sexta-feira, março 01, 2013

José Lira: OLHA O GOL!!! - Cinquenta anos honrando o rádio.

Imagem: AP/Vadim Ghirda/ Arte: Fernando Amaral


Em 1962, eu tinha sete anos, morava em Fortaleza, na Rua José Vilar, na Aldeota e o mundo para mim era azul...

Hoje, Fortaleza ainda está na minha memória não como a capital do Estado em que nasceram minha avó, meu pai e seus irmãos...

É mais que a cidade onde minha irmã viu a luz...

Fortaleza ainda é em minha memória um lugar azul.

Em 1962, um pouco mais abaixo, em terras vizinhas, um rapazola atravessou as portas da Rádio Poty, e começou uma carreira que perdura até os dias de hoje...

Seu nome, José Lira, sua função, “Plantão Esportivo”.

27 anos depois desembarquei em Natal, não conhecia ninguém, não sabia o nome de nenhuma rua, mas um dia ao ligar o rádio num domingo na pequena varanda do Hotel Farol em Areia Preta, para matar a saudade de ouvir o bom velho futebol, ouvi um nome familiar...

Esse nome veio depois de um bordão, que dizia: OLHA O GOL...

Era José Lira.

Lembrei na hora...

Havia ouvido seu nome aos 17 anos, em 1972, nas transmissões da rádio Tupi do Rio de Janeiro, durante a Mini Copa realizada no Brasil.

Foi um momento muito especial para mim...

Afinal, eu conhecia alguém em Natal.

Minha primeira reação foi tentar descobrir onde ficava a rádio Globo, pensei em ir até lá e dizer: 

“Olá, meu nome é Fernando, ouvi você em 72, estou chegando aqui e vim conhecê-lo pessoalmente”.

Depois, o impulso foi refreado pela razão e pelo medo de ser ridículo.

Não fui, mas continuei a ouvir os jogos pela rádio Globo, pois me confortava saber que em Natal, tinha alguém cuja voz era conhecida.

O tempo passou e acabei me envolvendo em publicidade, jornalismo, radialismo e meus planos de trabalhar às 6 horas obrigatórias e flanar o restante do tempo pelas praias e pelas ruas de Natal acabaram.

Meus planos fracassaram...

Passei a trabalhar não seis horas, mais 10, 12...

Sei lá.
Engraçado, mas meus planos nunca dão certo – devo ser um péssimo planejador e, talvez por isso, parei de planejar.

Um dia, me vejo no rádio...

Um dia, me deparo frente a frente com José Lira.

Não como um admirador, mas como um “igual”...

Colegas de trabalho.

O coleguismo durou pouco, quase nada...

Zé Lira, já podia chamá-lo assim, se tornou um amigo...

E para meu espanto, me disse que me admirava e respeitava.

Foi o meu terceiro prêmio em Natal.

Nenhum deles pode ser exibido, mais poucos por aqui o possuem.

Rubens Lemos, sinto saudade dele – certa vez numa cadeira do Machadão, me disse: 

“Gosto do seu estilo e gosto da forma como você se comporta... vá em frente, mas procura aprender um pouco mais”.

Rubens morreu pouco tempo depois...

Ainda estou procurando aprender, mestre Rubens.

Lute Lopes, outro de quem sinto falta, numa matéria publicada no jornal “Tribuna do Norte”, disse com todas as letras que me considerava um excelente comentarista...

Guardo o jornal até hoje como um troféu.

Feito esse parêntesis ou como dirão alguns, esse intervalo comercial (risos), volto ao assunto que me motivou escrever essas linhas.

José Lira.

Hoje, somos amigos...

E eu, poderia como tal, derramar elogios ao profissional, mas não vou.

Zé Lira não precisa deles...

É maior que eles...

Tenho absoluta certeza disso.

Só não vou me furtar de dizer umas poucas palavrinhas sobre o homem...

Lira é decente, é honrado, é leal, é amigo...

Lira é humilde sem ser submisso...

É bondoso sem ser piegas...

É comprometido com seu trabalho sem ser chato...

É respeitoso sem rastejar...

É um homem que vale a pena conhecer.

Ah, Lira tem defeitos...

Muitos... 

Creio eu...

Como também os tenho, não posso cobrar pureza de ninguém.

Pois bem, encerro por aqui...

Estou feliz por poder escrever sobre o cinquentenário de José Lira no rádio Potiguar e saber que ele vai ler...

Estou feliz por poder ter conhecido José Lira e por fim, estou feliz por ele ter me honrado com sua amizade.

Parabéns mestre, parabéns amigo...

Obs: deixe um espaço em sua agenda, pois vou levá-lo a UFRN para sentar diante de 50 meninos e meninas e contar para esses alunos da disciplina de Jornalismo Esportivo ministrada pelo Professor Ruy Rocha, sua história e a história do rádio de Natal.

Parabéns Rádio Globo, pelo respeito que sempre teve por seus profissionais.


3 comentários:

Anônimo disse...

Basta o mais breve diálogo para percebermos o quanto José Lira é um cara de caráter, um cara da paz. José Lira é um exemplo de profissional como poucos. Atencioso, carismático, respeitador e cordial. Entre tantas qualidades.
Ao completar 50 anos de rádio, nos cabe parabenizá-lo e parabenizar também o rádio por ter entre seus profissionais pessoa tão especial e singular.
Parabéns Fernando Amaral pela homenagem e ao "Zé Lira" por atingir tão representativa marca e ser um diferencial no plantão esportivo da radiofonia brasileira.
ADAIL PIRES

MÚSICA F. C. ! A VOZ DAS ARQUIBANCADAS. disse...

ÓTIMO TEXTO. Parabéns Fernando.

MÚSICA F. C. ! A VOZ DAS ARQUIBANCADAS. disse...

ÓTIMO TEXTO. Parabéns Fernando.