Sem Série A e Copa do Brasil,
Santos enfrentará caos financeiro em 2024
Clube não contará com as
premiações das duas competições que mais remuneram no país e ainda terá
restrições nas receitas de TV
Por Rodrigo Ferrari/Máquina do
Esporte
Nada neste mundo é tão ruim que
não possa piorar.
Depois de viver uma temporada
catastrófica em 2023, a qual se iniciou (em 29 de dezembro de 2022) com a dor
da perda de seu maior ídolo em todos os tempos, o Rei Pelé, que, comandando uma
legião de craques, ajudou a projetar o nome do clube ao redor do mundo, e
terminou com o rebaixamento inédito à Série B do Brasileirão, o Santos caminha
para enfrentar um caos financeiro em 2024.
A perda de receitas para o
próximo ano será significativa e agravada pela ausência do Peixe na Série A do
Brasileirão e também na Copa do Brasil, respectivamente as duas competições que
mais garantem faturamento aos clubes participantes.
Apenas considerando-se a
premiação em dinheiro e deixando de lado direitos de TV, ao cair para a Série B
o Santos deixará de ganhar no mínimo R$ 16 milhões, que é a quantia a ser paga
pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ao time que terminou em 16º lugar
na tabela na edição deste ano.
Esse montante caberá ao Bahia,
que obteve 44 pontos na classificação geral, um a mais que o Peixe, 17º
colocado, que, assim como os demais rebaixados, terminou o campeonato sem
prêmio em dinheiro.
Copa do Brasil
A Copa do Brasil é uma competição
que tem chamado a atenção dos torcedores, em tempos recentes, devido aos
prêmios milionários que oferece aos seus participantes, em especial ao
vencedor. Em 2023, o São Paulo, atual campeão, faturou R$ 70 milhões no jogo
decisivo e R$ 88,7 milhões ao longo da competição.
Essa premiação, vale lembrar,
engloba direitos comerciais e de TV da Copa do Brasil.
Os primeiros são negociados pela
empresa de marketing esportivo Brax, enquanto os últimos pertencem à CBF.
As somas repassadas aos clubes no
decorrer da competição representam, portanto, um percentual do dinheiro
arrecadado a partir dessas duas fontes de renda.
Já na Série A do Brasileirão, as
cotas de TV são negociadas individualmente pelos clubes.
A premiação paga pela CBF aos
times, nesse campeonato, é resultado de algumas parcerias comerciais que ela
firma, como a venda dos naming rights, hoje pertencentes à rede atacadista
Assaí.
Em 2024, o Santos também ficará
de fora da Copa do Brasil.
Isso porque as recentes mudanças
no regulamento da competição acabaram com as classificações baseadas no ranking
nacional da CBF.
Foi graças a esse índice que o
Santos conseguiu participar das duas últimas edições do torneio nacional.
A partir do ano que vem, o
ranking não poderá mais ser utilizado, já que o atual regulamento da competição
privilegia a classificação nos Estaduais e no Brasileirão.
O Paulistão conduziu cinco times
ao torneio nacional, mas o alvinegro terminou em 12º lugar neste ano.
A sexta vaga direta foi definida
pela Copa Paulista, cuja atual campeã é a Portuguesa Santista.
Outras duas vieram pela
movimentação da tabela do Brasileirão, mas ficaram com Corinthians e Botafogo/SP,
que alcançaram melhores posições no Paulistão 2023.
Restará ao Santos amargar mais
uma perda milionária de receitas.
Um levantamento publicado pela
Máquina do Esporte no mês passado indicou que o Peixe deixará de ganhar pelo
menos R$ 10 milhões por ficar de fora da Copa do Brasil 2024.
A projeção leva em conta as
premiações pagas pela CBF e também a bilheteria dos jogos em casa no decorrer
do torneio.
Além de São Paulo, Corinthians,
Botafogo-SP e Portuguesa Santista, os clubes paulistas garantidos na Copa do
Brasil do ano que vem são: Palmeiras, Água Santa, Red Bull Bragantino, Ituano e
São Bernardo.
Copa Sul-Americana
A péssima campanha no Brasileirão
deste ano fez com que, pela primeira vez desde 2016, o Santos fique de fora de
uma competição da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).
Em 2020, a equipe chegou a ser
finalista da Copa Libertadores, perdendo o título para o Palmeiras.
Nos últimos anos, o Santos vinha
sendo presença recorrente na Copa Sul-Americana.
Na edição de 2023, encerrou sua
participação ainda na fase de grupos, terminando em terceiro lugar na sua
chave, atrás de Newell’s Old Boys, da Argentina, e Audax Italiano, do Chile.
Essa simples figuração na
Sul-Americana garantiu ao Santos a quantia de US$ 1 milhão (R$ 4,9 milhões, na
cotação atual), sendo US$ 900 mil pela participação na fase de grupos e US$ 100
mil pela única vitória obtida no torneio.
Considerando-se que essa quantia
tende a ser reajustada anualmente pela Conmebol, a ausência na Copa
Sul-Americana poderá retirar pelo menos outros R$ 5 milhões dos cofres do
Peixe.
Isso sem contar a bilheteria dos
jogos em casa ou eventuais premiações maiores que o time receberia com uma
eventual classificação para as fases decisivas.
Quem ficou com a última vaga na
competição continental foi o Cruzeiro, que obteve quatro pontos a mais que o
Santos na Série A e terminou em 14º lugar na tabela.
Isso depois de haver passado boa
parte do campeonato lutando para não cair.
Direitos de TV
Os direitos de TV estão entre as
principais fontes de receita dos clubes. Hoje, esse assunto também representa
uma dor de cabeça para o Santos.
Em tese, o clube praiano teria
direito a receber R$ 40 milhões pela participação no Paulistão 2024, quantia
que é oferecida a cada um dos quatro clubes de maior torcida do estado de São
Paulo.
No entanto, a informação atual é
de que o Peixe teria recebido, já em 2023, um adiantamento de R$ 30 milhões,
relativo a esse montante que deveria ser pago no ano que vem.
Dessa forma, restariam apenas R$
10 milhões dos direitos de TV do Estadual de 2024.
No caso do Brasileirão, o atual
contrato com a Globo dá aos clubes rebaixados à Série B a possibilidade de
abrirem negociação para a venda de seus direitos de transmissão a outros grupos
ou optarem pela receita estipulada no pay-per-view.
No Santos, essa quantia, hoje,
está na casa dos R$ 11,5 milhões, o equivalente a 3,1% do montante que a
emissora destina para todos os clubes que participam da divisão desse bolo.
Além dessas cotas de TV, o clube
também terá receitas com seus patrocínios de camisa e demais parcerias
comerciais.
O Santos foi questionado pela
Máquina do Esporte a respeito da possibilidade das marcas que atualmente estão
com o clube permanecerem para o ano que vem.
Porém, até o fechamento desta
matéria, a pergunta não havia sido respondida.
O Santos também não se pronunciou
sobre como ficarão as receitas de TV, assim como em relação ao planejamento
financeiro para o ano que vem.
Vale lembrar que o clube está às
vésperas de uma eleição para a escolha do sucessor do atual presidente, Andrés
Rueda, que não concorrerá à reeleição.
A votação será realizada no
próximo sábado (9), e o mandato terá três anos de duração.