Imagem: PA
Este espaço não propõe defesa nem ataque a nenhum clube ou pessoa. Este espaço se destina à postagem de observações, idéias, fatos históricos, estatísticas e pesquisas sobre o mundo do futebol. As opiniões aqui postadas não têm o intuito de estabelecer verdades absolutas e devem ser vistas apenas como uma posição pessoal sujeita a revisão. Pois reconsiderar uma opinião não é sinal de fraqueza, mas sim da necessidade constante de acompanhar o dinamismo e mutabilidade da vida e das coisas.
segunda-feira, junho 22, 2020
Diretor financeiro do Corinthians espera ansioso pelo dinheiro da venda de Pedrinho...
Imagem: Globo Esporte
A parada do
futebol está abalando fortemente os clubes de futebol em todo mundo...
O Corinthians é um deles.
Em
declarações à FOX Sports, o diretor financeiro do Timão assumiu que o clube
paulista está "numa situação financeira complicada por conta da falta de
jogos e pelo dever de cumprir algumas obrigações urgentes"...
O meia Pedrinho é a válvula de escape.
A chegada do
jogador ao Benfica no final do mês e que uma das soluções para aliviar a
crise...
Porém, é que
o dinheiro da negociação só entrará nos cofres do clube quando Pedrinho
desembarcar em Lisboa.
"O
dinheiro da venda do Pedrinho não chegou. Negociamos o adiantamento de três
anos com um banco estrangeiro. Ele viaja no dia 30 de junho. Tem de chegar lá
para finalizar a operação. O agente financeiro que adiantou o dinheiro impôs a
condição de que o jogador esteja no Benfica para a liberação", explicou Matias Romano Ávila à FOX Sports...
O desespero é
grande.
sábado, junho 20, 2020
Os quatro principais pontos da Medida Provisória 984, que altera os direitos de transmissão dos eventos esportivos no Brasil...
Imagem: Autor Desconhecido
Conheça os
quatro principais pontos da Medida Provisória 984
Máquina do
Esporte resumiu MP assinada pelo presidente Jair Bolsonaro
Por Redação
da Máquina do Esporte
Com tanta polêmica
gerada em cima da Medida Provisória 984, assinada pelo presidente Jair
Bolsonaro nesta quinta-feira (18) e que altera os direitos de transmissão no
país, a Máquina do Esporte decidiu resumir as mudanças em quatro pontos.
Cada um está
especificado abaixo:
1. Direito de
arena: passa a ser do mandante da partida. Quando não há mandantes, clubes têm
que negociar direitos de transmissão em conjunto. Antes, a lei previa que os
dois times negociassem em conjunto.
2. Atletas:
os participantes do evento ficam com 5% dos direitos esportivos da transmissão,
a não ser que se tenha a presença de "convenção coletiva de
trabalho", o que significa um acordo de sindicato. Antes, a lei
determinava que parte dessa verba ia para sindicatos.
3. Tempo de
contrato dos atletas com os clubes: até o fim de 2020, por conta da pandemia do
coronavírus que paralisou o esporte no país, passa a ser permitido acordos de
até um mês de duração entre times e jogadores profissionais. Antes, esse prazo
era de, no mínimo, três meses.
4. Empresas
de mídia: foram excluídos os artigos da Lei Pelé que proibiam o patrocínio em
camisas de times realizados por empresas de mídia que prestassem serviços de
radiodifusão de som e imagem, casos de emissoras de televisão aberta, fechada e
de rádios.
Morreu o ex-goleiro do ABC, William Cruz...
Imagem: Instagram
O ex-goleiro
das bases e da equipe profissional do ABC, com passagem por Santa Cruz de Natal, Potiguar de Mossoró,
Tiradentes e São Bernardo, William Cruz, morreu vítima infarto...
William, de
26 anos, morava no Guarujá em São Paulo e trabalhava como cabeleireiro, profissão
que adotou após dar sua carreira por encerrada.
O crescimento do faturamento da Premier League com a venda coletiva de direitos de mídia...
Imagem: Tottenham Hotspur FC via Getty Images
4,4 bilhões de
libras a Premier League fatura com a venda coletiva de direitos de mídia; em
1992, primeiro ano de comercialização, liga faturou £ 200 milhões...
Fonte:
Máquina do Esporte
sexta-feira, junho 19, 2020
José Mourinho fala sobre o que aprendeu sobre si mesmo durante a pandemia...
Imagem: Autor Desconhecido
No retorno da
Premier League, José Mourinho, treinador do Tottenham, na coletiva de imprensa
foi perguntado sobre inúmeras questões relacionadas com este momento
historicamente inédito vivido no futebol mundial...
Em um
determinado momento um jornalista perguntou o que Mourinho tinha aprendido
sobre si próprio.
A resposta:
“Se aprendi
algo sobre mim próprio, diria que não. Nem sequer aprendi a cozinhar, portanto
nada mudou", disse Mourinho.
Jovem modelo da Dolce & Gabana assume diretoria do FC Hermannstadt Sibiu...
Imagem: The Scottish Sun
Rebecca
Dumitrescu Prodan, modelo de 21 anos da Dolce & Gabbana, passou a fazer
parte da junta diretora do FC Hermannstadt Sibiu...
Rebecca é
filha de Anamaria Prodan Reghecampf, conhecida agente de jogadores e ex-modelo
da Playboy que comprou a equipe que joga na primeira divisão da Romênia.
quinta-feira, junho 18, 2020
Enquanto a bola vai rolar no Maracanã, ao lado, pessoas vão estar lutando pela vida...
Imagem: Autor Desconhecido
Nesta quinta-feira,
o Rio de Janeiro reafirma sua vocação para o caos...
Está de volta o medíocre e bolorento
campeonato estadual.
Apesar da
desaceleração da epidemia e da queda nos novos casos e mortes, nada indica que
a situação esteja sob controle...
Aliás, há
muito que no Rio de Janeiro, nada está sob controle.
Guia das fases finais da Liga dos Campeões em Lisboa...
Guia das fases
finais da Liga dos Campeões em Lisboa...
As datas, os
locais e as regras:
Às quartas de
final, as semifinais e final serão divididas entre o Estádio da Luz (Benfica) e
o Estádio José Alvalade (Sporting)...
A competição
foi suspensa no 11 de março por causa da pandemia de Covid-19.
Calendário da
fase final da Liga dos Campeões:
7 e 8 de agosto:
jogos restantes das oitavas de final (local a confirmar)
12 e 15 de agosto:
quartas de final (Lisboa)
18 e 19
agosto: semifinais (Lisboa)
23 de agosto:
final (Lisboa)
Todos os
jogos vão ter início às 20 horas, horário de Portugal.
Cinco
substituições em vez de três
A UEFA vai
permitir às equipes realizarem cinco substituições nos jogos que faltam desta
edição da Liga dos Campeões...
Na próxima
temporada, o número volta a ser de três, como é habitual.
Clubes vão
ser autorizados a inscrever três novos jogadores para a fase final
Os clubes vão
ser autorizados a inscrever três novos jogadores na sua lista A para o restante
da Liga dos Campeões 2019/20, desde que esses atletas já pertençam ao clube
desde 3 de fevereiro...
A lista A
continua a poder contar com 25 jogadores.
Situação da
luta pelo título europeu
Paris Saint-Germain,
Atlético Madrid, Red Bull Leipzig e Atalanta já garantiram um lugar nas quartas
de final.
Os jogos restantes
das oitavas de final estão na seguinte situação:
Juventus vs
Lyon (0 a 1)
Manchester
City vs Real Madrid (2 a 1)
Bayern
Munique vs Chelsea (3 a 0)
Barcelona vs
Nápoles (1 a 1)
Próximas
sedes da final da Liga dos Campeões vão manter-se, mas com um ano de atraso
O estádio
Ataturk, na Turquia, não receberá a final da Liga dos Campeões em 2020, mas será
palco da decisão da competição em 2021.
2020 – Estádio
da Luz ou estádio José Alvalade
2021 – Estádio
Ataturk, em Istambul, Turquia
2022 – Estádio
São Petersburgo, Rússia
2023 –
Football Arena, Munique, Alemanha
2024 – Estádio
de Wembley, em Londres, Inglaterra
Os clubes das cinco principais ligas de futebol da Europa tem queda no faturamento...
18 bilhões de
euros devem faturar os times das cinco principais ligas de futebol da Europa em
2019/2020, uma queda de 11,6% em relação à temporada anterior...
Fonte: Máquina
do Esporte
NBA decide voltar em julho, mas alguns jogadores não concordam e querem o fim da temporada...
A NBA voltará
a jogar em julho nas instalações da Disney em Orlando, na Florida...
Isso, é
claro, se os jogadores não conseguirem evitar.
Mesmo com equipes
e atletas protegidos por rigorosas medidas sanitárias e pelo uso de alta
tecnologia, existem aqueles que desejam o encerramento imediato da temporada.
De acordo com
a decisão, entre 23 de junho e 13 de outubro, data de encerramento da
competição os realizados todos os dias...
A NBA
ofereceu a suas equipes o cronograma provisório para o reinício da temporada,
interrompido pela pandemia de coronavírus desde 11 de março.
Os
funcionários da Disney terão que seguir um protocolo meticuloso...
No protocolo a
ser seguido pelo pessoal da Disney, consta entre outras medidas o uso
obrigatório de máscara quando estiverem perto de qualquer participante da liga
norte-americana, diretrizes rígidas para distanciamento social e controle
diário da temperatura.
quarta-feira, junho 17, 2020
O novo Maracanã matou o Maracanã...
Imagem: Autor Desconhecido
O local
demarcado no terreno onde foi erguido o Maracanã completou 70 anos...
Hoje, nada mais
resta do estádio que abrigou em seus anos de vida, milhões de almas, milhões de
sonhos, milhões de desilusões e milhões de sorrisos que iluminaram os rostos de
gente anônima, esquecida, desdentada, mas perdidamente apaixonada pelas camisas
multicores que desfilaram na grama verde, não poucas vezes regadas pelas milhões
de lágrimas que verteram diante da derrota injusta, imposta por um apitador
desalmado ou pela incompetência daqueles jogadores que perderam chances que nem
nossas avós perderiam.
O que lá está
hoje, é bonito, sim, mas é só...
Nunca terá a
alma do velho Maracanã, um estádio que um dia foi do povo como céu é do avião.
Sentimento de Maracanã...
Imagem: Autor Desconhecido
Sentimento de
Maracanã
Muito
diferente do que conheci na infância, o ex-maior estádio do mundo chega aos 70
anos de história
Por Marcos
Neves Junior/Universidade do Esporte
Quando fiz o
vestibular, no ano de 2006, fui aprovado com 9,75 na redação.
Bom, não é?
O que me
orgulha, no entanto, nem é a nota propriamente dita, mas o tema.
Intitulado A
200 passos do paraíso, o texto era uma descrição do caminho do prédio no qual
morava à época, na rua Professor Gabizo, até chegar à estátua do Bellini e
entrar no Maracanã, o aniversariante do dia.
Uma vez
dentro daquele verdadeiro templo, todas as mazelas sociais da cidade eram
deixadas de fora.
Esquecia a
poluição do canalizado rio Maracanã, que dá nome à região e empresta apelido ao
estádio, do consequente e imediato alagamento daquelas ruas em caso de chuva,
do trânsito infernal dos arredores, dos trombadinhas que moravam embaixo da passarela
da UERJ, do cheiro de spray de pimenta pairando no ar.
O paraíso —
em especial se o meu time vence, obviamente.
Ali aprendi a
amar o futebol incondicionalmente.
Palco de
algumas das maiores tristezas e das mais exultantes alegrias da minha vida, o Maraca,
de certa maneira, deixou de ser apenas um local, tornando-se um sentimento, um
estado de espírito, uma maneira de explicar o que se passa no coração e na
mente, uma justificativa para aquela agitação matinal de um dia de domingo.
— Você está
bem?
— Ah, sim,
acordei meio… Maracanã. Hoje tem jogo!
Desde o
momento em que recebi a notícia de que veria o meu time pela primeira vez no
estádio, em 6 de junho de 1992, com apenas 8 anos, entendi instantaneamente o
que motiva este esporte.
Não é
qualquer outra coisa, senão paixão.
Soube na
manhã daquele dia e já não conseguia pensar em nada mais.
Não tinha
fome ou sede, e até a vontade de jogar bola na rua passou.
— Não
importa, é Maracanã! Hoje tem jogo!
Enquanto
finalmente subia a rampa do Bellini, sentia um batimento mais acelerado no
peito, mas imaginei que pudesse ser o cansaço daquela caminhada para uma
criança.
Levantado
pelo meu pai, fiz um carinho no busto do Mané posicionado no topo da rampa,
como mandava a supersticiosa tradição, e parei um pouco para respirar.
O coração,
porém, estava ainda mais descontrolado.
Entrei no
túnel que dava acesso à arquibancada e, aos poucos, a escuridão se dissipou
para dar lugar à vista do gramado mais verde que já vi.
Ao redor, uma
torcida empolgada pela campanha arrasadora do Botafogo de Renato Gaúcho,
Valdeir “The Flash”, Márcio Santos e Carlos Alberto Dias.
Embora o
primeiro gol visto no Maracanã tenha sido do potiguar Nonato, lateral-esquerdo
daquele Cruzeiro, os dois seguintes são até hoje dos mais marcantes.
Chicão e
Carlos Alberto Dias, num lindo voleio, garantiram minha primeira vitória no
estádio, ambos servidos por um Renato Gaúcho preguiçoso por 80 minutos, mas que
precisou de apenas dez para resolver o jogo.
Fui celebrado
pelo meu pai e por um outro tanto de gente.
Todos me
atribuíram o título de pé quente, característica que não sabia bem o que
significava, mas entendi que era boa e aprendi definitivamente naquele dia,
naquele estádio.
No fim das
contas, o campeonato não terminou como queria.
O Botafogo
perdeu a final para o seu maior rival, num dia histórico para o Maracanã por
marcar o penta do Flamengo — o recorde àquela altura — e o seu maior acidente,
quando torcedores caíram da arquibancada por conta da superlotação do setor.
Os anos se
passaram e fiquei cada vez mais íntimo do Maraca.
Conheci todos
os setores, passando pela geral e pelas cadeiras, mas sempre preferi as
arquibancadas.
Gosto da
visão mais ampla possível, do degrau mais alto.
Vivi muitas
histórias lindas, engraçadas, curiosas e aflitivas dentro daquele gigante de
concreto.
Algumas vezes
pude proporcionar a pessoas queridas a primeira ida, como meu pai fez comigo, e
ver a reação desses estreantes é uma sensação indescritível.
Destaco as
três primeiras vezes que levei meu irmão mais novo.
Na tentativa
inicial, mesmo jogando melhor, um Botafogo prejudicado pela arbitragem perdeu
para o Internacional que viria a ser campeão do mundo, no final do ano, em
2006.
Com uma falta
que (não) aconteceu fora da área assinalada como pênalti, o jogo terminou 1x0
para o adversário.
Diante do
apoio constante da torcida e da injustiça que aquela equipe sofreu, numa reação
inesperada para mim, nasceu mais um alvinegro naquela arquibancada.
Ainda no
mesmo campeonato, fomos à partida que marcava a despedida do time daquela
temporada.
Um
melancólico 0x0 com o Corinthians, sob um sol de verão carioca infernal,
confirmou que não seria naquele ano que meu irmão sairia do Maracanã
comemorando pela primeira vez.
Mas pelo
menos foi engraçado ver uma faixa que ocupava metade do anel da arquibancada
com a sonora inscrição FORA, SCHEIDT.
Não era para
tanto, penso hoje, porém torcedor é paixão mesmo.
Finalmente,
na terceira vez, dei um ultimato.
Se o Botafogo
não se classificasse naquele jogo, não o levaria mais ao Maraca.
Era semifinal
da Taça Rio de 2007 e todas as expectativas e atenções se voltavam para a
possibilidade real de sair o inevitável milésimo gol do baixinho Romário.
Quase todas,
na verdade.
A preocupação
do meu irmãozinho era salvar a própria pele.
Ele precisava
vencer aquela partida.
Logo aos 3’,
o Vasco já vencia por 2x0. Com gols aos 5’ e aos 22’, o Botafogo empatou.
Aos 32’,
tivemos a nítida impressão de presenciar o gol 1000 de Romário, mas depois
descobrimos que quem marcou de fato foi Jorge Luiz, num cruzamento errado que
entrou direto sem a ajuda do Baixinho.
Esse roteiro
estava um pouco mais sofrido do que o esperado, porém, antes que a areia
parasse de cair na ampulheta, aos 35’ e aos 44’, veio a improvável virada.
Terminava 4x3
o primeiro tempo.
Todo o alívio
desfrutado no intervalo e por 38 minutos do segundo tempo se foi quando o Vasco
empatou o jogo.
A sorte do
Botafogo — e, mais grave, a do meu irmão — seria decidida na disputa por
pênaltis.
O Alvinegro
foi preciso, o time de São Januário parou na falta de pontaria de seus
cobradores e meu irmão pode finalmente soltar um longo grito de tranquilidade.
Sua entrada
nos próximos jogos estava garantida.
Fomos dormir,
muitas horas depois, com aquele sentimento de Maraca.
É de
histórias assim que se faz um estádio.
Eu poderia
contar centenas delas.
Sei que quem
lê agora e já acordou ou foi dormir com o sentimento de Maracanã tem tantas
outras para relatar.
Ainda que
tenham desfigurado aquele gigante que conheci na infância, transformando-o em
uma arena asséptica qualquer, sem muita alma, sempre vai existir a memória do
que se viveu naquele espaço do Rio de Janeiro.
Vivendo em
Natal-RN desde 2012, tive de diminuir drasticamente a frequência com que vou ao
Maracanã.
Mesmo assim,
foi suficiente para construir outras histórias, levar mais uma pessoa querida
pela primeira vez àquele estádio e celebrar o futebol ali dentro, como sempre
fiz, acompanhando qualquer jogo, de qualquer time ou seleção, ainda que não
fosse o Botafogo, apenas pelo prazer de estar naquelas arquibancadas.
No dia em que
o Maraca faz 70 anos, acabei, talvez, falando mais de mim do que do próprio
estádio.
Mas é isso
mesmo que o sentimento de Maracanã faz; não consigo dissociar a sua história da
minha como torcedor de futebol.
Estou a
muitos passos distante do Maior Estádio do Mundo, mas o amor pelas lembranças
que ele me proporciona, sejam vitoriosas ou não, sempre vai sempre me levar de
volta para dentro desse paraíso.
Nota 1:
Estádio Jornalista Mário Filho é o nome oficial e só vale para quem não tem
qualquer intimidade com o Maraca
Nota 2: É
muito triste e absurdo que queiram jogar futebol no Maracanã na atual
conjuntura sanitária que o Brasil e, especialmente, o Rio de Janeiro vivem
Os 50 anos da Copa do Mundo do México - 1970... Parte 2.
Imagem: Autor Desconhecido
Copa 70: o
futebol arte completa 50 anos — Primeira fase
No grupo 3, o
Brasil enfrentou a então campeã Inglaterra, a Tchecoslováquia, finalista de
1962, e a forte Romênia.
Ainda no
formato com 16 equipes, a Copa do Mundo de 1970 começou em 31 de maio e teve
sua decisão em 21 de junho, quando a Seleção Brasileira coroou sua campanha
invicta com uma goleada
Por Pedro
Henrique Brandão/Universidade do Esporte
Da estreia
até alcançar a final, uma seleção teria de jogar seis partidas.
As três da
primeira fase e outras três eliminatórias — quartas, semi e a tão disputada
decisão.
O time
brasileiro era uma constelação de craques do nível de Rivelino, Carlos Alberto
Torres, Brito, Piazza, Clodoaldo, Gérson, Jairzinho, Tostão, Félix, Everaldo e
o Rei Pelé.
Porém, as
outras seleções também levaram o que tinham de melhor com seus nomes
consagrados como Teofilo Cubillas, Mazurkiewicz, Sepp Maier, Gerd Müller, Uwe
Seeler, Karl-Heinz Schnellinger, Franz Beckenbauer e Wolfgang Overath, Giacinto
Facchetti, Roberto Rosato, Sandro Mazzola, Luigi Riva, Gianni Rivera e Roberto
Boninsegna, Gordon Banks, Bobby Moore, Geoff Hurst, Martin Peters e Bobby
Charlton.
Antes de
bater a Itália por 4 a 1 na decisão, o Brasil estreou bem e goleou a Tchecoslováquia
também por 4 a 1, venceu a Inglaterra pelo placar magro de 1 a 0 no jogo mais
difícil da Copa, e fechou a fase grupos com vitória por 3 a 2 sobre a Romênia.
Nas quartas
de final, venceu o Peru por 4 a 2 e na semifinal, um clássico do cone sul
vencido por 3 a 1 sobre o Uruguai.
Foram 19 gols
marcados e apenas sete sofridos, em seis jogos.
Jairzinho
anotou gols em todas as partidas do Mundial e foi o artilheiro brasileiro com
sete tentos — vice goleador da Copa, atrás de Gerd Müller com 10. Pelé foi
escolhido o Bola de Ouro, Gérson ganhou a Bola de Prata e a seleção do Mundial
teve seis brasileiros.
Uma campanha
com 100% de aproveitamento de um time que ficou marcado na história do futebol
mundial.
Brasil 4 a 1
Tchecoslováquia
No dia 03 de
junho, no estádio Jalisco, em Guadalajara, com 52.897 pessoas nas
arquibancadas, o Brasil estreou na Copa do Mundo contra a Tchecoslováquia, em
partida que foi uma reedição da decisão do Mundial de 1962.
Os
brasileiros começaram com força máxima e pelo lado esquerdo do ataque com
Rivelino, Gérson e Jairzinho, as melhores jogadas eram criadas.
Tudo indicava
que a qualquer momento o Brasil abriria o placar, mas aos 11 minutos de jogo
foram os tchecos que alcançaram o gol com Petras, camisa 8, que partiu num
rápido e fulminante contra-ataque.
Um susto que
seria contornado com a inovação tática que Zagallo propunha.
A Seleção
Brasileira de 1970 é apontada como um divisor de águas no futebol mundial por
vários aspectos, mas uma característica que o time aperfeiçoou com o Velho Lobo
foi a mobilidade.
Ainda não era
o Carrossel Holandês de Rinus Michels que entraria na história quatro anos
depois com o Futebol Total da Laranja Mecânica, mas havia a possibilidade dos
jogadores de ataque trocarem o posicionamento e isso era algo bastante novo
naquele momento.
Justamente
com essa inversão, o Brasil voltou a dar trabalho à defesa tcheca e Rivelino
passou a assustar pelo lado direito ao cortar para dentro e bater forte ao gol
adversário.
Num ataque
bem tramado, aos 24 minutos, Pelé foi derrubado na meia-lua e Riva foi
incumbido da cobrança.
Com a
consagrada “patada atômica”, a Seleção empatou e tomou as rédeas da partida.
No segundo
tempo, dominando amplamente, o Brasil deslanchou no placar em razão da
superioridade técnica, mas também por conta da melhor condição física em
relação aos europeus.
Aos 14
minutos, Gérson deu um daqueles lançamentos de Gérson.
Da
intermediária, fatiou a bola no peito de Pelé, que dentro da área, matou no
peito e fuzilou o goleiro tcheco.
Apenas três
minutos mais tarde, outro passe com GPS de Gérson, dessa vez o Canhotinha de
Ouro estava atrás do meio-campo quando lançou Jairzinho, que com muita
velocidade escapou da defesa que marcava em linha.
O goleiro
Viktor saiu desesperado e o camisa 7 chapelou o indefeso arqueiro, matou no
peito e cumprimentou à rede.
Os europeus
já estavam rendidos pelo calor e pela evidente superioridade dos brasileiros,
quando Pelé tocou para Jairzinho na intermediária.
O atacante
partiu para cima dos tchecos e driblou três adversários antes de arrematar um
chute cruzado e rasteiro para encerrar o placar.
Sem
problemas, com tranquilidade e poder de reação, a Seleção Brasileira deixou um
belo cartão de visitas logo na estreia e despontou como favorita na busca do
Tri, porém, ainda com um longo e difícil caminho a pavimentar, como provaria a
partida seguinte contra o English Team.
Brasil 1 a 0
Inglaterra
A segunda
rodada do grupo 3 colocou frente a frente os times favoritos a classificação.
A partida de
7 de junho seria também um aguardado encontro entre dois campeões mundiais.
Em 40 anos de
disputa entre seleções nacionais e sem contar com duas edições canceladas em
razão da 2ª Guerra, aquela era apenas a 9ª Copa do Mundo e somente um seleto
grupo composto por Brasil, Itália, Uruguai, Alemanha e Inglaterra ostentava ao
menos uma conquista de melhor equipe de futebol do planeta.
Entre
ingleses e brasileiros, a expectativa também era grande, pois nas três Copas
anteriores, entre 1958 e 1966, Brasil e Inglaterra monopolizaram o topo do
futebol mundial pelos últimos 12 anos e se revezaram como campeões garantindo o
bicampeonato tupiniquim e o único título do time da Rainha.
Além disso, o
confronto sempre parelho já havia criado uma certa tradição, pois nas campanhas
de 58 e 62, os brasileiros enfrentaram os ingleses no caminho do título.
Todo esse
histórico colocava ainda mais ingredientes na partida que poderia encaminhar a
classificação do vencedor.
Os ingleses
vinham de vitória magra contra a Romênia na estreia e sem dúvidas era o elenco
adversário mais complicado do grupo, com um time repleto de remanescentes do
título de 1966 como Bobby Moore, Gordon Banks, Martin Peters e Bobby Charlton.
Com tudo isso
em jogo, o público compareceu em peso e 66.843 pessoas foram ao estádio Jalisco
para assistir a uma partida duríssima, disputada palmo a palmo no incandescente
gramado sob o pino do meio-dia do escaldante verão mexicano e com um grande
trabalho defensivo dos ingleses que anularam Pelé.
Porém, aquela
seleção tinha o diferencial proposto por Zagallo e justamente contra a
Inglaterra, a movimentação ofensiva dos brasileiros foi mais evidente e
eficiente.
Com um
ferrolho na frente da área inglesa, os jogadores da Amarelinha precisaram
buscar os lados do campo.
Em jogadas
iniciadas pelos flancos, os principais momentos da partida aconteceram.
Carlos
Alberto Torres lançou Jairzinho que foi ao fundo e cruzou para Pelé.
O camisa 10
subiu e fez o movimento perfeito do cabeceio para o chão, Gordon Banks saltou e
conseguiu tirar em cima da linha no lance que ficou marcado como a “defesa do
século”.
Ainda com o
marcador zerado, outra grande defesa marcaria o jogo.
Num cabeceio
à queima roupa de Lee, Félix fez a “defesa da Copa” para o Brasil e no rebote,
lançou-se corajosamente para abafar a bola.
No ímpeto de
fazer o gol, Lee chutou e acertou o rosto do goleiro brasileiro.
A coragem e
técnica de Félix desmentem a narrativa de “goleiro fraco” que a crônica
esportiva da época colou no arqueiro.
O empate sem
gols persistia até que Jairzinho trocou de lado mais uma vez.
Tostão foi
para a esquerda e driblou dois ingleses para fazer a meia-volta e cruzar com
perfeição para Pelé dominar e apenas rolar de lado para Jairzinho anotar o gol
da vitória.
Com o gol de
Jairzinho, o Brasil garantiu a segunda vitória e seguiu forte no Mundial.
Além disso, o
time brasileiro descobriu que o Furacão da Copa sopraria ventos fortes capazes
de derrubar até a mais sólida defesa inglesa.
Brasil 3 a 2
Romênia
No
encerramento da primeira fase, a Romênia foi a adversária, no dia 10 de junho,
diante de 50.804 pessoas no estádio Jalisco.
Com 100% de
aproveitamento nas duas primeiras rodadas, apenas uma combinação absurda de
resultados tiraria a Amarelinha das quartas de final.
Zagallo
decidiu poupar Rivelino e Gérson e tirou os dois meias canhotos da partida.
Mais do que
poupar, a substituição servia para rodar o elenco e deixar os jogadores
motivados — se é que seja necessário algum incentivo extra do que estar numa
Copa do Mundo.
Entraram o
zagueiro Fontana no lugar de Gérson, o que fez com que o coringa Piazza, que
jogou os dois primeiros jogos na zaga, voltasse ao meio-campo; e Paulo Cézar
Caju na vaga de Rivelino.
PC Caju era
destaque e titular absoluto no Botafogo, mas na seleção era difícil conseguir
uma vaga entre as Feras ainda que o atacante fosse inquestionavelmente uma
delas.
Era mais uma
questão de ajuste das características e o grupo base com Gérson, Clodoaldo,
Rivelino, Tostão, Pelé e Jairzinho era tão afinado que parecia ter nascido para
jogar junto.
Apesar de
talentoso, depunha contra Caju seu temperamento forte, que o colocava como um
dos primeiros bad boys brasileiros.
Porém, o
atacante era um driblador dos melhores de sua geração e provou que tinha lugar
no grupo.
Logo nos
primeiros minutos, PC Caju mostrou que tinha a chave do jogo e tratou de
desarrumar o lado direito da defesa romena com uma sequência de dribles
desconcertantes e num chute de fora da área acertou a trave.
A Romênia de
1970 era uma equipe representada por uma das melhores gerações do país com
jogadores como Dembrowski, Lucescu e Dumitrache.
Mesmo assim,
com a defesa aberta pela bagunça de Caju, Pelé abriu o marcador aos 19 minutos
e Jairzinho ampliou aos 27.
Em menos de
meia hora de bola rolando, o Brasil resolveu a partida e poderia descansar para
a próxima fase.
Nada disso,
porém, havia sido combinado com os romenos.
Os europeus
passaram a pegar pesado na marcação e em algumas divididas, até com excesso de
violência.
A intervenção
do treinador romeno ao tirar o goleiro Adamache, que perceptivelmente nervoso
dava rebote em todas as finalizações brasileiras, surtiu efeito e melhorou a
equipe europeia.
A fim de não
apanhar, os brasileiros passaram a explorar os contra-ataques e isso foi um
erro por dois motivos.
Primeiro,
porque a característica daquele time era propor o jogo, na sistemática posse de
bola residia o melhor esquema defensivo da história.
Depois,
porque Fontana fazia péssima partida.
A união
desses dois fatores permitiu que a Romênia descontasse antes do intervalo.
Aos 34
minutos, Dumitrache era o único romeno dentro da área brasileira e aproveitou
um bate cabeça generalizado da zaga para bater no canto de Félix que nada pôde
fazer.
Passado o
susto, na etapa final o Brasil chegou ao terceiro gol num escanteio batido no
primeiro pau para Tostão desviar com o calcanhar e encontrar Pelé dentro da
pequena área.
Ainda haveria
tempo para Dembrowski descontar, mas a vitória brasileira estava garantida e a
campanha rumo ao Tri seguia 100%.
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