quinta-feira, novembro 01, 2012

A FIFA não é santa, mas não foi ela que veio implorar para realizar uma copa no Brasil...




Não sou daqueles que ficam choramingando as concessões obtidas pela FIFA junto ao governo federal...

A FIFA não é um mascate que bate de porta em porta “vendendo seu produto”, muito pelo contrário...
São os interessados no produto que vão ao seu encontro, ansiosos.

Por esta razão, a posição do “vendedor” é extremamente confortável diante do “cliente”.

É público e notório o famoso Caderno de Intenções...

Nele, estão contidos todos os compromissos que devem ser assumidos pelo feliz “comprador”...

Na verdade, os tais compromissos, são exigências – repare: não estamos falando de solicitações ou proposições –, é pegar ou largar.

Simples assim.

Pessoalmente, sou contra a Copa do Mundo no Brasil.

Tenho sérias dúvidas sobre os tais legados, tenho sérias dúvidas se o Brasil estará pronto para dar continuidade às conquistas que certamente o evento trará na divulgação turística do país.

Natal por exemplo, nada tem a oferecer aos turistas que não seja alguns bons hotéis, meia dúzia de ótimos restaurantes – se tantos – uns showzinhos meia boca, um artesanato que nada tem de local, pois qualquer um que tenha viajado pelo nordeste, sabe que o artesanato que se encontra aqui, é encontrado, igualzinho em qualquer outra capital da região...

No mais, é praia, praia e mais praia...

Todas linda, diga-se de passagem.

Por outro lado, dinheiro público é ou pelo menos deveria ser gasto no interesse público...

Financiar projetos privados de curtíssima duração e voltados apenas para o entretenimento me parece um tanto fútil, principalmente num país onde a saúde é de péssima qualidade, a segurança pública é uma ficção, a educação é uma balela, onde a quantidade se sobrepõe a qualidade, somados a todos os eteceteras cabíveis.

Portanto, não me espanta que a Câmara dos Deputados tenha aprovado a isenção do pagamento do ISS (Imposto Sobre Serviços) em favor da FIFA.

O projeto segue agora para o Senado e sem mais delongas, será enviado para a sanção presidencial.

Não me espanta que outros R$ 560 milhões em isenções tenham sido presenteados a FIFA...

Mesmo que se saiba que a FIFA tenha afirmado que embolsará US$ 3,5 bilhões de lucros com a Copa do Mundo de 2014.

A FIFA não enganou ninguém...

Se houve alguém engando, esse alguém foi o povo brasileiro que como sempre, acreditou nas palavras do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva que afirmou que a Copa do Mundo no Brasil não teria nenhum centavo aplicado na construção de estádios.

"Imaginem o que nós vamos ter que construir de obras de infraestrutura, o que a iniciativa privada vai ter que construir de palcos para os eventos"...

Lula, durante a assinatura das garantias governamentais exigidas pela FIFA.

Discurso corroborado pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira a quem Lula trava com todos os mimos.

Veja – Obras de saneamento, extensão de metrôs, investimentos em estradas, segurança pública...

TeixeiraVamos por partes. Um pedaço desses 6 bilhões estimados será investido pela iniciativa privada. É o dinheiro privado que erguerá hotéis em várias cidades, por exemplo. Ou fará a reforma do Morumbi, que é do São Paulo. Assim como a do Maracanã e a do Mineirão – os governadores Sérgio Cabral e Aécio Neves já disseram que farão parcerias público-privadas para a remodelação desses estádios. Por outro lado, não se pode raciocinar sob hipótese alguma colocando algumas obras públicas como um gasto. O que vai ocorrer é antecipação de investimentos. Em 1978, a Argentina não tinha televisão colorida. Por causa da Copa, os argentinos foram obrigados a fazer toda a estrutura de televisão colorida. Anteciparam todo esse projeto em seis anos. Será a mesma coisa conosco. Em Brasília, por exemplo. Lá, o governador (José Roberto) Arruda quer fazer o metrô, do aeroporto até o estádio Mané Garrincha. É o que ele disse: "Ricardo, é uma antecipação do que já seria feito". Ao aplicar em hospital, transporte, saneamento básico, estradas, enfim, o que está se fazendo é antecipar os investimentos. Quanto à segurança, será feito simplesmente aquilo que já é obrigação do estado. Faço questão absoluta de garantir que a de 2014 será uma Copa em que o poder público nada gastará em atividades desportivas.


“Os estádios para a Copa do Mundo serão construídos com dinheiro privado. Não haverá um centavo de dinheiro público para os estádios”...

Orlando Silva, então Ministro dos Esportes em dezembro de 2007.


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