quarta-feira, março 22, 2023

Libra divulga modelo de divisão de receitas, mas não abre mão de período de transição... Proposta é que modelo de distribuição de receitas 45-30-25 seja implantado em até cinco anos

Libra divulga modelo de divisão de receitas, mas não abre mão de período de transição

Proposta é que modelo de distribuição de receitas 45-30-25 seja implantado em até cinco anos

Máquina do Esporte

Adalberto Leister Filho

A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) divulgou, nesta terça-feira (21), seu modelo de distribuição de receitas obtidas com direitos de transmissão e patrocínios na futura liga que será criada.

Pelo modelo divulgado, haveria um período de transição até atingir o patamar de divisão de ganhos entre os clubes para 45% de maneira igualitária, 30% por performance e 25% por engajamento.

Durante o período de transição, essa divisão seria de 40% igualitária aos times, 30% por performance e 30% por engajamento.

No atual modelo, segundo a Libra, a audiência determina 48,1% das receitas distribuídas aos clubes, enquanto a performance fica com 22% e a distribuição igualitária é de apenas 29,7% das receitas.

Mínimo garantido

A proposta é uma maneira de garantir a Flamengo e Corinthians, clubes que atualmente recebem mais da TV, que não sofram uma queda abrupta nas receitas.

A ideia é que os dois clubes tenham direito a essa porção maior de arrecadação por até cinco anos.

Esse período pode ser menor, caso as receitas cresçam o suficiente para garantir aos dois clubes um valor equivalente ao que ganham hoje.

A proposição, porém, é uma das principais divergências entre os clubes alinhados com a Libra e os times que integram a Liga Forte Futebol (LFF), contrários a dar um mínimo garantido a Flamengo e Corinthians.

Para se ter uma ideia da desigualdade atual, o time rubro-negro deve receber R$ 160 milhões pelo contrato de pay-per-view (PPV) de 2022.

Já o Corinthians deve ficar com R$ 110 milhões.

Juntos, os dois ganham R$ 270 milhões. 

Os demais 18 clubes, somados, recebem R$ 254,2 milhões.

Conceitos

No documento, a Libra estabeleceu os seis principais conceitos para a criação da liga brasileira em 2025, quando o atual contrato de direitos de transmissão com o Grupo Globo será encerrado:

Construção de um modelo de competição e organização entre os clubes sob um ponto de vista técnico e mercadológico;

Diminuição do gap financeiro entre os clubes no cenário nacional, bem como das equipes brasileiras em relação aos adversários internacionais;

Regra de transição elaborada para que os clubes não percam receita em relação ao modelo atual;

Subsídio para a Série B acima do praticado nas principais ligas internacionais, como forma de aumentar a competitividade no âmbito interno;

Mensuração da audiência com o objetivo de estimular os clubes a buscar cada vez mais engajamento de seus torcedores;

Aporte financeiro inicial como forma de financiar a entrada dos clubes em uma nova era do futebol brasileiro.

Esse pagamento pela adesão à Libra deve ser garantido pelo contrato que está prestes a ser assinado com a Mubadala Capital, que fez uma proposta de US$ 900 milhões (R$ 4,7 bilhões, na cotação atual) para adquirir 20% dos direitos comerciais da futura liga por 50 anos.

Os clubes estão em fase final de ajustes das cláusulas contratuais com a investidora e devem assinar o acordo nos próximos meses.

Mudança de modelo

A Libra defende que o modelo de distribuição de receitas passará de 40-30-30 para 45-30-25 a partir do momento que a liga arrecadar R$ 4 bilhões ao ano em direitos de mídia e publicidade.

Acredita-se que isso possa acontecer em um período curto, diante do interesse que gerará a criação da liga brasileira.

Hoje, o Brasileirão arrecada cerca de R$ 2,1 bilhões com direitos de transmissão.

Essa repartição do bolo é exemplificada no documento da Libra, que mostra que, atualmente, o campeão do Brasileirão recebe 10% da arrecadação por performance, enquanto os quatro clubes rebaixados não têm direito a nenhum tostão.

Pelo modelo da Libra, o campeão ficará com 9,5% do total distribuído para performance.

Já os times que caírem para a Série B receberão 1,25% desse total.

O modelo, porém, fará uma média da performance do clube nos últimos três anos.

A Libra defende essa ideia argumentando que servirá para promover maior sustentabilidade financeira dos clubes e previsão orçamentária.

Com o pagamento de valores ao longo do ano, esse modelo também melhoraria o capital de giro dos times.

Outra alegação é que também serviria como uma espécie de “dispositivo paraquedas”, pois suavizaria o impacto da queda de receita para clubes rebaixados.

Por outro lado, para quem subir da Série B, o repasse será menor, já que não contará com a média de performance dos dois anos anteriores na elite.

Para a Libra, o salto financeiro de quem subir da segunda divisão para a Série A do Brasileirão já compensaria essa diferença.

Série B

Outra proposta da Libra que ainda causa divergência com a LFF é na distribuição dos recursos para a Série B do campeonato.

A Libra propõe 15% da receita, argumentando que o modelo atual é de apenas 9,5%.

No documento, a liga também mostra que a LaLiga, que organiza o Campeonato Espanhol, dá apenas 10% à segunda divisão.

Já a Premier League, vista como a liga nacional de futebol mais igualitária e bem-sucedida do planeta, repassa 12% à Championship, a segunda divisão inglesa.

A LFF, no entanto, propõe um modelo de 20% para as Séries B e C.

Desse montante, 18% ficariam com a segunda divisão e 2% com a terceira.

Os integrantes da Libra argumentam que não faz sentido repassar valores à Série C, já que a liga brasileira organizará apenas os campeonatos da primeira e segunda divisões.

Normalmente, as divisões inferiores são geridas pela confederação nacional, no caso do Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Esses campeonatos são vistos como formas de fomentar o futebol nacional e uma maneira de descobrir novos talentos, já que possibilitam que mais jogadores possam atuar ao longo da temporada.

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