menores a elas filiados, garantem as eternas reeleições.
É estranho que ainda insistam com
eles...
Que alguns ainda se agarrem a
eles com base em argumentos vazios, emocionais e falaciosos.
Quando um torcedor defender o
estadual, pergunte a ele para que time ele torce...
Depois, pergunte a quantos jogos ele
foi...
A maioria absoluta foi a poucos,
tenho certeza absoluta.
Quando um jornalista o fizer,
pergunte quantos jogos o veículo que ele trabalha, cobriu sem que houvesse a
participação de um grande...
Novamente, nenhum.
Quando qualquer um, torcedor ou
jornalista, afirmar que sem os estaduais, não há revelação de novos valores...
Tente lembrar quantos jogadores
de equipes menores que se destacaram foram contratados pelos grandes clubes,
após a competição?
E, dos que porventura foram,
quantos, logo foram “queimados” sem dó ou piedade.
Dizer que os campeonatos
estaduais são trampolim para outras competições é falácia...
Os estaduais organizados
regionalmente, como uma Série E, por exemplo, seriam trampolim da mesma forma.
E a Copa do Nordeste?
Perguntarão alguns.
O justo seria que seus
participantes saíssem de um ranking baseado na participação de cada clube nas
divisões nacionais...
Imagine hipoteticamente, que
América e ABC subam para a Série A num mesmo ano e que na Copa do Nordeste do
ano seguinte, um deles por ter tropeçado no estadual fique de fora da maior
competição regional...
Qual a lógica disso?
Um time da Série A, eliminado da
Copa do Nordeste num torneio onde a maioria dos disputantes hibernam quase o
ano inteiro?
É correto?
Você decide...
Por fim, para quem afirma estar
preocupado com o fim dos times pequenos, indago:
Se essa preocupação é honesta,
qual a razão do nenhum ou tão pouco espaço dado a esses clubes, em resenhas
radiofônicas, páginas de jornais e blocos de programas de televisão...
Não vou obter nenhuma resposta...
Ou melhor, se receber, serão
ataques e não argumentos.