sexta-feira, março 29, 2013

Às favas com a ética... Pinçado do blog do Juca Kfouri.



Por Elias Aredes*

Vira e mexe, converso com alguns colegas inconformados com a falta de credibilidade do jornalismo esportivo.

Na maior parte das vezes, os torcedores chegam a exibir desprezo por alguns profissionais.

No entanto, fatos colaboram para esse estado de coisas.

Exemplo: a contratação pela Rede Globo de Ronaldo Nazário para ser comentarista da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.

Se tudo for analisado pela lógica da indústria do entretenimento, a medida é uma tacada de mestre: apesar de declarações pífias e sem profundidade, Ronaldo é alguém conhecido, consagrado e que atrai audiência. 

Ponto.

No entanto, a ética toma uma surra quando o tema é abordado.

Ronaldo é integrante do Comitê Organizador Local e está envolvido diretamente com a organização da Copa do Mundo.

O que ele vai falar se durante uma transmissão se algo de errado ocorrer nos estádios e até na questão da mobilidade.

Vai se calar? 

Dará uma de politicamente correto?

Quando a bola rolar, o quadro ficará dramático.

Sua agência, a 9ine, administra a imagem de jogadores como o “desconhecido” Neymar.

Ponto básico: e se a joia santista jogar pedrinha ou mostrar uma produção decepcionante?

Ele vai falar e será contundente como pede uma cobertura jornalística?

Ou vai colocar panos quentes?

Digo de cara: não sou contra ex-jogador ser comentarista de futebol.

Até porque alguns em âmbito nacional colaboram e muito para o debate.

Mas a participação de Ronaldo com o microfone da Globo na mão pode até ser um golaço para quem busca entretenimento, mas é um tiro no pé para quem luta por um jornalismo  praticado com ética e independência.

*Elias Aredes é jornalista.

O blog assina junto: Juca Kfouri, de Lisboa.

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