América-MG retorna à Série A com
apoio de verba pública da Lei de Incentivo
Por José Cruz
O América-MG contou com R$ 12
milhões de dinheiro público, através da Lei de Incentivo ao Esporte, para
formar jogadores e voltar à Série A do Campeonato Brasileiro
Entre 2007 e 2014, o clube
mineiro aprovou projetos no Ministério do Esporte, via Lei de Incentivo, num
total de R$ 23 milhões, para investimento nas categorias de base. Desse total,
captou R$ 12 milhões. Celulose Nipo Brasileira e Cemig estão entre os principais
doadores aos projetos.
Outros três clubes mineiros
também utilizam da Lei de Incentivo ao Esporte para aplicar em projetos de
iniciação no futebol, conforme quadro a seguir:
CLUBE APROVADO R$ CAPTADO R$
América FC 23.000.000,00 12.000.000,00
Cruzeiro EC 12.695.000,00 4.928.000,00
Ipatinga FC 3.598.000,00 557.000,00
Uberlândia EC 8.654.000,00 4.430.000,00
TOTAL 47.947.000,00 21.915.000,00
Valorização
Em sua página na internet, o
América-MG destaca a valorização das categorias de base, justamente as que
receberam verba federal, em projetos específicos, revelando talentos como o
atacante Richarlison.
“No início da Série B, o Coelho
era apontado como um dos concorrentes ao acesso com o elemento mais modesto. Para se manter firme na disputa
por vaga na Série A, a diretoria buscou em casa as peças que faltavam para
completar o elenco. Foram 16 jogadores promovidos das
categorias de base durante a disputa da Série B. Os desfalques durante a
trajetória no campeonato também obrigaram o técnico Givanildo Oliveira a lançar
alguns jogadores da base. E os jovens corresponderam dentro
de campo”.
Projetos
Esses “jogadores da base” foram
formados em projetos registrados na Lei de Incentivo, como o “Excelência na
Formação de Atletas”, “A Base para a Formação Esportiva”, “Futebol de Base do
América F.C III”, entre outros.
Encaminhei ao senhor Alexandre
Arantes, gerente de Planejamento e Projetos do América-MG, os seguintes
questionamentos sobre o assunto, que até agora não foram respondidos:
Quantos jovens são atendidos
anualmente, e em que faixa etária?
Que tipo de apoio o clube
oferece? Há peneiras para a seleção dos jovens?
Dos garotos que já passaram pelos
projetos, quantos conseguiram chegar ao nível profissional?
Todos foram aproveitados pelo
clube?
Dinheiro público para o futebol
profissional?
A Lei de Incentivo ao Esporte
permite essa esdrúxula aplicação de imposto de renda devido por pessoas físicas
ou jurídicas, apesar da penúria das contas do governo federal.
Mas, oito anos depois de ter sido
aprovado, a Lei já deveria ter sido objeto de rigorosa análise do Ministério do
Esporte, para evitar que o dinheiro do contribuinte fosse destinado ao
financiamento de atividades econômicas rentáveis, como o futebol profissional.
Apesar de registrar em seu site
os projetos aprovados no Ministério do Esporte, a direção do América-MG não
oferece detalhes sobre o destino dos jovens que atende com verbas da Lei de
Incentivo.
Por exemplo, se houve venda de
jogadores atendidos pela Lei de Incentivo e quanto foi apurado nessa transação.
O mesmo ocorre com outros clubes
brasileiros beneficiados pela verba pública, mas só com transparência total
poderá se confirmar ou não se o dinheiro público está financiando negócios da
iniciativa privada do futebol.
E o Ministério do Esporte não
está nem aí para esse negócio milionário.
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