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Quem são as cinco mulheres que já correram na Fórmula 1
Por espnW
As mulheres ainda buscam seu espaço no automobilismo.
Apesar de algumas histórias de sucesso, o esporte a motor é predominantemente masculino e a situação é muito mais alarmante quando falamos da categoria mais “nobre” de todas: a Fórmula 1.
Completando 66 anos em 2016, a competição teve até hoje apenas cinco pilotas participantes, e apenas duas conseguiram correr em Grandes Prêmios – as outras três chegaram a participar dos treinos classificatórios, mas não alcançaram um tempo suficiente para entrar no grid de largada.
A última participação de uma mulher na F1 aconteceu há mais de duas décadas.
Maria Teresa de Filippis
Italiana da cidade de Nápoles, De Filippis foi a primeira mulher a correr na F1, em 1958.
Começou sua carreira automobilística aos 22 anos e participou de diversos eventos, conquistando algumas premiações.
O destaque lhe rendeu um emprego como pilota de testes na Maserati.
Um ano antes da história da pilota na Fórmula 1 começar, a escuderia havia conquistado o título com Juan Manuel Fangio.
A equipe se retirou da competição na temporada seguinte, mas seus carros permaneceram.
Uma Maserati 250F ficou com a italiana e ela passou a participar dos treinos classificatórios mesmo sem suporte de uma escuderia.
Antigamente, participavam dos treinos classificatórios diversos carros, mas só conseguiam vaga no GP os que atingiam um tempo mínimo, calculado a partir do pole position.
A primeira tentativa de Maria Teresa foi em Mônaco, onde ela ficou 5.8 segundos atrás do tempo mínimo.
Ao longo da temporada, ela desenvolveu uma amizade com o argentino Fangio, que lhe serviu de mentor e avisou:
“Você vai rápido demais, se arrisca muito”.
Ela conseguiu classificação em três corridas em 1958, e cruzou a linha de chegada apenas no Grande Prêmio da Bélgica, mas não deixa de ser um passo importantíssimo para a pioneira feminina na F1.
De Filippis sempre afirmou que foi bem recebida pelos homens com quem dividiu as pistas.
Admite ter sofrido com o preconceito apenas na França, quando o diretor de prova afirmou que “o único capacete que as mulheres deveriam usar é o do cabeleireiro” e lhe impediu de correr.
Ela morreu em janeiro de 2016, aos 89.
Lella Lombardi
Também italiana, Lombardi foi a mulher que obteve os melhores resultados na modalidade.
Ela é a única da história a conseguir somar pontos, no Grande Prêmio da Espanha, em 1975, quando terminou na 6ª posição correndo num March 751.
Naquela temporada, se qualificou para dez GPs.
No ano seguinte, se despediu em Spielberg, na Austrália.
Ao todo, esteve em 17 eventos e se classificou para o grid de largada em 12.
A garota da pequena comuna de Frugarolo havia entrado na F1 depois de boas aparições na Fórmula 3 e na Fórmula 5000.
Após deixar a categoria, continuou sua carreira nas pistas, correndo na NASCAR e nas 24h de Le Mans.
Morreu depois de lutar contra um câncer em 1992, aos 50 anos.
Divina Galica (na foto)
Inglesa, nascida no ano de 1944, em Bushey Heath, Galica era uma mulher de vários esportes.
Ela esteve em quatro Olimpíadas de Inverno pela equipe britânica de esqui, e foi capitã em 1968 e 1972.
Além disso, conquistou duas medalhas de bronze em Copas do Mundo de esqui downhill.
A atleta já era uma celebridade quando começou sua carreira no automobilismo.
Participou de torneios de kart, Fórmula Renault, Fórmula 2, carros esportivos, caminhões e Fórmula 1.
Em 1976, entrou na British Shellsport International Group 8, dirigindo um Surtees TS16.
Após bons resultados no campeonato doméstico, acabou tentando a classificação para o GP britânico da F1 naquele ano, mas não conseguiu.
Em 1978, teve nova oportunidade através da equipe Hesketh.
Nas duas primeiras corridas da temporada, nos Grandes Prêmios da Argentina e Brasil, não qualificou para a corrida e acabou decidindo retornar às competições domésticas, encerrando sua história na categoria com três aparições.
Hoje, aos 71 anos, Divina Galica pode se orgulhar também de ser um dos sete nomes da história da Fórmula 1 a ter participado em Olimpíadas, sendo que sua última presença foi em 1992, como esquiadora de velocidade.
Desiré Wilson
A sul-africana Wilson construiu uma carreira significativa em seu país natal antes de sua única aparição em uma prova da Fórmula 1.
Correndo desde os 12 anos, ela já disputava competições internacionais – como a Fórmula Ford 2000 – aos 22, em 1977.
Na temporada seguinte, esteve em uma competição de F1, a Aurora AFX F1 Championship. Mesmo sem correr na classe principal, ela é considerada a primeira mulher a vencer uma corrida de F1, já que o Aurora Championship seguia as especificações da categoria.
Em 1980, veio a oportunidade de participar de um Grand Prix.
Na etapa da Grã-Bretanha, ela firmou uma parceria com a equipe RAM Racing e esteve nos treinos classificatórios.
Com um carro inferior, porém, não conseguiu entrar no grid.
Esta é considerada sua única aparição, mas um feito muito mais significativo, que vai além dos dados oficiais, aconteceu em 1981.
Naquele ano, a Federação Internacional do Esporte Automobilístico (FISA) e a Associação dos Construtores da Fórmula 1 (FOCA) eram as duas instituições representativas da F1 e estavam em uma guerra política, que afetou diversos GPs, acarretando em boicotes e anulações de resultados.
Com a briga, o Grande Prêmio da África do Sul acabou sendo desconsiderado do campeonato, mas foi quando Wilson teve sua participação mais significativa, largando em 16ª, chegando à 6ª posição durante a corrida e depois abandonado a prova por problemas no câmbio.
Ela seguiu carreira e chegou a participar das 500 Milhas de Indianapolis e da Indy Lights, nos Estados Unidos.
Correu até 1997, passando por eventos significativos, como as 24h de Daytona e as 24h de Le Mans.
Giovanna Amati
Terceira italiana da lista – reforçando a tradição automobilística do país –, Amati nasceu em Roma, em 1959.
Antes de iniciar sua carreira e se tornar a última mulher a correr na Fórmula 1, há 24 anos, ela passou por um sequestro aos 19, e sua família, rica, teve de pagar o resgate de 800 milhões de liras.
Superado o trauma, a pilota começou a mostra bons resultados na Fórmula 3.
Ao longo da década de 1980 tentou algumas vezes subir à Fórmula 3000, mas sem sucesso.
Ela correu em diferentes países, como o Japão, e seguia competindo nas categorias inferiores, até que, em 1992, veio a chance de representar a Brabham na F1.
A equipe estava com uma vaga aberta após não poder contratar o japonês Akihiko Nakaya (a FIA não reconhecia a F3000 do país asiático e não concedeu a superlicença ao piloto).
Com as dificuldades financeiras da escuderia, o anúncio da chegada de uma mulher trouxe publicidade e expectativa, mas a pouca experiência de Giovanna com os carros da Fórmula 1 acabou fazendo a diferença.
Nos três primeiros GPs da temporada, ela não conseguiu classificação.
Com o desinteresse dos patrocinadores, acabou sendo substituída pelo jovem estreante Damon Hill, que seria campeão mundial em 1996 pela Williams.