terça-feira, março 01, 2016

A Taça do América, o homenageado e uma história para contar...

A taça que o América levou para sua sala de troféus e que corresponde a conquista da Copa Cidade do Natal (Primeiro Turno do Campeonato Potiguar), homenageou Ribamar Cavalcante...

Nada poderia ser mais justo.

Não vou me deter na história de Ribamar, quem o conhece é sabedor de suas virtudes e do quão agradável é estar ao seu lado e conversar com ele...

Íntegro até o último fio de cabelo, prestativo, amigo, leal, decente e incapaz de prejudicar a quem quer que seja, é um raro exemplo a ser apontado.

Porém, sem sua permissão, é claro, vou contar uma pequena passagem desse cidadão fantástico...

Eu trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e lá, entre os afazeres diários, costumo ter um contato muito próximo com os estudantes de comunicação.

Uma tarde, fui procurado por um estudante, estagiário da TV Universitária...

Queria me falar sobre seu TCC, me mostrar o que já tinha feito e pedir sugestões.

De pronto, sentei e ouvi o que planejava e fiquei a par dos primeiros passos que havia dado.

O TCC tinha como tema, o América...

Falava da história do clube, das conquistas, das derrotas, dos personagens importantes (grandes jogadores, treinadores e dirigentes), mas fundamentalmente, estava focado na imensa contribuição do clube para a história do futebol do Rio Grande do Norte e da região nordeste.

Dei alguns “pitacos”, mas o alertei que seria necessário buscar mais informações...

Documentos, seriam importantes... porém, ouvir pessoas, certamente ajudaria muito.

O aluno concordou e pediu nomes...

Sugeri alguns e, entre eles, Ribamar Cavalcante.

De posse desses nomes, o jovem foi a luta e começou a buscar meios de encontrar essa turma e marcar entrevistas...

Passados alguns dias voltamos a nos ver e ele me informou que já tinha conseguido marcar alguns encontros e que entre os agendados estava Ribamar.

Fim do primeiro ato

Creio que se passaram uns dois meses – não sei ao certo, mas na posse do presidente Beto Santos encontrei Ribamar e acabei lhe perguntando se o estudante o havia procurado...

Sim, disse Ribamar.

- “Ele foi lá em casa e conversamos durante todo o período da tarde. Acho que ele ficou satisfeito”.

Continuamos a conversa e Ribamar acrescentou...

- “Mas, Fernando, o menino tem uma vida muito difícil. Porém, é esforçado e me pareceu muito dedicado... estou torcendo para que ele tenha sucesso”.

Fim do segundo ato

Com aquela conversa em mente, procurei o aluno na redação do TVU Notícias e o chamei para um papo...

Todo feliz, ele me falou sobre o encontro com Ribamar.

- “Nossa, Fernando, ele é um cara muito legal. Me recebeu super bem, foi extremamente paciente, respondeu todas as perguntas e foi extremamente generoso”...

O generoso me chamou atenção e eu perguntei o que significava – meio que envergonhado, o estudante me contou.

- “Bem, Fernando, você sabe que eu venho de uma família muito pobre e que faço um esforço pessoal muito grande para estar aqui... Moro em Felipe Camarão e nem sempre tenho grana para passagem, comida e essas coisas”.

- “No dia que fui à casa do senhor Ribamar, saí da UFRN às pressas em nem tive tempo de comer nada”.

Baixou a cabeça e completou...

- “Acho que ele percebeu que eu estava meio “amarelo” de fome, parou a conversa, saiu, demorou um pouco e voltou com um lanche. Fernando, que alívio!!!”

- “Daí continuamos a conversa. Já escuro, me despedi e quando estava para seguir meu caminho, ele me perguntou como eu ia para casa. De ônibus, respondi. Imediatamente ele me mandou esperar, pegou a chave de seu carro e me disse... ‘Bem, eu tenho mesmo que sair, te dou uma carona’. Fiquei todo errado”.

E o que ele fez quando você disse que ia para Felipe Camarão, perguntei...

- “Nada... Continuou a conversar como se nada tivesse acontecido e me deixou na porta de casa. Nunca ninguém tinha feio algo assim”, concluiu.

Eu ri e disse: Esse é o Ribamar.

Fim do terceiro ato

Pois bem...

Ribamar Cavalcante, de entrevistado, passou a entrevistador e sem que o menino percebesse tirou dele informações e um história de vida – ensinou e aprendeu e no fim, deu mais uma lição de grandeza.

Fim...

Fecham-se as cortinas.

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