domingo, junho 12, 2016

O Botafogo é o melhor exemplo da falência de nossos clubes...

Pouca receita para muita dívida – o Botafogo tem a pior situação financeira do futebol

Para simplificar a relação entre faturamento e endividamento, ÉPOCA calculou quantos anos os clubes levariam para zerar suas pendências.

O alvinegro precisaria de 36

Rodrigo Capelo

O Botafogo tem a pior condição financeira entre os principais times de futebol do Brasil.

Tem, por um lado, menos receita do que vários adversários na primeira divisão, o que tira dele a capacidade de contratar os mesmos atletas.

Por outro, acumulou ao longo de sua história a maior dívida do país.

A relação entre os dois dados, faturamento e endividamento, torna o futuro botafoguense sombrio.

ÉPOCA levantou as receitas dos clubes que disputaram a primeira divisão em 2015 e do Botafogo, que jogou a Série B e chama a atenção pelo caos financeiro.

Do faturamento bruto, desconsideramos receitas com transferências de atletas por serem valores que variam muito de uma temporada para outra.

O mesmo time pode conseguir R$ 100 milhões com jogadores vendidos num ano e zero, nada, noutro.

É assim que se analisam as finanças de clubes na Europa.

Os números e os critérios relacionados a endividamento são do Itaú BBA, cuja equipe, liderada por Cesar Grafietti, analisa o futebol.

Se na reportagem publicada por ÉPOCA na quinta-feira (2) o intuito era detalhar as dívidas de cada clube da elite, entre valores devidos a bancos, governo e operacionais (de curto prazo), o intuito aqui é relacionar o endividamento com a receita.

Nem toda dívida é ruim.

Toda empresa tem.

Basta que o credor tenha dinheiro para pagá-la.

Para que fique claro para o torcedor a gravidade da dívida de cada clube, ÉPOCA bolou o seguinte parâmetro.

Se seu time de futebol reservasse 20% do faturamento – sem considerar valores de transferências de atletas – apenas para pagar o endividamento, em quanto tempo ele conseguiria zerá-lo?

As respostas para a pergunta deixam clara a diferença entre um Botafogo, que precisaria de 36 anos, e um Palmeiras, que em três anos zeraria seu endividamento.

O Atlético-PR é o único que merece um asterisco: entra no balanço financeiro do clube a dívida feita para a reforma da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014.

Corinthians e Internacional adotaram outros modelos para Arena Corinthians e Beira-Rio, respectivamente, e essas dívidas são computadas nos balanços dos estádios.

Não leve o resultado ao pé da letra.

Não quer dizer que o Botafogo vá levar literalmente 36 anos para pagar suas dívidas nem que o Palmeiras vá fazer o mesmo em três.

Até porque as dívidas continuam a subir no caso de clubes que convivem com déficits e também porque nada garante que um time vá mesmo poupar 20% em vez de mais ou menos para pagar dívidas.

Esse é apenas um parâmetro simples para determinar o tamanho do problema.

Um problema que, para o Botafogo, é praticamente impagável.



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