Abel Issa Camará nascido na Guiné-Bissau
e que atua como atacante do Arema, clube da Liga 1 da Indonésia presenciou a
tragédia que aconteceu no estádio Kanjuruhan, na província de Java Oriental, na
partida em que a equipe do Arema foi derrotada por 2 a 3 pelo Persebaya
Surabaya...
- “Há duas semanas já nos preparávamos para o jogo contra eles. A rivalidade é imensa, nem os torcedores deles vêm ao nosso estádio nem os nossos vão ao deles. Durante a semana por toda a cidade se falava desse jogo, já que era um jogo que ia além dos 3 pontos, era um jogo de vida ou morte”, disse Abel Camará.
“Antes do jogo começar, já
havia muita confusão na entrada do time adversário. Quando o jogo terminou, os
jogadores adversários deixaram o estádio em cerca de 10 minutos em carros
blindados. Enquanto isso, fomos pedir desculpas aos nossos torcedores porque
perdemos o dérbi e foi nesse momento que os torcedores começaram a subir as
cercas e a polícia nos pediu para irmos para vestiário porque eles poderiam
perder o controle da situação mais cedo ou mais tarde”, afirmou o jogador...
“Nós nos fechamos no vestiário e os torcedores tentaram entrar lá, tivemos que colocar uma mesa para travar a porta. Porém, acabamos abrindo a porta para que os feridos entrassem e alguns acabaram morrendo lá.”, contou o
- Como você vivenciou esse
momento?
- Eu nunca tinha passado por
algo assim. Nesses momentos você só espera que nada lhe aconteça. Quando tudo
acabou, veio o pior, saímos do vestiário e começamos a ver muito sangue,
sapatos, tênis, roupas por todos os lados, os policiais comentando que dois
colegas haviam morrido. Não desejo isso para ninguém. Estar lá dentro foi
terrível. Ter 40 ou 50 mil pessoas do lado de fora querendo nossas cabeças é algo
impossível de narrar sem voltar a sentir medo.
Foi o pior momento da sua
vida?
- Nunca vivi um momento assim,
nunca. Não podíamos fazer nada, fomos encurralados como ratos.
Isso vai deixar marcas
psicológicas?
- Não é saudável nem seguro viver em um país onde a qualquer momento a torcida que te exalta, quer te bater. Então, quando isso e os momentos de luto acabarem, vou falar com a diretoria e ver o futuro a seguir.
Um comentário:
Tem passagens terrenas que fica difícil comentar, analisar e entender...
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