sexta-feira, fevereiro 15, 2013

A situação é grave, mas eles querem que fique ainda mais grave...



Os números impressionam...

Mas também assustam.

Segundo Amir Somoggi, um especialista no assunto, desde 2003 a receita dos clubes brasileiros aumentou em 235%...

Números inegavelmente fantásticos.

Mas...

As dívidas neste mesmo período cresceram 306%.

Números inegavelmente impressionantes para qualquer um com um mínimo de responsabilidade.

Acreditar que no seio da cartolagem ou mesmo fora dela, apareça um messias capaz de invocar poderes divinos e mudar o rumo das coisas, é assinar um atestado de ingenuidade.

Pensar que algum cartola tenha coragem para chamar torcedores e jornalistas e dizer; acabou não dá mais, quebramos... é esperar que formigas operárias se revoltem e exijam a queda da rainha.

O que vamos continuar ouvindo, é a mesma conversa fiada...

“Não fazemos loucuras”, “não gastamos mais do que arrecadamos” ou então, “vamos administrar dentro da nossa realidade”...

Desculpem, mas é chavão, é bordão, é o velho me engano e te engano por que nós, eu e você gostamos.

O emotivo e o irracional, que deveriam se restringir aos estádios e as discussões de bar ou de esquina entre torcedores, hoje, permeia as administrações dos clubes...

Jornalistas que deveriam alertar e combater os maus administradores se eximem, ou pior, fazem coro com a arquibancada a exigir contratações, reforços e mais contratações.

A imprensa esportiva deixou a informação de lado e caiu no entretenimento...

Saiu das redações e foi de mala e cuia para a arquibancada em busca de uma audiência que lhe dê força e poder junto a presidentes e diretores de clube.

O resultado disso?

Leitor, ouvinte e telespectador desinformado a reverberar desinformação.

O senso crítico foi jogado na lata d lixo.

O futebol brasileiro é um paciente que ao chegar diante do médico, aparenta alguma saúde e algum vigor, mas com aqui e ali umas feridinhas...

O problema é que se o médico ousar mexer nas feridinhas, tirar a casquinha que as cobre, verá que todo o organismo está comprometido.

A situação é tão grave, que ao ser perguntado sobre o que fazer, Almir Somoggi disse sem hesitar: "a única saída para evitar que a coisa piore, é uma ação imediata do Governo Federal".

Ele tem razão, pois é bom lembrar que o governo é o principal credor de quase cinquenta por cento dos 4,7 bilhões de reais que os clubes devem.

Ah, para os que vão dizer que lá fora a situação não é diferente, eu digo...

O que me importa se o Real, o Barcelona, o Milan, a Internazionale, o Manchester ou o Liverpool quebrarem?

Que efeito isso terá sobre nós?

Nenhum...

Mas, se nossos clubes quebrarem, seremos todos atingidos...

Seremos viúvas sem herança e sem futuro.


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