quarta-feira, março 06, 2013

Peço licença para não falar de futebol...



Hugo Chávez morreu...

Oficialmente, morreu ontem.

Seus prepostos como era de se esperar tentaram manter as aparências enquanto o presidente da Venezuela agonizava no Hospital Militar de Caracas...

Não os condeno, seguiram a velha cartilha de seus pares socialistas da velha União Soviética e de seus satélites...

Quem viveu, assim como eu, os anos 60 e 70, sabem como morrer era difícil para qualquer líder da cortina de ferro...

No entanto, esconder o fim próximo de um líder ou chefe de estado, não era privilégio dos comunistas... 

Ditaduras, regimes autoritários e seus afins, costumavam e ainda costumam esperar por algum milagre que mantenha seu líder entre os vivos ou então, adiam o anúncio do fim próximo de seus comandantes, na tentativa de que o substituto indicado pelo moribundo vença com ou sem o uso de “convincentes argumentos”, as "hienas" que ao pressentirem o cheiro da morte cercam o cadáver e seu ungido numa encarniçada disputa pelo botim.

Quando o Marechal Arthur da Costa e Silva, então presidente do Brasil adoeceu, os militares trataram de arrumar todas as desculpas possíveis, enquanto aguardavam o desfecho...

Em minha casa, o fim não era segredo...

O piloto do avião presidencial que levou o presidente para o Rio de Janeiro era amigo de meu pai e na mesma noite, ligou para meu velho e disse:

“Gilmar, o “homem” teve uma trombose cerebral. Está nas últimas. Se prepare, vai dar merda”.

Lembro que ao desligar, meu pai ligou para meu avô e disse: “o Costa está morto, vem confusão por aí”.

O jogo de gato e rato durou uma semana...

Na verdade, Costa e Silva, morreu no dia 17 de dezembro de 1969.

Bem, eu não comungava com Hugo Chávez...

Na verdade, o achava um bufão histriónico, mas ao saber de sua morte, não senti nenhum contentamento...

Não faz parte de minha natureza sentir satisfação com a dor, o sofrimento ou a morte de quem quer que seja.

Lamento por sua família e espero que a Venezuela consiga superar com equilíbrio e bom senso o vazio deixado por ele.

O texto abaixo é o que penso sobre os homens que comandaram e ainda vão comandar por muito tempo esse belo e desamparado continente.

Pacha Mama a farsa

A América Latina e suas falsificações...

Um dia me foi dito que este continente descoberto e explorado pela ganância de portugueses e espanhóis, conquistou sua liberdade embalado pelos sonhos libertários de Simon Bolívar, Bernardo O’Higgins, Dom Pedro I e outros...

Mas, que com o passar do tempo, cruelmente os ideais de liberdade desses homens foram substituídos por ditaduras boquirrotas e seus ditadores caricatos.

Seus exércitos que deveriam servir como fonte inspiradora e suas tropas como barreiras a qualquer ameaça, acabaram servindo a generais estúpidos, corruptos e sanguinários.

Por longo tempo acreditei nessa doce fantasia...

Até que um dia fui buscar conhecer melhor esses senhores...

Quem na verdade eram esses senhores, os “heróis” em cujas mãos tremulavam as bandeiras libertárias?

Bernardo O’Higgins governou com plenos poderes até que o Chile ficou desacreditado no exterior por falta de instituições democráticas.

Então ordenou que os governadores enviassem deputados para a formação de um congresso.

Mas não qualquer deputado, e sim, os que ele já havia escolhido prévia e secretamente.

Então O’Higgins, fazendo teatro, renunciou frente ao congresso, que, por unanimidade, rejeitou seu pedido e confirmou seu mandato de Diretor Supremo.

D. Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte que queria diminuir seus poderes.

E de um modo nada sutil: cercou-a com soldados e canhões.

Depois, ele mesmo, com a ajuda de sua camarilha, elaborou uma constituição.

Foi quando instituiu o Poder Moderador, que era exercido exclusivamente por ele e se colocava acima dos outros três poderes, tornando-o praticamente um ditador.

Simón Bolívar, o inspirador de Hugo Chávez, quando governava o Peru, em 1826 decretou que os colégios eleitorais das províncias deveriam aprovar a constituição elaborada por ele mesmo, que por coincidência o nomeava como Presidente Vitalício do país.

Na verdade, continente paraíso nunca conseguiu produzir uma resposta satisfatória para os anseios de liberdade e democracia plena...

Se os generais se transformaram em fantoches de uma elite retrógada e fascista, seus opositores eram caixas de ressonância do leninismo, do stalinismo e do maoísmo.

Se a direita produziu um Pinochet, a esquerda produziu um Fidel e juntos, eles produziram um imenso quadro de miséria e desesperança...

Hoje caminhamos em mãos temerárias de populistas rotos que oferecem migalhas como se renda fosse, e criam à expectativa de que a indolência amparada é o caminho para a felicidade.

Pobre América Latina, pobre povo que a habita, pobres lideres nascidos sob a égide da arrogância, da ganância e da mentira fantasiosa de que seremos um dia, iguais.

Seremos isto sim, consumidos pela boca faminta do monstro abissal que existe em cada político dessas terras, cuja fome de poder é insaciável e cujo único objetivo é espoliar sua gente crédula e ignorante.


Nenhum comentário: