Marco Polo Del Nero indicou
Fernando Sarney para substituí-lo na FIFA e CONMEBOL ratificou a escolha...
Ontem, o UOL publicou o histórico
policial do indicado.
Conheça o histórico policial de
Fernando Sarney, novo homem da CBF na FIFA
Por Vinicius Segalla
Para o UOL
O empresário e vice-presidente da
CBF Fernando Sarney, que assume o lugar de Marco Polo Del Nero como representante
da entidade junto à FIFA, tem em sua biografia passagens policiais e
investigações criminais que, se não levaram a nenhuma condenação judicial
definitiva, suscitaram perguntas que ainda carecem de respostas.
Informações privilegiadas sobre
investigações policiais, evasões de divisas, cerceamento de liberdade de
imprensa e ilícitos eleitorais estão entre as denúncias desabonadoras da vida
do filho do ex-presidente da República José Sarney.
Fernando Sarney nega boa parte
das acusações contra ele.
Nas quais não negou, se deu ao
direito de se manifestar apenas no processo.
Veja, abaixo, um resumo dos
principais casos envolvendo o mais novo membro do comitê executivo da FIFA.
O histórico de Fernando Sarney
O informante dentro da Polícia Federal
Entre 2007 e 2010, Fernando
Sarney e outros membros de sua família foram investigados dentro de um
inquérito da Polícia Federal que apurava evasão de divisas dos cofres públicos
maranhenses.
O empresário chegou a ter seu telefone
grampeado - com autorização judicial - pela PF.
Uma série de conversas
interceptadas pelo grampo mostra que um policial federal utilizou seus contatos
para repassar a Fernando Sarney os detalhes das investigações.
O empresário era informado sobre
diligências e campanas contra funcionários de suas empresas e outras operações
de busca e investigação dos policiais, para que pudesse evitar flagrantes e
apreensões de documentos importantes.
Na época, Sarney disse que se
tratava de vazamento de informação sigilosa e que não iria se pronunciar a não
ser no processo.
Veja, abaixo a transcrição de uma
dessas conversas entre Sarney e o policial Aluízio Guimarães Filho, que depois
veio a ocupar um cargo no governo estadual do Maranhão, quando este era
administrado pela irmã de Sarney, Roseana.
No diálogo, os dois falavam sobre
uma campana da PF contra um funcionário de Fernando Sarney:
Fernando: Tu tens alguém nessa
área lá?
Aluízio: Eu tô ligando pra um
colega meu agora. (?) Tem um delegado amigo meu de lá, mas eu não tou
conseguindo.(?)
Fernando: Então, vamos arrumar
alguém.
Aluízio: Eu já botei alguém no
circuito e vou ter informações do que está acontecendo.
Fernando: Ele tá lá entocado, tá?
Ele não tem problema.
Aluízio: Não precisa ficar
entocado. Eles não podem subir porque eles não têm mandado de busca. Querem
pegar ele na rua pra dar uma pressão nele.
Evasão de divisas e formação de quadrilha
Em julho de 2007, Fernando Sarney
foi indiciado pela Polícia Federal sob a acusação, entre outros crimes, de
falsificar documentos para favorecer empresas em contratos com estatais.
Fernando foi o principal alvo da
Operação Boi Barrica (renomeada posteriormente para 'Faktor'), criada em 2006
para investigar suspeitas de caixa dois na campanha de Roseana Sarney ao
governo do Estado.
Às vésperas da disputa, ele havia
sacado R$ 2 milhões em dinheiro.
O empresário foi indiciado pelos
crimes de formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular,
lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Pela investigação, o órgão mais
beneficiado pelos crimes foi o Ministério de Minas e Energia - então controlado
politicamente por seu pai, José Sarney.
Fernando Sarney sempre alegou
inocência no caso, e o processo segue até hoje, correndo sob segredo de
Justiça.
O "Grupo Poli 1978"
Em 2008, a Polícia Federal passou
a investigar uma suposta quadrilha liderada por Fernando Sarney, apelidada de
"Grupo Poli 1978".
O nome era uma alusão ao ano e ao
local (Escola Politécnica da USP) em que seus membros haviam obtido o diploma
universitário de engenharia.
Segundo a PF, o grupo, liderado
por Fernando Sarney formava uma "organização criminosa" instalada no
interior da administração federal.
Eles seriam responsáveis pela
manipulação de concorrências públicas, desvio de dinheiro de obras estatais e
"manutenção de negócios à sombra do Estado".
Cópias de contratos, e-mails e
relatórios de conversas telefônicas obtidos pela PF dariam detalhes sobre
operações financeiras em paraísos fiscais do Caribe e na China, envolvendo
recursos não declarados ao Imposto de Renda.
Quando o caso veio à tona,
Fernando Sarney disse que as operações financeiras citadas pelos policiais
federais faziam parte de sua rotina comum de empresário, que administrava um
dos grandes grupos de comunicação do Nordeste brasileiro, com uma emissora de
TV, um jornal e cinco emissoras de rádio.
O processo segue até hoje, em
segredo de Justiça.
Censura no Estadão
Em 31 de julho de 2009, o jornal
"O Estado de São Paulo" foi proibido de publicar notícias baseadas em
investigações da Polícia Federal sobre denúncias de ilícitos praticados pelo
empresário maranhense Fernando Sarney.
O filho do ex-presidente
conseguiu obter, na Justiça maranhense, uma ordem que proibia o jornal paulista
de publicar qualquer coisa sobre ele e sua família que fossem relacionadas a
investigações da PF sobre os Sarney.
O Estadão, então, apelou contra a
decisão.
Quando o processo chegou ao STJ
(Superior Tribunal de Justiça), tendo deixado, portanto, a jurisdição do
tribunal do Maranhão, o empresário resolveu renunciar de seu pedido.
A justificativa foi a de que ele
estava sendo mal interpretado, que havia entrado com o pedido de restrição de
publicação para preservar sua intimidade e de sua família, mas que sua ação
estava sendo vista como censura, algo que ele considera "repugnante".
Do blog:
Esse longo histórico pode inviabilizar
a nomeação de Fernando Sarney.
O pacote de reformas da entidade
prevê uma checagem de integridade de candidatos eleitos ao Comitê Executivo...
O Comitê de Reforma da FIFA
propôs em suas recomendações preliminares que todos os candidatos sejam
submetidos a checagens de elegibilidade (incluindo testes de integridade).
Mas, pode escapar
Fernando Sarney pode ser
empossado antes da aprovação da ficha limpa da entidade, e aí estaria livre...
Ou não
Mas a FIFA pode decidir aplicar o
teste de integridade a todos os novos membros, o que o afetaria.