A emocionante carta de uma
professora argentina para Messi
Por Andrea Ramal, para o G1
“Você provavelmente jamais lerá
esta carta. Mas escrevo mesmo assim, não como torcedora de futebol, mas como
professora argentina, essa profissão que escolhi e pela qual sou tão
apaixonada, como você pela sua.
Poderia lhe escrever sobre a
maravilha de seus talentos para o esporte mais amado do país (...), mas isso
seria repetir frases feitas. Então vou pedir que me ajude num desafio muito
mais complexo do que todos os que você enfrentou até agora: quero que me ajude
na difícil missão de formar as condutas dessas crianças que o vêm como um herói
e como um exemplo a seguir.
Por mais amor e dedicação que
coloque no meu trabalho, jamais terei de meus alunos esse maravilhoso fascínio
que sentem por alguém como você. E hoje verão seu maior ídolo se render. (...)
Eu lhe peço: por favor não renuncie, não os deixe acreditar que neste país
somente importa ganhar e ser o primeiro. Não lhes ensine que, apesar de tantas
adversidades superadas, apesar de lutar desde tão jovem para chegar a ser um
homem de sucesso, apesar de assumir responsabilidades desde cedo e ter lutado
até com barreiras físicas para alcançar seus sonhos, tudo isso pode ser
ofuscado diante das críticas dos que, no fundo, querem ser como você.
Se você, que teve o
acompanhamento da sua família, que tem um rico patrimônio pessoal e o apoio de
tanta gente, não consegue, como eles poderiam acreditar que são capazes de seguir
em frente, apesar de tantas batalhas que têm de enfrentar a cada dia?
Eu não falo a eles do Messi que
joga maravilhosamente, mas sim daquele que treinou milhares de lançamentos para
conseguir colocar a bola nesse ângulo inalcançável para qualquer goleiro; falo
do Messi que suportou, sendo um menino como eles, tantas dolorosas agulhas para
continuar de pé, correndo atrás daquilo que amava; falo do Messi que ajuda
outras crianças como eles nas suas diversas dificuldades; falo do Messi homem,
o que constituiu uma família e lida todos os dias com o papel mais importante,
que é ser um bom pai; (...) falo do Messi que pode errar até falhando num
pênalti, porque todas as pessoas estão feitas de falhas e isso lhes mostra que
até o maior de todos é imperfeito.
(...) Não se renda, não deixe que
meus guris sintam que ficar em segundo lugar é uma derrota, que o valor das
pessoas está no que têm nas prateleiras, que perder um jogo é perder a glória.
Meus alunos precisam entender que
os mais nobres heróis, sem importar se são médicos, soldados, mestres ou
jogadores de futebol, são os que dão o melhor de si mesmos para o bem-estar dos
outros, mesmo sabendo que ninguém lhes dará mais valor por isso (...), e ainda
assim tentam. Mas sobretudo, que as pessoas têm heroísmo e valentia, quando
lutam e superam as perdas com coragem e integridade, mesmo que seja com o
universo inteiro dizendo que não é possível. E um dia deparam com a maior das
vitórias: ser felizes sendo eles mesmos, sem reclamar de quantos demônios
tiveram que enfrentar para conseguir.
Todos falam de bolas, eu acredito
na força do seu coração.”
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