Os números impressionam...
Mas também assustam.
Segundo Amir Somoggi, um
especialista no assunto, desde 2003 a receita dos clubes brasileiros aumentou
em 235%...
Números inegavelmente
fantásticos.
Mas...
As dívidas neste mesmo período
cresceram 306%.
Números inegavelmente impressionantes
para qualquer um com um mínimo de responsabilidade.
Acreditar que no seio da cartolagem ou
mesmo fora dela, apareça um messias capaz de invocar poderes divinos e mudar o
rumo das coisas, é assinar um atestado de ingenuidade.
Pensar que algum cartola tenha
coragem para chamar torcedores e jornalistas e dizer; acabou não dá mais,
quebramos... é esperar que formigas operárias se revoltem e exijam a queda da
rainha.
O que vamos continuar ouvindo, é
a mesma conversa fiada...
“Não fazemos loucuras”, “não
gastamos mais do que arrecadamos” ou então, “vamos administrar dentro da nossa
realidade”...
Desculpem, mas é chavão, é
bordão, é o velho me engano e te engano por que nós, eu e você gostamos.
O emotivo e o irracional, que
deveriam se restringir aos estádios e as discussões de bar ou de esquina entre
torcedores, hoje, permeia as administrações dos clubes...
Jornalistas que deveriam alertar
e combater os maus administradores se eximem, ou pior, fazem coro com a
arquibancada a exigir contratações, reforços e mais contratações.
A imprensa esportiva deixou a
informação de lado e caiu no entretenimento...
Saiu das redações e foi de mala e
cuia para a arquibancada em busca de uma audiência que lhe dê força e poder
junto a presidentes e diretores de clube.
O resultado disso?
Leitor, ouvinte e telespectador
desinformado a reverberar desinformação.
O senso crítico foi jogado na
lata d lixo.
O futebol brasileiro é um
paciente que ao chegar diante do médico, aparenta alguma saúde e algum vigor,
mas com aqui e ali umas feridinhas...
O problema é que se o médico
ousar mexer nas feridinhas, tirar a casquinha que as cobre, verá que todo o
organismo está comprometido.
A situação é tão grave, que ao
ser perguntado sobre o que fazer, Almir Somoggi disse sem hesitar: "a única
saída para evitar que a coisa piore, é uma ação imediata do Governo Federal".
Ele tem razão, pois é bom lembrar
que o governo é o principal credor de quase cinquenta por cento dos 4,7 bilhões
de reais que os clubes devem.
Ah, para os que vão dizer que lá
fora a situação não é diferente, eu digo...
O que me importa se o Real, o
Barcelona, o Milan, a Internazionale, o Manchester ou o Liverpool quebrarem?
Que efeito isso terá sobre nós?
Nenhum...
Mas, se nossos clubes quebrarem,
seremos todos atingidos...
Seremos viúvas sem herança e sem
futuro.