segunda-feira, junho 20, 2016

Quem governa o Rio de Janeiro merece confiança?

Por que dar carta branca olímpica aos irresponsáveis que quebraram o Rio?

Por Rodrigo Mattos

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, decretou o estado de calamidade pública por conta da falta de recursos do Estado.

Isso abrirá portas para que ele possa executar sem aprovação do legislativo medidas como tomadas de empréstimos e atos administrativos para cumprir o cronograma de pagamentos da Olimpíada.

Na prática, uma carta branca.

Quem é Dornelles?

Ele substitui o governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB, doente, que se tornou sucessor de Sergio Cabral, do mesmo partido.

Na prática, os três representam 10 anos de continuidade no poder no Estado do Rio de Janeiro do PMDB e seus aliados.

Foram eles que enfiaram dinheiro até não poder mais nos projetos da Copa e da Olimpíada.

Só no Maracanã o preço da reforma quase triplicou saltando para R$ 1,2 bilhão.

Acrescente aí mais R$ 100 milhões em instalações provisórias.

Toda essa esbórnia com dinheiro público foi para atender exigências estapafúrdias da Fifa como derrubar boa parte do estádio.

E ainda há a suspeita de que atendeu interesses escusos do ex-governador Cabral, acusado por ex-executivos da empreiteira Andrade Gutierrez de levar 5% da obra.

Isso totalizaria R$ 60 milhões em propina.

Ele nega.

Na Olimpíada, não foi diferente. Desde o início, Cabral mostrara a que veio.

Chegou para representar o Rio em Copenhague, cidade onde seria decidida a sede olímpica em 2009, em um jatinho do então poderoso Eike Baptista.

Não via nenhum conflito de interesse apesar de Eike, mais tarde, ter assumido a gestão do Maracanã.

Em seu compromisso com o COI, se dispôs a contribuir só para o Comitê Organizador Rio-2016 com cerca de R$ 600 milhões.

Esse dinheiro não tem sido necessário por rearranjos orçamentários, mas está lá a garantia do Estado em caso de falta.

Fora outros itens custosos como parte das instalações de energia do Parque Olímpico, ou para o remo na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Nas obras de infraestrutura, o que era compromisso do Estado andou mal.

A limpeza da Baía ficou no caminho, o metrô capenga (Comitê Rio-2016 alega que não faria parte da promessa olímpica), e a obra do Complexo de Deodoro teve que ser repassada à Prefeitura do Rio.

O atual governador não está isento de pecados apesar de ter assumido recentemente.

Há emendas a leis olímpicas propostas por Francisco Dornelles sob investigação da Procuradoria Geral da República.

Há a suspeita de que foram feitos textos para favorecer empreiteiras em troca de propinas em manobra comandada pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha.

Pois é a esse grupo de governantes que será dada carta branca.

Três governadores que assumiram gastos que não se encaixavam no orçamento e levaram à quebradeira, descumpriram promessas e estão suspeitos de atos de corrupção.

Qual a garantia de que vão agir de forma diferente agora?

Nenhuma.

Qualquer carta branca no governo do Estado só seria admissível se saíssem de lá o PMDB do Rio e seus aliados que são responsáveis pelo caos atual.


Sem isso, o que está sendo feito é um escárnio com a população fluminense.

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