Por que dar carta branca olímpica
aos irresponsáveis que quebraram o Rio?
Por Rodrigo Mattos
O governador em exercício do Rio
de Janeiro, Francisco Dornelles, decretou o estado de calamidade pública por
conta da falta de recursos do Estado.
Isso abrirá portas para que ele
possa executar sem aprovação do legislativo medidas como tomadas de empréstimos
e atos administrativos para cumprir o cronograma de pagamentos da Olimpíada.
Na prática, uma carta branca.
Quem é Dornelles?
Ele substitui o governador Luiz
Fernando Pezão, do PMDB, doente, que se tornou sucessor de Sergio Cabral, do
mesmo partido.
Na prática, os três representam
10 anos de continuidade no poder no Estado do Rio de Janeiro do PMDB e seus
aliados.
Foram eles que enfiaram dinheiro
até não poder mais nos projetos da Copa e da Olimpíada.
Só no Maracanã o preço da reforma
quase triplicou saltando para R$ 1,2 bilhão.
Acrescente aí mais R$ 100 milhões
em instalações provisórias.
Toda essa esbórnia com dinheiro
público foi para atender exigências estapafúrdias da Fifa como derrubar boa
parte do estádio.
E ainda há a suspeita de que
atendeu interesses escusos do ex-governador Cabral, acusado por ex-executivos
da empreiteira Andrade Gutierrez de levar 5% da obra.
Isso totalizaria R$ 60 milhões em
propina.
Ele nega.
Na Olimpíada, não foi diferente.
Desde o início, Cabral mostrara a que veio.
Chegou para representar o Rio em
Copenhague, cidade onde seria decidida a sede olímpica em 2009, em um jatinho
do então poderoso Eike Baptista.
Não via nenhum conflito de
interesse apesar de Eike, mais tarde, ter assumido a gestão do Maracanã.
Em seu compromisso com o COI, se
dispôs a contribuir só para o Comitê Organizador Rio-2016 com cerca de R$ 600
milhões.
Esse dinheiro não tem sido
necessário por rearranjos orçamentários, mas está lá a garantia do Estado em
caso de falta.
Fora outros itens custosos como
parte das instalações de energia do Parque Olímpico, ou para o remo na Lagoa
Rodrigo de Freitas.
Nas obras de infraestrutura, o
que era compromisso do Estado andou mal.
A limpeza da Baía ficou no
caminho, o metrô capenga (Comitê Rio-2016 alega que não faria parte da promessa
olímpica), e a obra do Complexo de Deodoro teve que ser repassada à Prefeitura
do Rio.
O atual governador não está
isento de pecados apesar de ter assumido recentemente.
Há emendas a leis olímpicas
propostas por Francisco Dornelles sob investigação da Procuradoria Geral da
República.
Há a suspeita de que foram feitos
textos para favorecer empreiteiras em troca de propinas em manobra comandada
pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha.
Pois é a esse grupo de
governantes que será dada carta branca.
Três governadores que assumiram
gastos que não se encaixavam no orçamento e levaram à quebradeira, descumpriram
promessas e estão suspeitos de atos de corrupção.
Qual a garantia de que vão agir
de forma diferente agora?
Nenhuma.
Qualquer carta branca no governo
do Estado só seria admissível se saíssem de lá o PMDB do Rio e seus aliados que
são responsáveis pelo caos atual.
Sem isso, o que está sendo feito
é um escárnio com a população fluminense.
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