No final da Primeira Grande
Guerra, a prática do futebol feminino foi proibida na Inglaterra...
Clubes como o Dick, Kerr Ladies
of Preston buscaram alternativas à proibição.
Durante a Primeira Guerra Mundial,
as mulheres desempenharam um papel fundamental para o bom funcionamento da
sociedade, em ofícios até então exercidos por homens...
As necessidades da indústria em
decorrência da guerra, especialmente durante 1916 (fundamentalmente durante a
Batalha do Somme), desencadearam a demanda por mão de obra feminina na
Inglaterra.
“Enquanto seis milhões de
soldados britânicos lutavam na linha de frente, as mulheres contribuíram para o esforço de guerra fabricando na retaguarda armamento militar.”
Nas horas de descanso e almoço,
como distração, algumas mulheres começaram a jogar futebol, às vezes
contra homens nos pátios das fábricas....
Alfred Frankland, o gerente da fábrica Dick, Kerr, da janela de seu escritório, observava suas
trabalhadoras saírem diariamente para o pátio da fábrica para chutar uma velha
bola.
Falkland então, decidiu organizar
partidas de futebol feminino com o objetivo de arrecadar fundos para a
caridade...
Foi assim que nasceu o Dick, Kerr
Ladies FC.
A atração das partidas do time feminino da Dick, Kerr gerou dinheiro para ajudar os desempregados das áreas de mineração...
A ascensão meteórica da
popularidade do futebol feminino superou na década de 20 as barreiras sociais
estabelecidas até então sobre sexo no esporte.
Porém, o regresso dos ex-combatentes
à vida civil acabou com esta tendência.
Além disso, alguns dirigentes da
Football Association se sentiram incomodados com a presença de mulheres nos gramados e
as quantias generosas que arrecadavam...
Começou então a campanha de
difamação.
Após o fim da guerra, os jornais
ingleses publicaram inúmeros artigos contra o futebol feminino...
As mulheres e a comunidade médica
aderiram.
Médicas alertaram para os riscos,
doenças e lesões irreparáveis que uma mulher poderia sofrer se acertasse a
bola.
A Doutora Elizabeth Chesser
(1877/1940), escreveu: “Há razões físicas pelas quais o futebol é mais
danoso para as mulheres. Pode causar lesões das quais eles nunca se recuperarão”...
Em seu socorro veio a
ginecologista Mary Scharlieb (1845/1930) que afirmou: “Considero que o
futebol é um esporte inadequado, excessivo para a estrutura física de uma
mulher”.
Nem mesmo as condições físicas
das mulheres como Lily Parr, estrela de Dick Kerr, que mostravam que esses
relatos estavam longe da realidade foram capazes de interromper a campanha
antifutebol feminino.
Quem foi Lily Parr?
Lily Parr foi uma jogadora
prodigiosa...
Jogou por 32 anos, encerrando sua
carreira aos 46 anos.
Tinha uma reputação de chutar a
bola tão forte quanto qualquer homem...
Suas companheiras costumavam
dizer que “ela chutava como uma mula”.
Começou sua carreira no St.Helens
Ladies e posteriormente, no Dick, Kerr Ladies, marcando 967 gols em 437
partidas...
Lily Parr morreu em 1978, aos 73
anos.
Apesar dos esforços e protestos
de jogadoras de futebol tão populares quanto Lily Parr e até mesmo de vozes
dissidentes de alguns membros da Football Association, o futebol e outras
práticas esportivas foram proibidas para as mulheres inglesas...
Uma norma injusta baseada em
princípios ultrapassados que talvez refletissem o temor dos dirigentes do
futebol inglês de que o amor crescente pelo futebol feminino afetasse a popularidade
do futebol masculino.
E, apesar de as mulheres já terem
seu direito de jogar futebol limitado, no dia 5 de dezembro de 1921 a Football
Association recomendou aos clubes filiados que não emprestassem seus campos
para times femininos...
A recomendação através do comunicado não foi contestada por nenhum filiado e praticamente selou o banimento do futebol feminino por mais de meio século.