Correr sem freio: o bilionário
mercado das corridas pelo mundo
Por que correm?
O que perseguem?
Do que fogem?
A febre do ‘running’ é um
fenômeno global, agitado pela indústria da moda e do esporte
José Luis Barbería para o El Pais
Em uma manhã de julho, o
secretário de Estado de Cultura, José María Lassalle, de 49 anos, chega a seu
escritório, em Madri, depois de correr 13 quilômetros.
Há um brilho de felicidade em seu
semblante.
“Entrar na Casa de Campo, ainda à noite, e me encontrar com o amanhecer
é uma experiência estética e íntima. O sol, tão baixo, era o tapete dos meus
passos, e em meio ao silêncio, eu conseguia me escutar: ouvia minhas pulsações,
notava a progressão do suor, sentia que meu corpo e minha mente estavam em
plena sintonia. Há algo de místico nessas emoções. Acabei de correr com a
sensação de que já estava com o dia feito”.
Por que correm?
O que perseguem?
Do que fogem?
A febre de correr, antes footing¸
agora running, consolida-se como um fenômeno universal que, nos EUA, já
contagiou mais de 50 milhões de pessoas e gera 3 bilhões de dólares
(equivalente a R$ 9,7 bilhões) anualmente.
Não parece ser uma moda
passageira.
Esta paixão coletiva é ampla e
profunda, em uma dupla direção, exterior e interior.
Por trás de cada dorso, há
motivações íntimas e histórias pessoais, muitas vezes enterradas e mimetizadas
na solidão do corredor.
“Comecei depois da repentina morte do meu melhor amigo, maratonista,
que morreu aos 35 anos, vítima de uma leucemia aguda”, conta Juan Soroeta, de
San Sebastián, de 56 anos, professor de Direito Internacional. “Depois de
vários meses de depressão, em homenagem a ele, decidi começar a correr pela
primeira vez na vida e fixei como objetivo sua marca de 2h59min na maratona.
Demorei 10 anos, mas, desde que a alcancei, não parei mais. Já disputei 30
maratonas”.
“Resetar” a mente dessa forma é uma expressão habitual, que invoca
tanto o poder do relaxamento quanto a oportunidade de se rearmar emocionalmente
em um proveitoso processo de reflexão interior.
Quem explica isso é o psiquiatra
Luis Rojas Marcos que, aos 72 anos, não perde uma maratona de Nova York.
“Enquanto corro, frequentemente me vem à mente soluções de problemas
que considerava insolúveis. Tenho a oportunidade de conversar comigo mesmo, de
escutar música ou de compartilhar o tempo com companheiros e entes queridos”.
Todo corredor tem um publicitário
dentro de si, com a mensagem dupla de que esta atividade pode mudar sua vida ou
melhorá-la, e que, colocados na balança, os benefícios pesam muito mais que os
sacrifícios e as lesões.
“Corro porque é divertido, agradável, esclarece a mente, te faz viajar,
fazer amigos, manter-se em forma e conhecer a si mesmo. Inclusive o esforço é
positivo na medida em que fortalece a mente, potencializa a determinação e a
constância”, resume David Cabeza, analista financeiro.
Ao indubitável círculo virtuoso
deste esporte — é saudável, barato, democrático; pode ser praticado quando você
quiser, como quiser, onde quiser, sozinho ou em grupo — cabe questionar suas
próprias sombras: possui um componente viciante e pode induzir à obsessão por
bater marcas e buscar desafios arriscados sem a devida preparação.
Encontrar um lugar nas quinhentas
maratonas que são realizadas anualmente no mundo não é uma tarefa fácil porque
a apoteose da corrida colocou ao alcance das massas a distância mítica dos 42
quilômetros e 195 metros.
Agora, trata-se de se provar na
combinação de esportes — há um corredor de maratonas no triatlo — e em
condições difíceis: competir na montanha, no deserto, na superfície gelada dos
polos..., em temperaturas altíssimas ou com muitos graus abaixo de zero,
carregando comida, com material para acampar.
O mito do super-homem renasce com
as provas extremas de Ironman que proliferam cada vez mais como estrelas de um
fenômeno que abrange tudo: das corridas de 3.000 metros às de 555 quilômetros;
do asfalto à grama, à pedra, à areia ou à neve; do parque urbano aos barrancos
e às altas montanhas.
Há dois milhões e meio de
espanhóis, mesmo número de pares de tênis esportivos que são vendidos por ano,
que correm pelo menos uma vez por semana, em um país no qual a indústria do
setor fatura mais de 300 milhões de euros (equivalente a aproximadamente R$ 1
bilhão) anualmente, e o número de provas atléticas populares superam a marca de
3.000.
Por que Kilian Jornet corre?
“Sempre há razões escondidas que nos conduzem a fazer o que fazemos. É
uma busca que passamos a vida inteira tentando descobrir”, reflete este
ultramaratonista e esquiador de montanha de Sabadell, que inspira os corredores
mais sérios.
Jornet, de 28 anos, um atleta
admirável que ganha tudo e supera os desafios mais exigentes, também tem uma
resposta mais curta:
“Corro, escalo e esquio para me sentir feliz”.
Afirma que ignora suas razões
profundas, mas que talvez tenha a ver com a “nossa
natureza animal, a busca de si mesmo por meio da exploração dos limites, a
maravilha das paisagens e também com o limbo localizado entre a ilusão que me
aproxima da morte e a reflexão que me mantém na vida”.
Apesar de as competições
populares oferecerem com frequência cenas de sofrimento e até mesmo um pouco
patéticas, convém não se deixar levar de antemão pela comiseração, nem mesmo
diante do corredor torturado, espasmódico, que se contorce na corrida.
Os espectadores precisam saber
que essas pessoas investem na dor em busca do prazer que terão mais tarde e
que, no exercício masoquista de sofrer antes de ter prazer, eles mesmos
procuram substâncias dopantes que inibem os alertas de fadiga e amenizam seu
calvário.
O cérebro entra em ação quando os
músculos queimam com ácido lático e o corpo grita “pare, acabe com o tormento”.
Está demonstrado que o exercício
físico estimula a produção de serotonina no cérebro e que este hormônio
facilita as emoções positivas e protege da depressão.
“O corpo cultiva substâncias que oferecem um tom vital alto e
repercutem positivamente no chamado hormônio da felicidade. Ao correr, nós nos
beneficiamos deste estado de bem-estar”, destaca Francesc Torralba,
filósofo, autor do livro Correr para pensar e sentir (Lectio).
Chegar à meta, cumprir com o
objetivo, sobreviver aos desafios difíceis, tudo isso coloca o corredor em uma
espécie de nirvana emocional, um estado de euforia que ativa um circuito de
auto-confiança, reposição de energias e ansiedade de voltar, por mais que
terminem cansados, jurando e mentindo que nunca mais se submeterão a este tipo
de padecimento.
Marta Carrasco, de 39 anos, dois
filhos, auditora na Deloitte — o clube de corredores desta empresa tem mais de
200 empregados —, terminou sua travessia de 115 quilômetros de montanha com
esta exclamação: “Nunca mais!”.
Disse que não compartilha do
furor geral, que passa por treinadores e dietas pessoais, que apenas corre para
relaxar e se manter em forma.
No entanto, qualquer corredor
experiente deixará esta promessa suspensa, porque, passado um tempo, Marta pode
muito bem reconsiderar sua decisão e voltar a correr.
“Às vezes, eu mesma me assusto ao ver a dependência real que este vício
causa. O corpo pede para correr todos os dias, esteja como esteja”, afirma
David Rodrigo, de 36 anos, técnico de edição que trabalha em La Sexta.
“Quando um esportista não pode fazer exercício, sente-se como um gato
enclausurado, porque precisa da sua dose de endorfina diária”, afirma Ana
García Orden, maratonista, funcionária do Bankinter, que separa os corredores
entre os que fazem deste esporte uma filosofia de vida e os que se movem por
instinto de manada, arriscando-se sem a imprescindível preparação.
Todo corredor de maratona sabe
que competir contra seus próprios limites ou contra os demais significa testar
não apenas a preparação física adquirida, mas também a inteligência e o
temperamento.
Sabe que nem sempre ganham os
mais bem-dotados e que a droga mais poderosa é a que o cérebro fabrica quando,
geralmente passado o quilômetro 30, aparece o que chamam de “muro”, esta grande barreira fisiológica
e mental que esvazia as forças e o aprisiona em uma sensação de que está
correndo sem avançar, como se estivesse preso à fita elástica da academia.
Martín Fiz conhece perfeitamente
essa sensação porque também é um pesadelo recorrente em seus sonhos.
Campeão do mundo de maratona em
1999, Martín Fiz tem o mérito de ter vencido em algumas provas os quenianos e
os etíopes, cuja supremacia na longa distância é esmagadora há décadas.
O domínio africano viria a
ratificar a tese antropológica “nascidos
para correr”, que explica o salto evolutivo humano pela sua capacidade de
perseguir e escapar dos animais na corrida.
Sem a velocidade máxima de suas
presas, os humanos optaram por se especializarem em persistir na corrida.
Isso explicaria os ligamentos da
nuca, na base do crânio, que nos permitem manter a cabeça imóvel durante a
corrida, os potentes músculos dos glúteos, que impulsionam as pernas, e os
tendões e ligamentos dos pés e tornozelos, imprescindíveis para correr em velocidade.
“Fomos desenhados para corrermos descalços. As meias e os sapatos atuam
como mordaças que se aproveitam de nossos pés e os impedem de reagir aos
estímulos de acordo com sua natureza. Imagine o que aconteceria com nossas mãos
se as mantivéssemos sempre dentro de luvas de boxe”, explica Enric Gómez,
de 52 anos, maratonista de San Cugat del Vallés (Barcelona).
Em 2012, antes de participar da
Maratona do Polo Norte — prova que exige 11.900 euros de inscrição —, Enric
Gómez treinou durante meses com uma bicicleta estática no interior de câmeras
frigoríficas industriais de pesca e confeitarias para se aclimatar aos 29 graus
abaixo de zero que encontrou na corrida.
Partidário do “descalcismo” e do
“minimalismo” — usa apenas sandálias huaraches, um tipo de sandália mexicana,
similares às dos índios mexicanos tarahumaras, nas competições de montanha —,
corre descalço há quatro anos e afirma que, depois de uma lenta e cuidadosa
adaptação, livrou-se das lesões e das fraturas.
“Os pés ficaram mais largos e a pele e o amortecedor do metatarso
ficaram mais grossos”.
Lembra que, no começo, treinava à
noite porque tinha vergonha de ser visto correndo descalço. Em 1960, o grande
Abebe Bikila ganhou descalço a maratona olímpica de Roma, mas é apenas agora
que a indústria coloca à venda sapatos “luvas
para os pés”, inspiradas no lema “corra
descalço”.
A hegemonia dos atletas africanos
baseia-se, pelo visto, na genética de populações secularmente isoladas e
acostumadas a correr vários quilômetros com frequência, assim como as vantagens
que tiram da vida na altitude.
Martín Fiz acrescenta a essas
razões a necessidade de sair da pobreza e a assimilação de valores como o
esforço, a austeridade, a humildade e a capacidade de sofrer.
“Acredito que, se um dia os espanhóis pudessem competir com os
quenianos, seria porque compartilhamos de algumas dessas qualidades. Meus pais
deixaram seu povoado em Salamanca para ganhar a vida em Álava; Abel Antón é de
um povoado de Soria, o mesmo de Fermín Cacho. Desde pequeno, eu sempre soube
que meu nível de resistência ao sofrimento era alto e que me testaria em provas
agônicas”.
Aos 53 anos, o atleta vitoriano
ainda se anima com o “odor dos nervos”
que os maratonistas emitem nos instantes que antecedem a corrida.
A verdadeira maratona começa para
ele a partir dos primeiros 30 quilômetros, quando chega “o momento da verdade” e precisa enfrentar o “muro”, no limite do sofrimento humanamente razoável.
“Eu sou forte nesses momentos. Repito para mim mesmo que nasci para
isto, concentro-me e apenas escuto, em um murmúrio, os gritos de ‘Fiz, Fiz!’,
‘Vamos, Martín!’. Eu me imagino erguendo os braços, subindo ao pódio; penso em
meu pai, que se sacrificou para que eu tivesse meus primeiros tênis de
corrida”.
Não existe uma fórmula.
Para disputar a maratona, esse “Everest urbano”, todo corredor tem de
conceber sua estratégia de sobrevivência mental e aferrar-se à ideia de que os
limites não são inamovíveis.
Em Nascido para Correr (Editora
Globo), a famosa obra de Christopher McDougall, se diz que um homem de 95 anos
fez 40 quilômetros de montanha porque “ninguém
nunca tinha dito que ele não poderia fazê-lo”; ninguém lhe havia dito que
seu negócio era definhar moribundo num lar de idosos.
Haruki Murakami recolhe em seu
livro Do que Eu Falo Quando Eu Falo de Corrida (Alfaguara Brasil) o mantra que
um maratonista recitava desde o quilômetro 1: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional, depende de cada um”.
Na mesma obra, o escritor japonês
fala da experiência metafísica que experimentou durante uma longa corrida.
“Tive de lançar mão de todo o meu repertório de recursos: não sou
humano, sou uma máquina e não tenho que sentir nada. Repeti essa frase até o
momento mágico (...). Ao chegar ao quilômetro 75, senti como se meu corpo
tivesse atravessado uma parede de pedra e passado para o outro lado”.
A partir daí o cansaço deixou de
ser um problema.
Durante o restante da prova, “correu como o vento” e ultrapassou 200
corredores.
“Se há um adversário que você deve vencer na sua corrida de longa
distância, é você”.
Nos momentos em que se trata de
enganar o corpo e combater seus pedidos para cessar o suplício, há corredores
que recitam orações curtas e mantras de autoajuda:
“Confie em você”, “Você não está sozinho”; que revivem cenas
alegres; que se reveem na criança que acreditam ter sido; que pensam no filho,
que os espera na chegada; na mãe, na namorada, na festa, nos propósitos-álibis
que os empurram:
“Corro contra a espinha bífida”, “a violência de género”, “o câncer de
mama”, “pelas pesquisas sobre leucemia infantil”, “pela independência do meu
país”, “a favor dos animais”...
Poucos reconhecem que sofrem da
síndrome de Peter Pan e que, pela mesma razão que romperam com a mulher ou o
marido, correm para se libertar do peso dos anos e voltar a se sentir jovens.
Outros ocupam assim seu tempo de
deslocamentos forçados e se desafogam.
Existe de tudo, também
frivolidade e extravagância crescentes nas pseudocorridas temáticas — do
garrafão, da batalha campal, da lama —, em nítido contraste com projetos em que
a humildade acompanha a qualidade e a solidariedade.
“Uma das melhores corridas é a Hardrock 100. Não há pódio, todos os que
terminam são chamados e aplaudidos de forma igual, e tampouco há diferença na
inscrição”, diz Kilian Jornet.
Em sua opinião, o esporte é uma
manifestação extrema de um mundo muito hierarquizado.
Martín Fiz vê com apreensão o
avanço do verão.
Depois de ter corrido 300.000
quilômetros, a vida útil de um bom automóvel, tem desconfortos em um gêmeo e
precisa se recuperar totalmente para o seu próximo desafio, no dia 25 de
setembro em Berlim.
Quando se aposentou da elite
profissional, Fiz definiu o objetivo de ganhar as seis principais maratonas do
mundo na categoria de corredores com mais de 50 anos.
Já o fez em Nova York, Tóquio e
Boston.
Faltam Berlim, Londres e Chicago.
Não pode parar.
O que faria se não pudesse
continuar correndo, pergunto.
“Eu me sentiria como se estivesse condenado a uma cadeira de rodas.
Acho que poderia fazer mais coisas, mas não sei, precisaria de algo muito
grande para continuar vivendo”, diz Martín Fiz.
A resposta de Kilian Jornet à mesma
questão não difere muito:
“É possível deixar de amar algo que você ama desde sempre? É possível
deixar de amar sua mãe? Exceto por um acidente, parar é impossível para mim”.
Cabe perguntar se existe outro
amor ou hormônio, o da paixão — talvez? —, capaz de por fim a essa dependência
vital e à mensagem subjacente de que parar é morrer.
A incorporação das mulheres ao
esporte ao ar livre é um elemento determinante na eclosão global do fenômeno.
Nas curtas e médias distâncias
elas já são a metade do pelotão.
Sua progressão nas maratonas,
ultramaratonas, provas de trail running (corridas de montanha) e triatlos
Ironman é meteórica, ao ponto de a maratona de Chicago ter uma participação
feminina de 50%.
As mulheres bem preparadas tendem
a alcançar e superar os homens nas corridas mais longas.
De fato, na Leadville Trail 100
Run do Colorado (160 quilômetros) a porcentagem das que terminam a prova é
muito superior à deles.
Como se explica essa alta
competitividade física feminina nas ultramaratonas?
Os fisiologistas argumentam que o
glicogênio do corpo, associado coloquialmente pelo seu desempenho com a
gasolina aditivada, acaba em torno do quilômetro 30 — o fatídico trecho do muro
—, e tem de ser substituído por gordura, componente diesel que as mulheres têm
com maior disponibilidade.
A jornalista Cristina Mitre,
fundadora do movimento Mulheres que Correm, começou para perder peso, mas
encontrou nessa atividade uma proveitosa paixão cheia de sentido.
“Correr me torna poderosa. É como o wasabi no sushi: se você o prova,
já não pode passar sem ele”.
Diz que a corrida alivia muitos
sintomas da menopausa e da menstruação e liberta forças interiores femininas
desconhecidas.
“Cada corrida é uma festa da vitalidade, uma celebração da vida”,
diz essa mulher entusiasta que superou um câncer de ovário e hoje se sente “muito melhor equipada” para fazer
frente a qualquer doença.
Felicidade, liberdade e plenitude
de vida são os maiores estandartes deste fenômeno que gera afinidades e reúne
no mesmo esforço banqueiros e desempregados, jovens e idosos, atletas de elite
e iniciantes.
“Corro para me sentir livre, saudável e em paz comigo mesmo. É uma
obsessão positiva que me ajuda a melhorar”, comenta das Montanhas Rochosas
do Colorado (EUA) o empresário e economista Javier Arroyo, de 44 anos, pai de
dois filhos. Além de resolver o problema do excesso de peso — passou de 110
quilos para 79 —, Juan Rubio, de 45 anos, com dois filhos, diretor de uma
agência de publicidade, encontrou na corrida uma fôrma para construir uma vida
que declara marcada pela felicidade.
“Ser maratonista é parte da minha maneira de ser, porque gosto de
construir pouco a pouco, como se trabalha durante os quatro meses de
treinamento para uma maratona”.
Para Francesc Torralba, a
palavra-chave é libertação.
“Correr é refrescante, te liberta do estresse e das emoções tóxicos e
te reconcilia com a natureza. É uma maneira de escapar e procurar um abrigo, e
também é um laboratório pessoal, em que fluem ideias e pensamentos. Encontro um
vínculo espiritual na medida em que permite a meditação e a oração”, afirma
o filósofo catalão de 49 anos, pai de cinco filhos.
“Correr ensina a se disciplinar e
a enfrentar as dificuldades, além de aumentar a capacidade de sofrimento e de
resistência ao estresse”, destaca David Pérez Renovales, de 50 anos, pai de
dois filhos, diretor da Línea Directa.
Assim como seu irmão Jaime,
secretário do conselho de administração do Banco Santander, David faz parte do
Círculo Empresarial Maratonista, que reúne dezenas de capitães de empresas.
Como muitos outros, os irmãos
Pérez Renovales sempre viajam com os tênis na mala.
“Não há forma mais bonita de conhecer uma cidade que quando se acorda”,
dizem.
De dia ou de noite, no asfalto ou
na terra, tap-tap-tap-tap, os passos dos corredores ressoam em meio mundo como
um sinal dos tempos.
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