A taça que o América levou para
sua sala de troféus e que corresponde a conquista da Copa Cidade do Natal
(Primeiro Turno do Campeonato Potiguar), homenageou Ribamar Cavalcante...
Nada poderia ser mais justo.
Não vou me deter na história de
Ribamar, quem o conhece é sabedor de suas virtudes e do quão agradável é estar
ao seu lado e conversar com ele...
Íntegro até o último fio de
cabelo, prestativo, amigo, leal, decente e incapaz de prejudicar a quem quer
que seja, é um raro exemplo a ser apontado.
Porém, sem sua permissão, é
claro, vou contar uma pequena passagem desse cidadão fantástico...
Eu trabalho na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte e lá, entre os afazeres diários, costumo ter um
contato muito próximo com os estudantes de comunicação.
Uma tarde, fui procurado por um
estudante, estagiário da TV Universitária...
Queria me falar sobre seu TCC, me
mostrar o que já tinha feito e pedir sugestões.
De pronto, sentei e ouvi o que
planejava e fiquei a par dos primeiros passos que havia dado.
O TCC tinha como tema, o
América...
Falava da história do clube, das conquistas,
das derrotas, dos personagens importantes (grandes jogadores, treinadores e
dirigentes), mas fundamentalmente, estava focado na imensa contribuição do
clube para a história do futebol do Rio Grande do Norte e da região nordeste.
Dei alguns “pitacos”, mas o
alertei que seria necessário buscar mais informações...
Documentos, seriam importantes...
porém, ouvir pessoas, certamente ajudaria muito.
O aluno concordou e pediu
nomes...
Sugeri alguns e, entre eles, Ribamar
Cavalcante.
De posse desses nomes, o jovem
foi a luta e começou a buscar meios de encontrar essa turma e marcar
entrevistas...
Passados alguns dias voltamos a
nos ver e ele me informou que já tinha conseguido marcar alguns encontros e que
entre os agendados estava Ribamar.
Fim do primeiro ato
Creio que se passaram uns dois
meses – não sei ao certo, mas na posse do presidente Beto Santos encontrei
Ribamar e acabei lhe perguntando se o estudante o havia procurado...
Sim, disse Ribamar.
- “Ele foi lá em casa e conversamos durante todo o período da tarde.
Acho que ele ficou satisfeito”.
Continuamos a conversa e Ribamar
acrescentou...
- “Mas, Fernando, o menino tem uma vida muito difícil. Porém, é
esforçado e me pareceu muito dedicado... estou torcendo para que ele tenha
sucesso”.
Fim do segundo ato
Com aquela conversa em mente,
procurei o aluno na redação do TVU Notícias e o chamei para um papo...
Todo feliz, ele me falou sobre o
encontro com Ribamar.
- “Nossa, Fernando, ele é um cara muito legal. Me recebeu super bem,
foi extremamente paciente, respondeu todas as perguntas e foi extremamente
generoso”...
O generoso me chamou atenção e eu
perguntei o que significava – meio que envergonhado, o estudante me contou.
- “Bem, Fernando, você sabe que eu venho de uma família muito pobre e
que faço um esforço pessoal muito grande para estar aqui... Moro em Felipe
Camarão e nem sempre tenho grana para passagem, comida e essas coisas”.
- “No dia que fui à casa do senhor Ribamar, saí da UFRN às pressas em nem
tive tempo de comer nada”.
Baixou a cabeça e completou...
- “Acho que ele percebeu que eu estava meio “amarelo” de fome, parou a
conversa, saiu, demorou um pouco e voltou com um lanche. Fernando, que
alívio!!!”
- “Daí continuamos a conversa. Já escuro, me despedi e quando estava
para seguir meu caminho, ele me perguntou como eu ia para casa. De ônibus,
respondi. Imediatamente ele me mandou esperar, pegou a chave de seu carro e me
disse... ‘Bem, eu tenho mesmo que sair, te dou uma carona’. Fiquei todo errado”.
E o que ele fez quando você disse
que ia para Felipe Camarão, perguntei...
- “Nada... Continuou a conversar como se nada tivesse acontecido e me
deixou na porta de casa. Nunca ninguém tinha feio algo assim”, concluiu.
Eu ri e disse: Esse é o Ribamar.
Fim do terceiro ato
Pois bem...
Ribamar Cavalcante, de
entrevistado, passou a entrevistador e sem que o menino percebesse tirou dele
informações e um história de vida – ensinou e aprendeu e no fim, deu mais uma
lição de grandeza.
Fim...
Fecham-se as cortinas.
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