Hugo Chávez morreu...
Oficialmente, morreu ontem.
Seus prepostos como era de se
esperar tentaram manter as aparências enquanto o presidente da Venezuela
agonizava no Hospital Militar de Caracas...
Não os condeno, seguiram a velha
cartilha de seus pares socialistas da velha União Soviética e de seus
satélites...
Quem viveu, assim como eu, os
anos 60 e 70, sabem como morrer era difícil para qualquer líder da cortina de
ferro...
No entanto, esconder o fim
próximo de um líder ou chefe de estado, não era privilégio dos comunistas...
Ditaduras, regimes autoritários e
seus afins, costumavam e ainda costumam esperar por algum milagre que mantenha
seu líder entre os vivos ou então, adiam o anúncio do fim próximo de seus
comandantes, na tentativa de que o substituto indicado pelo moribundo vença com
ou sem o uso de “convincentes argumentos”, as "hienas" que ao pressentirem o
cheiro da morte cercam o cadáver e seu ungido numa encarniçada disputa pelo botim.
Quando o Marechal Arthur da Costa
e Silva, então presidente do Brasil adoeceu, os militares trataram de arrumar
todas as desculpas possíveis, enquanto aguardavam o desfecho...
Em minha casa, o fim não era
segredo...
O piloto do avião presidencial
que levou o presidente para o Rio de Janeiro era amigo de meu pai e na mesma
noite, ligou para meu velho e disse:
“Gilmar, o “homem” teve uma
trombose cerebral. Está nas últimas. Se prepare, vai dar merda”.
Lembro que ao desligar, meu pai
ligou para meu avô e disse: “o Costa está morto, vem confusão por aí”.
O jogo de gato e rato durou uma
semana...
Na verdade, Costa e Silva, morreu
no dia 17 de dezembro de 1969.
Bem, eu não comungava com Hugo
Chávez...
Na verdade, o achava um bufão
histriónico, mas ao saber de sua morte, não senti nenhum contentamento...
Não faz parte de minha natureza sentir
satisfação com a dor, o sofrimento ou a morte de quem quer que seja.
Lamento por sua família e espero
que a Venezuela consiga superar com equilíbrio e bom senso o vazio deixado por
ele.
O texto abaixo é o que penso
sobre os homens que comandaram e ainda vão comandar por muito tempo esse belo e
desamparado continente.
Pacha Mama a farsa
A América Latina e suas
falsificações...
Um dia me foi dito que este
continente descoberto e explorado pela ganância de portugueses e espanhóis,
conquistou sua liberdade embalado pelos sonhos libertários de Simon Bolívar,
Bernardo O’Higgins, Dom Pedro I e outros...
Mas, que com o passar do tempo,
cruelmente os ideais de liberdade desses homens foram substituídos por
ditaduras boquirrotas e seus ditadores caricatos.
Seus exércitos que deveriam
servir como fonte inspiradora e suas tropas como barreiras a qualquer ameaça,
acabaram servindo a generais estúpidos, corruptos e sanguinários.
Por longo tempo acreditei nessa
doce fantasia...
Até que um dia fui buscar
conhecer melhor esses senhores...
Quem na verdade eram esses
senhores, os “heróis” em cujas mãos tremulavam as bandeiras libertárias?
Bernardo O’Higgins governou com
plenos poderes até que o Chile ficou desacreditado no exterior por falta de
instituições democráticas.
Então ordenou que os governadores
enviassem deputados para a formação de um congresso.
Mas não qualquer deputado, e sim,
os que ele já havia escolhido prévia e secretamente.
Então O’Higgins, fazendo teatro,
renunciou frente ao congresso, que, por unanimidade, rejeitou seu pedido e
confirmou seu mandato de Diretor Supremo.
D. Pedro I dissolveu a Assembleia
Constituinte que queria diminuir seus poderes.
E de um modo nada sutil: cercou-a
com soldados e canhões.
Depois, ele mesmo, com a ajuda de
sua camarilha, elaborou uma constituição.
Foi quando instituiu o Poder
Moderador, que era exercido exclusivamente por ele e se colocava acima dos
outros três poderes, tornando-o praticamente um ditador.
Simón Bolívar, o inspirador de
Hugo Chávez, quando governava o Peru, em 1826 decretou que os colégios
eleitorais das províncias deveriam aprovar a constituição elaborada por ele
mesmo, que por coincidência o nomeava como Presidente Vitalício do país.
Na verdade, continente paraíso
nunca conseguiu produzir uma resposta satisfatória para os anseios de liberdade
e democracia plena...
Se os generais se transformaram
em fantoches de uma elite retrógada e fascista, seus opositores eram caixas de
ressonância do leninismo, do stalinismo e do maoísmo.
Se a direita produziu um
Pinochet, a esquerda produziu um Fidel e juntos, eles produziram um imenso
quadro de miséria e desesperança...
Hoje caminhamos em mãos
temerárias de populistas rotos que oferecem migalhas como se renda fosse, e
criam à expectativa de que a indolência amparada é o caminho para a felicidade.
Pobre América Latina, pobre povo
que a habita, pobres lideres nascidos sob a égide da arrogância, da ganância e
da mentira fantasiosa de que seremos um dia, iguais.
Seremos isto sim, consumidos pela
boca faminta do monstro abissal que existe em cada político dessas terras, cuja
fome de poder é insaciável e cujo único objetivo é espoliar sua gente crédula e
ignorante.
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