O Rio Grande do Norte não
preserva nada.
O histórico gol de Didi Duarte,
para muitos o mais rápido de um campeonato brasileiro (por alguns anos) não
existe mais.
Nenhum pesquisador tem o gol, nem
mesmo o Didi Duarte tem o gol.
E eu com isso Dr. anônimo?
Apenas dizer que somos pobres de
memória, mas você com isso?
Apenas você não tem arquivos e o
Rio Grande do Norte também não.
Eduardo Alcântara.
Meu caro Eduardo Alcântara,
Postei seu comentário apenas com
o intuito de fazer uma pequena correção na afirmação feita por você no início
de seu texto.
Tenho certeza que ao lhe
corrigir, não vou lhe causar constrangimento, mas provavelmente, um misto de
alegria e decepção.
Não sei é do seu conhecimento, mas
creio que seja...
Sou funcionário da UFRN
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte), lotado na TV Universitária.
Pois bem...
A valorosa TVU foi a primeira
emissora de televisão sediada em nosso estado.
Nascida em 1972 com fins
educativos, a TVU transmitia a época aulas do projeto Saci - Satélite Avançado
de Comunicações Interdisciplinares.
Para quem não sabe, foi uma época
de ouro...
Por 15 longos anos a TVU foi a
única emissora com programação local.
Empregou artistas, criou
programas, movimentou a vida de Natal.
O esporte, não poderia ficar de
fora...
E tenha certeza, não ficou.
Naqueles tempos o esporte era
valorizado.
Eu aqui, demoraria horas para contar
o esforço hercúleo das pessoas que naqueles anos “carregavam o piano” nas
costas para colocar no ar as partidas disputadas por nossas equipes.
Teria que citar centenas de
nomes...
Alguns desses nomes ainda
trabalham lá.
Como não quero correr o risco de
ser enfadonho postando uma lista enorme e injusto esquecendo alguém, digo a
você o seguinte:
Todos tem uma imensa parcela de
esforço, determinação e dedicação na história da televisão norte-rio-grandense.
Todos por mais homenagens que um
dia venham receber, ainda assim serão credores, pois foram eles que formaram grande
parte dos grandes profissionais que ainda hoje militam na imprensa do Estado.
Foram eles que receberam de
braços abertos e apresentaram para nosso povo, artistas, músicos, escritores,
professores e cientistas potiguares...
Foram eles que colocaram na
telinha pela primeira vez, o rosto do homem comum.
Tudo feito na raça, na vontade de
fazer e na crença que valia a pena ser feito.
Tudo feito pelos velhos como
dizem hoje, os novos que lá estão.
Como naqueles tempos não havia
transmissão ao vivo, a TVU cobria os jogos e depois, nas noites de domingo,
levava aos lares natalenses o vídeo tape das partidas – era assim que se fazia.
É uma pena que ninguém tenha
ainda pensado em coletar o depoimento dessa turma...
As pessoas, hoje acostumadas com
as facilidades da tecnologia, iriam se espantar ao saber como as coisas
funcionavam e como homens, máquinas e mãos faziam milagres.
Por tanto meu querido amigo,
saiba que existem sim um arquivo valiosíssimo...
Infelizmente, não digitalizados.
Porém não imagine que esses
arquivos não foram recuperados por falta de interesse de alguns dirigentes da
TV.
Faltaram recursos.
Triste não?
Digitalizar todo esse material
custa uma fortuna e até hoje, nunca se conseguiu amealhar o dinheiro
necessário.
Mas estão lá os jogos realizados
aqui, nos anos em que solitária a TVU reinou.
Muitos dos nomes que hoje fazem parte da história do nosso futebol, um dia, talvez quem sabe, poderão
ser vistos por sua geração e por todas as gerações vindouras.
Sobre o gol de Didi, existem uma
história que contam na TV, que é a seguinte:
Naquele jogo, por problemas
internos, a equipe da TV chegou atrasada...
Enquanto todo o equipamento era
montado, a árbitro deu início a partida e Didi chutou...
Me parece, ninguém sabe ao certo,
que o câmera conseguiu registrar somente os jogadores postados no centro do
gramado e depois a comemoração.
Vou confirmar essa história e me
comprometo a recontar se minha memória estiver me traído agora.
Um dia, contando essa história
para alguém, esse alguém num arroubo disse:
Quanto amadorismo!
E eu disse:
Você tem razão.
Entretanto meu caro, saiba que o
que falta hoje é exatamente o amadorismo de ontem...
Pois naqueles tempos, tudo era
feito com muito amor – coisa de amador – e, nenhum amor está a salvo de falhas.
A brava TVU de ontem, ainda
existe, mesmo que em alguns momentos, uns poucos tenham tentado pasteurizar
esse amor e diminuir o que a maioria fez por muitos anos.
O Rio Grande do Norte tem sim, parte
de sua memória preservada...
Está quietinha numa sala da TVU à
espera que alguém a resgate.
Ah, sobre o simpático anônimo que
carinhosamente chamo de “e eu com isso”, peço que sejamos generosos com ele...
Afinal, mesmo me criticando e
provocando, está sempre por aqui e, isso é bom.
Quero-o por aqui, assim como
quero todos aqueles que visitam essas páginas.
Aceito críticas, aceito sugestões
e até aceito carões...
Só não aceito ofensas, agressões
e denúncias vazias.
Mas por enquanto, não tenho do
que reclamar...
São raros os agressivos...
Por isso insisto em dizer:
Tenho poucos leitores, mas com
certeza, tenho os melhores.
Grande abraço,
Fernando Amaral.