Não sou daqueles que ficam
choramingando as concessões obtidas pela FIFA junto ao governo federal...
A FIFA não é um mascate que bate
de porta em porta “vendendo seu produto”, muito pelo contrário...
São os interessados no produto
que vão ao seu encontro, ansiosos.
Por esta razão, a posição do “vendedor”
é extremamente confortável diante do “cliente”.
É público e notório o famoso
Caderno de Intenções...
Nele, estão contidos todos os
compromissos que devem ser assumidos pelo feliz “comprador”...
Na verdade, os tais compromissos,
são exigências – repare: não estamos falando de solicitações ou proposições –,
é pegar ou largar.
Simples assim.
Pessoalmente, sou contra a Copa
do Mundo no Brasil.
Tenho sérias dúvidas sobre os
tais legados, tenho sérias dúvidas se o Brasil estará pronto para dar
continuidade às conquistas que certamente o evento trará na divulgação turística
do país.
Natal por exemplo, nada tem a
oferecer aos turistas que não seja alguns bons hotéis, meia dúzia de ótimos
restaurantes – se tantos – uns showzinhos meia boca, um artesanato que nada tem
de local, pois qualquer um que tenha viajado pelo nordeste, sabe que o
artesanato que se encontra aqui, é encontrado, igualzinho em qualquer outra
capital da região...
No mais, é praia, praia e mais praia...
Todas linda, diga-se de passagem.
Por outro lado, dinheiro público
é ou pelo menos deveria ser gasto no interesse público...
Financiar projetos privados de curtíssima
duração e voltados apenas para o entretenimento me parece um tanto fútil,
principalmente num país onde a saúde é de péssima qualidade, a segurança
pública é uma ficção, a educação é uma balela, onde a quantidade se sobrepõe a
qualidade, somados a todos os eteceteras cabíveis.
Portanto, não me espanta que a
Câmara dos Deputados tenha aprovado a isenção do pagamento do ISS (Imposto
Sobre Serviços) em favor da FIFA.
O projeto segue agora para o
Senado e sem mais delongas, será enviado para a sanção presidencial.
Não me espanta que outros R$ 560 milhões
em isenções tenham sido presenteados a FIFA...
Mesmo que se saiba que a FIFA
tenha afirmado que embolsará US$ 3,5 bilhões de lucros com a Copa do Mundo de
2014.
A FIFA não enganou ninguém...
Se houve alguém engando, esse
alguém foi o povo brasileiro que como sempre, acreditou nas palavras do
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva que afirmou que a Copa do Mundo no
Brasil não teria nenhum centavo aplicado na construção de estádios.
"Imaginem o que nós vamos
ter que construir de obras de infraestrutura, o que a iniciativa privada vai
ter que construir de palcos para os eventos"...
Lula, durante a assinatura das
garantias governamentais exigidas pela FIFA.
Discurso corroborado pelo então
presidente da CBF, Ricardo Teixeira a quem Lula trava com todos os mimos.
Veja – Obras de saneamento, extensão de metrôs, investimentos em
estradas, segurança pública...
Teixeira – Vamos por partes. Um pedaço desses 6 bilhões
estimados será investido pela iniciativa privada. É o dinheiro privado que
erguerá hotéis em várias cidades, por exemplo. Ou fará a reforma do Morumbi,
que é do São Paulo. Assim como a do Maracanã e a do Mineirão – os governadores
Sérgio Cabral e Aécio Neves já disseram que farão parcerias público-privadas
para a remodelação desses estádios. Por outro lado, não se pode raciocinar sob
hipótese alguma colocando algumas obras públicas como um gasto. O que vai
ocorrer é antecipação de investimentos. Em 1978, a Argentina não tinha
televisão colorida. Por causa da Copa, os argentinos foram obrigados a fazer
toda a estrutura de televisão colorida. Anteciparam todo esse projeto em seis
anos. Será a mesma coisa conosco. Em Brasília, por exemplo. Lá, o governador
(José Roberto) Arruda quer fazer o metrô, do aeroporto até o estádio Mané
Garrincha. É o que ele disse: "Ricardo, é uma antecipação do que já seria
feito". Ao aplicar em hospital, transporte, saneamento básico, estradas,
enfim, o que está se fazendo é antecipar os investimentos. Quanto à segurança,
será feito simplesmente aquilo que já é obrigação do estado. Faço questão
absoluta de garantir que a de 2014 será uma Copa em que o poder público nada
gastará em atividades desportivas.
“Os estádios para a Copa do Mundo
serão construídos com dinheiro privado. Não haverá um centavo de dinheiro
público para os estádios”...
Orlando Silva, então Ministro dos
Esportes em dezembro de 2007.