Imagem: Imago
O clichê que diz que nada na vida
é para sempre, se encaixa perfeitamente no futebol...
Ontem, reinava o Barcelona e o
espanhóis...
Hoje, reina o Bayern de Munique e
o futebol alemão.
Porém, outro clichê que diz que
só os tolos se fecham em si mesmos e se recusam a aprender, está perfeitamente
confirmado na frase do ex-lateral esquerdo e posteriormente, meio-campista
germânico, Paul Breitner.
“Um dia percebemos que estávamos ocupando
um lugar que não era nosso. Ser a terceira força não nos satisfazia. Então,
corremos o mundo e fomos aprender. E assim, começamos a reconstruir o futebol
da Alemanha para chegar ao topo”.
Hoje, assistindo ao jogo no Camp
Nou, entre o Barcelona e o Bayern, algumas coisas me chamaram a atenção.
Os alemães aprenderam correndo o
mundo, mas não perderam características que são próprias de sua gente.
Permanecem frios diante das
dificuldades e da pressão...
Continuam organizados,
detalhistas e metódicos...
Ainda pulsa em suas veias, a
determinação, a combatividade, o não desistir, a garra e a doação absoluta em
busca da eficiência.
São como sempre foram, uma
equipe...
São com sempre foram,
disciplinados e incansáveis...
Mas então, o que aprenderam?
Aprenderam que não estão sós no
planeta e que se pode encontrar por todas as partes talentos – coisa que os
norte-americanos já fazem desde sempre.
Deixaram a arrogância típica dos
prussianos de lado e trouxeram para dentro de seu território quem os pudesse
ajudar.
Porém, não abriram mão de uma
condição fundamental...
“Unam seu talento e sua capacidade
à aquilo que trazemos do berço”.
Devem, imagino eu, dizer a quem
lá chega em busca de oportunidade.
“Sejam vocês, mas incorporem o
que temos de melhor”.
Por isso, o Bayern, assim como o Borussia,
mesclaram ausländer e alemães sem que ninguém percebesse quem é quem.
Talento, aliado a disciplina,
organização e vontade, costuma gerar uma força brutal.
A velha senhora germânica encravada
no centro da Europa, coleciona vitória e glorias, mas já chorou desesperadamente
derrotas, devastação, humilhação, ocupação, erros e mortos, milhares de mortos.
Talvez por serem orgulhosos de
suas glórias e vitórias, mas aprendizes nos erros e nas derrotas, é que os filhos
da velha senhora germânica, sempre se reconstroem e quando o fazem, o mundo
treme.
Por outro lado, vi algo que
sempre me comove...
A torcida do Barcelona, assim
como a maioria das torcidas de lá do outro lado do atlântico, se fez
presente...
Ocuparam seus lugares no estádio,
cheios de sonhos, mas sabiam, pois são sãos, que a tarefa era tremenda...
Ainda assim, foram...
Disseram presente.
“Estamos com vocês, agora, que
vocês precisam de nós”.
Nenhuma vaia, nenhum berro de
desagrado...
Incentivo foi o que deram aos
seus antes, imbatíveis jogadores.
A cada gol do Bayern, respondiam
com um silencio doído, mas respeitoso.
Afinal, o adversário era
superior.
Até o último minuto, ficaram...
Não deixaram o estádio como
crianças aborrecidas com a brincadeira que não conseguiam brincar.
Quando o árbitro findou a
partida, aplaudiram seus jogadores com o coração dolorido e com a alma ferida,
mas aplaudiram.
Cantaram o hino com orgulho e se
foram.
Mas que fique claro, vão voltar.
Não vão queimar suas camisas,
rasgar suas carteirinhas ou cancelar as prestações que pagam com sacrifício
pelo título de sócio do clube que amam.
Eles, iguais ao alemães que
desembarcaram na Espanha vindos por terra e ar, amam seus clubes e como são
sãos, sabem repetir para si mesmos o clichês que diz:
Nada na vida é para sempre.