Por Elias Aredes*
Vira e mexe, converso com alguns
colegas inconformados com a falta de credibilidade do jornalismo esportivo.
Na maior parte das vezes, os
torcedores chegam a exibir desprezo por alguns profissionais.
No entanto, fatos colaboram para
esse estado de coisas.
Exemplo: a contratação pela Rede
Globo de Ronaldo Nazário para ser comentarista da Copa das Confederações e da
Copa do Mundo.
Se tudo for analisado pela lógica
da indústria do entretenimento, a medida é uma tacada de mestre: apesar de
declarações pífias e sem profundidade, Ronaldo é alguém conhecido, consagrado e
que atrai audiência.
Ponto.
No entanto, a ética toma uma
surra quando o tema é abordado.
Ronaldo é integrante do Comitê
Organizador Local e está envolvido diretamente com a organização da Copa do
Mundo.
O que ele vai falar se durante
uma transmissão se algo de errado ocorrer nos estádios e até na questão da
mobilidade.
Vai se calar?
Dará uma de
politicamente correto?
Quando a bola rolar, o quadro
ficará dramático.
Sua agência, a 9ine, administra a
imagem de jogadores como o “desconhecido” Neymar.
Ponto básico: e se a joia
santista jogar pedrinha ou mostrar uma produção decepcionante?
Ele vai falar e será contundente
como pede uma cobertura jornalística?
Ou vai colocar panos quentes?
Digo de cara: não sou contra
ex-jogador ser comentarista de futebol.
Até porque alguns em âmbito
nacional colaboram e muito para o debate.
Mas a participação de Ronaldo com
o microfone da Globo na mão pode até ser um golaço para quem busca
entretenimento, mas é um tiro no pé para quem luta por um jornalismo praticado com ética e independência.
*Elias Aredes é jornalista.
O blog assina junto: Juca Kfouri,
de Lisboa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário