A morte de Wendel Junio Venâncio
da Silva, de 14 anos, natural de São João Nepomuceno (MG) no Centro de
Treinamento destinado as categorias menores do Clube de Regatas Vasco da Gama em
Itaguaí no Rio de Janeiro causou profundo impacto na direção do clube.
Roberto Dinamite, presidente do
clube disse que vai aguardar por maiores informações para então, se pronunciar.
Roberto deve receber amanhã os
pais do adolescente e adiou para o próximo dia 16 a entrevista sobre a festa de
despedida de Edmundo.
Pois bem, vamos às informações
que consegui colher.
Wendel começou suas atividades
por volta da 9h 30 minutos...
O clima era bastante quente.
Meia hora depois de iniciadas as
atividades, Wendel desmaiou, sofreu uma convulsão e foi imediatamente levado
para A Unidade de Pronto Atendimento de Itaguaí pelo treinador da equipe.
A decisão de levar o menino para
a UPA de Itaguaí, se deu em virtude da distancia que separa Itaguaí do Rio de
Janeiro – 70 quilômetros.
O rapaz já chegou morto a UPA.
Wendel chegou ao Centro de Treinamento
do Vasco pelas mãos de Marco Aurélio Ayupe, ex-jogador do clube e que dirige a escolinha do Vasco na cidade natal do jovem.
Logo em seguida, foi colocado a disposição
do ex-lateral esquerdo Cássio, responsável pela categoria infantil, para realizar os testes exigidos pelo clube.
Antes da tragédia, estava
programado outro treino para a parte da tarde, mas que já havia sido cancelado
por não haver previsão de almoço para os jogadores.
Após o ocorrido, o Vasco enviou
para Itaguaí o vice-presidente médico, Manuel Moutinho, e o chefe do
departamento médico do clube, Clóvis Munhoz, mas quando os dois chegaram, já
não havia nada o que fazer.
O terreno onde está localizado o
Centro de Treinamento do Vasco em Itaguaí, pertence ao ex-lateral do Vasco,
Pedrinho Vicençote e está alugado ao clube.
No momento do treinamento, não
havia nenhum médico do clube de plantão no local.
O caso está sob investigação
policial, fato absolutamente normal em situações como esta.
A policia vai colher depoimentos
e esperar o laudo do Instituto Médico Legal para então, tomar as medidas cabíveis.
O desembargador Siro Darlan, ex-juiz
da infância e da juventude do Estado do Rio de Janeiro se disse surpreso com a
morte do rapaz e fez a seguinte declaração:
“Quando um jovem é colocado em um
regime como esse de quase concentração, em cidades grandes como o Rio de
Janeiro, os cuidados devem ser redobrados. Enquanto eu fui juiz da infância e
da juventude eu tive uma equipe que visitava periodicamente todos esses alojamentos,
fiscalizava a documentação dos jovens, a autorização dos pais, seu estado de
saúde, sua frequência escolar e, por incrível que pareça, o clube que tinha as
melhores condições de trabalho era justamente o Vasco da Gama. Se não mudaram
as condições anteriores, é uma surpresa muito grande acontecer isso no clube do
Rio de Janeiro que melhor tratava desses jovens atletas. Tanto que havia, não
sei se ainda há em São Januário, uma escola que abrigava esses jovens que
estavam em situação de alojamento. Se isso não mudou, é uma fatalidade e uma
surpresa bastante desagradável”, afirmou o desembargador.
Mas a frente, Siro Darlan comentou
sobre os cuidados que um clube deve ter com menores sob sua responsabilidade...
“A doutrina que predomina no
nosso país, no Estatuto da Criança e do Adolescente, é a da proteção integral.
Portanto, como a própria palavra já diz, todo cuidado e cautelas devem ser
tomadas por uma entidade esportiva que se dispõe a recepcionar nos seus quadros,
ainda que para teste, crianças e adolescentes. É preciso que essa instituição
seja dotada não só de assistentes sociais e psicólogos, mas também de médicos
de plantão especializados nesta área esportiva para avaliar se esse adolescente
tem ou não condições físicas para a prática deste ou daquele tipo de esportes.
Além disso, é necessário, no caso de jovens, que haja uma autorização por
escrito dos pais, sobretudo se os pais moram em outros estados, como é muito
comum acontecer. O clube precisa tomar todas as cautelas, colocar um tutor a
disposição desses jovens para que ele frequentem a escola, tenham atividades
paralelas e não apenas uma atividade esportiva. Todos esses cuidados estão na
lei e essas instituições devem ser fiscalizadas pelo Conselho Tutelar, pelo
Ministério Público e pelas Varas da Infância e da Juventude. Essas três
instituições têm responsabilidade pela fiscalização e pela manutenção dessas
entidades esportivas em conformidade com a lei”.
Abaixo, a nota oficial emitida
pelo Clube de Regatas Vasco da Gama.
O Club de Regatas Vasco da Gama
vem a público lamentavelmente informar o que se segue abaixo:
1- O atleta Wendel Junio Venâncio
da Silva, nascido em 9/4/1997, natural de São João Nepomuceno (MG) foi
encaminhado ao Club de Regatas Vasco da Gama para teste, com o objetivo de
integrar a categoria de base do clube.
2- Apresentou, como de praxe, e
obrigatório, atestado de seu médico assistente dando-o como hígido, saudável e
apto à prática esportiva, juntamente com os demais documentos solicitados pelo
clube. Foi relacionado para efetuar seu período de testes nesta semana, tendo
realizado sua primeira avaliação técnica dia 7 de fevereiro e, no dia 9 de
fevereiro, a segunda. Cabe a nós informar que os atletas em teste são
submetidos a três avaliações técnicas, no período de uma semana, sem caráter
competitivo, para a definição de seu aproveitamento ou não no nosso clube.
Todos os atletas em teste são respaldados, neste período de avaliação técnica,
pelo referido atestado de seu médico assistente. No caso específico desse
atleta, o atestado foi emitido em 3 de fevereiro de 2012, dando-o como apto à
prática esportiva.
3- No dia de hoje (9/2), data do
segundo teste do referido atleta, o mesmo, aos 12 minutos da avaliação, sofreu
mal súbito, sendo levado imediatamente à Unidade de Pronto Atendimento.
Lamentavelmente informamos que o atleta não resistiu e veio a falecer.
4- O Club de Regatas Vasco da
Gama informa também que está prestando todo o apoio à família enlutada.