Imagem: Arquivo
Por que a América do Sul não terá superpotência como o Real
Por Rodrigo Mattos
É rotina: a cada início de
temporada em que um time brasileiro se destaca começam as comparações com
superpotências europeias como Real Madrid, Bayern de Munique ou Barcelona.
Já aconteceu com Corinthians,
Palmeiras, Flamengo.
A expectativa é de que o poderio
econômico momentâneo desses clubes os tornasse dominante na América do Sul como
ocorreu com o time espanhol e seus três títulos da Liga dos Campeões em quatro
anos.
Mas isso não é realidade hoje e
não deve acontecer no futuro.
Primeiro, vamos aos números
históricos. Criadas na mesma época (década de 50 e 70), a Libertadores e a Liga
dos Campeões têm uma distribuição de títulos diferentes.
Na Europa, o Real Madrid ganhou
12 títulos da competição com o título de 2016-2017, seguido pelo Milan com sete
taças.
São 22 campeões no total.
Na América do Sul, o maior
campeão Independiente tem sete títulos, seguido pelo Boca Juniores com seis.
Ambos estão fora da edição atual
da Libertadores.
Foram 26 campeões.
Nesses números, percebe-se que os
sul-americanos já são um pouco mais democráticos na distribuição de títulos.
Isso não impede que, no passado,
tenham havido campeões surpresa na Europa.
O problema é que as zebras por lá
tornaram-se quase impossíveis no momento atual, enquanto continuam a surgir por
aqui.
É só ver que nos cinco anos a
taça só foi para Real Madrid, Barcelona ou Bayern.
São coincidentemente os times
mais ricos do continente ao lado do Manchester United.
Já na Libertadores foram cinco
campeões diferentes, sendo que apenas o Corinthians (2012) era o mais rico do
continente na época.
E por que?
Isso se explica porque as
diferenças financeiras são significativas na América do Sul, mas contam menos
no campo do que na Europa.
Flamengo e Palmeiras são mais
ricos do que bolivianos e até argentinos, mas não o suficiente para contratar
grandes jogadores em todas as posições que não permitam a competição.
Basta ver a eliminação rubro-negra
na primeira fase.
Real Madrid, Barcelona e Bayern
se tornaram potências globais cujos ganhos aumentaram exponencialmente com a
exploração do mercado do mundo inteiro.
Foi a Ásia, EUA e até o Brasil
que o enriqueceram nos últimos dez anos.
Antes, havia diferença para o
mercado sul-americano, mas não no patamar atual.
Pior, aumentou o buraco entre os
times europeus, o que está realmente preocupando a UEFA.
Uma medida tomada pela entidade
foi limitar o tamanho de elencos.
Cada vez mais um time holandês ou
português terá mais dificuldade para eliminar um dessas superpotências
econômicas do continente.
Mais ricos da América do Sul, os
clubes brasileiros melhoraram financeiramente e aumentaram o buraco.
Mas, por aqui, há um fator que é
a revelação de jogadores, pois só com ela um time pode contar com um craque de
primeira linha, ainda que por pouco tempo.
O Santos foi campeão da
Libertadores em 2011 com Neymar, o Palmeiras campeão brasileira de 2016, rico,
tinha em seu melhor jogador Gabriel Jesus, formado no clube.
Esse tipo de atleta, extraclasse
no auge, está simplesmente fora do alcance econômico dos times sul-americanos.
Pode-se trazer um jogador de
ótimo nível, como Pratto, Guerrero, Diego, etc.
Mas não será um astro mundial.
A desorganização da Libertadores
é outro fator que contribui para o equilíbrio.
Não há padrão de gramado, de
estádio, sequer de segurança na competição.
Isso significa que fatores
extracampo interferem significativamente nos resultados finais, o que reduz o
predomínio técnicos que certas equipes (neste caso, isso é uma bizarrice da
competição a ser lamentada).
Mesmo internamente, o dinheiro
deve passar a ter mais influência nos Brasileiros, mas haverá espaço para times
que saibam administrar bem seus recursos, achar atletas em times menores ou
fortalecer sua base.
Claro, clubes com mais recursos
tendem a ganhar mais títulos.
Mas os sonhos de dominação dos
times mais ricos do Brasil estão longe de se realizar.
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