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CR7 X MESSI: A DIFERENÇA DE TRATAMENTO DA IMPRENSA BRASILEIRA
Por: Carlos Henrique
Não é de hoje que a mídia brasileira escolhe seus "queridinhos" no futebol, principalmente se for compatriota.
Em época de transformar esporte em entretenimento foi assim com Ronaldo "Fenômeno" e nos dias atuais com Neymar e sua intensa "BBBrização".
Noutro período, em bem menores escalas, tivemos Romário e Ronaldinho Gaúcho.
Também em tempos passados a imprensa brasileira tinha em David Beckham, inglês mais conhecido pela celebridade que era que por seu próprio futebol, um esteio de “matérias” que passavam longe do esporte bretão.
E atualmente temos Messi como o novo "queridinho" dos microfones esportivos nacionais
O genial jogador argentino chegou ao seu tento de número 600 na carreira esta semana, somando-se as marcas com as camisas do Barcelona e da seleção de seu país.
Foi um alarde completo nos portais, blogs, jornais - de rádio ou TV - e em debates esportivos no Brasil.
Número notável e reconhecidamente importante para o esporte e para discussão nas resenhas.
Entretanto, aprendi na universidade e na vida que ser imprensa é não ter lado na execução de seu ofício.
Nada impede um profissional de exaltar e admirar um mito esportivo - muito pelo contrário -, mas dar mais atenção ao feito de um em detrimento de outros é que não consigo concordar.
Alguém lembra quando o português Cristiano Ronaldo chegou aos mesmos 600 gols atuais de Messi?
Tenho certeza que poucos.
E é esse tratamento distinto que me deixa intrigado.
Uma rápida pesquisa na internet mostrará poucos veículos de imprensa brasileiros noticiando o igualmente importante feito do gajo, acontecido em 03 de junho de 2017.
E o melhor: numa final de Liga dos Campeões diante da Juventus em Cardiff, no País de Gales.
Mais ainda: nesta mesma semana Ronaldo chegou ao gol 300 com a camisa do Real Madrid apenas no Espanhol e pouco se noticiou a respeito.
É incompreensível ver jornalistas - e torcedores, mas estes são movidos por birra e paixões, dá-se um desconto - se derretendo pelo argentino em contraponto a outro gênio do futebol que, semana após semana, pulveriza recordes nos gramados.
Já estão chegando ao cúmulo de comparar Messi a Pelé e diminuir os números do brasileiro.
E já detonaram até o mítico Maradona nesse aspecto.
Respeito a opinião, mas pra mim é de uma bobagem sem limites!
Que Messi é melhor jogador que Cristiano Ronaldo - tecnicamente falando - não há muito o que contestar.
Mas é bom lembrar que futebol não é feito apenas de dribles e jogadas mágicas.
As estatísticas fazem parte do jogo, assim como as conquistas e os feitos.
isso o gajo do Real Madrid tem de sobra.
Senão vejamos alguns de seus principais dados até a data desta publicação.
Cristiano Ronaldo marcou 639 gols na carreira; tem uma média incrível de 1,04 gol por jogo no Real Madrid contra 0,97 de Messi pelo Barcelona (tendo mais tempo de casa); é o maior artilheiro da história da Liga do Campeões com 118 tentos (um "abismo" de 20 gols de diferença pro jogador do time catalão) e único a ultrapassar até então a marca de 3 dígitos nesse quesito; também único atleta a marcar gols em todas as fases (de grupos à final) do principal torneio de clubes europeu e em três finais; mais assistências na história da mesma Liga com 36; maior detentor do prêmio "Chuteira de Ouro", dado ao maior artilheiro europeu da temporada, com 4 (ao lado de Messi); maior artilheiro da história dos Mundiais de clubes (nos 2 formatos) com 7 gols ao lado de PELÉ; maior vencedor deste torneio, com 4 troféus, ao lado do meia alemão Toni Kroos; e, por fim, tem os mesmos 5 títulos de melhor do mundo da FIFA que o argentino.
Lembrando que o atacante português ainda possui um título com o seu selecionado nacional (Eurocopa 2016) enquanto o argentino jamais conquistou nada com os “Hermanos” além de medalhas olímpicas, mesmo rodeado por outros grandes talentos de seu país – algo que Ronaldo não possui.
Isso tudo fora os demais recordes de menor proporção que recheiam o currículo desta máquina portuguesa dos relvados.
Precisa mais de que pra ser, no mínimo, colocado na mesma prateleira dos gênios da bola?
Só como prova da diferença de tratamento: também poucos por aqui lembram dos assombrosos números atuais do centroavante inglês Harry Kane, do Tottenham, que superou Messi e o próprio CR7 no ano passado em número de gols e, recentemente, ultrapassou a importante marca de 100 tentos na Premier League - outro feito notabilíssimo pro esporte, mas de pouca importância pra boa parte da mídia brasileira.
Afinal, é informação que não rende cliques nem audiência segundo ela.
Enfim, tenho o seguinte pensamento quanto à comparação entre o argentino e o luso: o primeiro já nasceu com o dom de jogar futebol, saiu do ventre materno marcado para ser um gênio do esporte e o é "naturalmente" até hoje; o segundo veio ao mundo tendo o talento com a bola nos pés, sem a genialidade nata, mas trabalhou duro e incessantemente para entrar no rol dos imortais do esporte e atualmente merece também a alcunha de gênio por toda sua perseverança, dedicação e obstinação em ser o melhor (ou um dos melhores) - e conseguiu.
Mas a maioria dos formadores de opinião no Brasil prefere espetacularizar a situação e se deter apenas a quem dribla mais ou faz uma jogada mais bonita.
E drible por drible, magia por magia no futebol, eu sou mais Ronaldinho Gaúcho no auge que os dois citados - de longe.