Imagem: Pawel Kopczinski - Reuters
Imagem: Darren Staples/Reuters
A França se blinda para a
Eurocopa
Governo mobilizará 75.000
policiais, guardas e militares para proteger os sete milhões de visitantes
previstos de uma possível ameaça terrorista
Damien Lemaître
Para El País/França
A França está em pé de guerra.
Sete meses depois dos atentados
que golpearam Paris causando a morte de 130 pessoas, o país se prepara para
enfrentar o desafio terrorista durante a Euro 2016.
O Governo mobilizará 75.000
policiais, guardas e militares para garantir a segurança dos 2,5 milhões de
espectadores e sete milhões de visitantes esperados durante o torneio continental
de futebol, que começa nesta sexta-feira com o jogo França x Romênia, no
estádio Saint-Denis.
Essa arena foi um dos alvos dos
atentados terroristas de 13 de novembro do ano passado.
No começo de maio, o Parlamento
francês prorrogou pela terceira vez consecutiva o estado de emergência adotado
a fim de liberar todos os recursos possíveis para evitar novos atentados
durante uma competição que é considerada o terceiro maior evento esportivo do
planeta, depois da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos.
Os Estados Unidos emitiram a
semana passada um alerta de viagem aos seus cidadãos que planejarem viajar à
Europa neste verão boreal, avisando sobre o risco de atentados, especialmente
durante a Eurocopa.
Faltando poucas horas para o
pontapé inicial, a tensão é máxima nas 10 cidades que receberão os 51 jogos até
o dia da final, em 10 de julho.
As autoridades francesas estão
especialmente atentas aos estádios e às fan-zones – praças e outros lugares
públicos onde milhares de torcedores devem se reunir para ver os jogos em
telões.
Em Paris, até 100.000
espectadores são esperados na fan-zone do Campo de Marte, em frente à Torre
Eiffel.
O secretário de Segurança de
Paris, Michel Cadot, causou uma forte polêmica na França na semana passada ao
pedir a interdição parcial do espaço durante as partidas na capital francesa,
temendo que as forças de segurança fiquem sobrecarregadas por uma possível
avalanche humana em caso de incidentes.
Cadot anunciou dias depois que
foi autorizado pelo ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, a mobilizar 3.000
policiais adicionais nesses dias, somando-se aos 10.000 já previstos para
efetuar controles na região parisiense.
Ao todo, haverá 33.000 policiais
e 10.000 seguranças privados fazendo a vigilância das imediações e acessos,
respectivamente, de cada uma das fan-zones da Eurocopa.
O Governo francês gastou oito
milhões de euros (31 milhões de reais) para reforçar a segurança nesses
lugares, que contarão com detectores de metais e câmeras de segurança.
Também nos estádios da Eurocopa o
estado de alerta é máximo, depois dos graves incidentes entre torcedores do
Paris Saint-Germain e Olympique de Marselha durante a final da Copa da França,
no final de maio, com uso de rojões, invasão de campo e assentos incendiados.
A partida aconteceu no estádio
Saint-Denis, e as autoridades locais admitiram que houve graves falhas no
dispositivo de segurança do recinto, especialmente nas revistas de acesso ao
estádio.
Cazeneuve anunciou que serão
reforçados os controles em todas as arenas, com até três revistas prévias, e
que, em conjunto com o comitê organizador, será revisto o plano de segurança
para os casos de desocupação de estádios.
Franco-atiradores
A proteção dos 24 times também
chama a atenção das autoridades locais.
Policiais graduados participarão
do deslocamento de cada equipe entre a concentração e os estádios.
Forças especiais dos gendarmes
(guarda civil) e da polícia, com franco-atiradores em certos casos, apoiarão o
dispositivo durante suas estadias.
A Espanha terá o reforço da BRI
(Brigada de Intervenção), da unidade de polícia de elite de Paris e da polícia
espanhola.
O desafio terrorista não é a
única preocupação do Governo francês.
O hooliganismo também aciona
alarmes.
Cinco partidas são consideradas
de alto risco pela UEFA, que teme possíveis confrontos entre torcedores rivais.
O primeiro será Inglaterra x
Rússia, no sábado, em Marselha, contrapondo duas torcidas que historicamente se
enfrentam – e duas nações que agora, casualmente, combatem juntas o jihadismo
na Síria.
Um coquetel explosivo.
Os outros quatro jogos são
Turquia x Croácia, Inglaterra x Gales, Alemanha x Polônia e Ucrânia x Polônia.